Infinita Primavera

in your heart

Confessei-lhe diversas vezes o meu amor, mesmo que em pensamentos, na esperança de que escutasse os gritos que dava o meu coração, onde quer que você estivesse, e percebi então que, apesar de não te conhecer, eu pertencia à ti.
Eu pertencia à cada parte sua, estas que encaixavam-se com tamanha maestria à cada parte minha, que manter-me longe era quase impossível, não fosse pelo doce som da tua voz, que me levava para tão distante; não fosse pelo brilho dos teus olhos, que extasiavam-me de súbita forma, fazendo com que minha alma viajasse pelo mais belo jardim, aquele que teu coração criara, onde todos os dias eram primavera.

Embora o tempo há de passar, embora longe de mim estejas, nossos corações batem em sincronia, criando uma bela melodia jamais tocada antes. Este é o nosso amor.
E o nosso amor é tão puro e colorido, com cores tão vivas quanto os teus sentimentos, que afloram à cada toque, fazendo-te arrepiar-se por inteiro no mais simples gesto de ternura, que agora tenho a prazerosa oportunidade de apreciar.
Me permito por um instante observar-te em silêncio, e, confesso que nunca fui boa em desenhar, mas desde que o conheci sinto uma enorme necessidade de pinta-lo.
Sim, é verdade. Talvez eu devesse pinta-lo, expor em um museu o desenho do teu rosto, ou guardar apenas para mim o monumento criado a fim de perpetuar a memória da mais bela criatura, se é que existe em mim algum talento para tal feito.

Vivendo neste mundo utópico do qual por muito me recursei a acordar, que somente existia pelo fato de que eu precisava de algo para distrair-me da completa solidão que me encontrava quando longe dos teus braços, antes tão acolhedores que me abrigavam como moradia, agora abrigando a si próprio pela extrema falta das cores, que já não estavam mais la.
E a primavera, assim como todas as outras estações, teve de partir, levando você com ela, me deixando sozinha naquele início de verão, sedenta pela tua falta, intrigada pela tua ida.

Oh, Sunghoon, como eu gostaria de ter passado aquele verão do teu lado! E então talvez, ou melhor, digo com toda a certeza que há em meu peito, que a chegada do inverno depois do sôfrego outono não teria sido tão difícil, mas o vento congelante se fez presente, e eu pude sentir o arranhar em minha pele, enquanto meus cabelos eram jogados para trás com uma força quase que sobrehumana, porque meus pensamentos sempre iriam até você, tanto que havia me esquecido que os invernos que antecederam este foram igualmente difíceis.

Mas não é culpa tua, afinal, que tenhas de partir, porque aqui já é inverno, e no teu coração a primavera nunca chegara ao seu fim.