A sociedade das abelhas que amam

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Aprendi que as abelhas amam, então decidi escrever este capítulo.Espero que vocês gostem e muito obrigada por toda consideração nos capítulos anteriores. Nos vemos lá embaixo! <3


(...) 

Capítulo III

A sociedade das abelhas que amam


Hinata estava na cozinha e terminava de passar o café quando o seu avô chegou, correndo, com um livro na mão. Kazuya era uma figura e tanto. Os cabelos brancos e lisos estavam desgrenhados e chegavam até a metade de seu pescoço, o que fez Hinata se notificar mentalmente de que deveria cortá-los. Ele ainda estava de pijama, que era constituído de uma calça de moletom larga xadrez e uma blusa de botões da mesma estampa, além do chinelo nos pés. O idoso carregava um sorriso amarelo no rosto, porque os seus dentes foram desgastados pelo tempo. Tudo nele gritava o tempo: desde os olhos, cinzas claros, quase brancos, como o de todos os Hyuuga, contornados por olheiras de cansaço até as rugas na pele de seu rosto ao nariz, que era bem grande. Ainda sim, ela o enxergava como a pessoa mais linda do mundo inteiro. Tanto ele quanto Hanabi. Sorriu ao vê-lo.

— Vamos, abelhinha, vamos!

— Para onde, vô? — Perguntou, confusa, mas rindo do apelido. Em seguida, fechou a garrafa térmica e a levou até a mesa, colocando-a por cima de um pano para não deixar marcas.

— Ver as abelhas, é claro.

— Vô, o senhor esqueceu que hoje eu tenho aula? Não posso ir ver as abelhas.

— Tem aula, é? — Ele coçou o queixo com a barba por fazer e sua expressão se contorceu pouco a pouco, até virar uma careta insatisfeita. — Que coisa chata essa, melhor faltar. Eu detestava ir à escola quando era mais novo. Nunca fui bom em fazer amigos. Às vezes, matava a aula no sítio do meu tio e o ajudava a levar as vacas pra pastar.

— Meu pai vai me matar se souber. — Riu com o comentário.

— O seu pai é outro chato.

Aquilo fez Hinata dar risada. Sentou-se na mesa e colocou o café na xícara, depois pegou uma torrada, passando manteiga nela. Admirou novamente o avô e sua coragem brilhante, aquele tipo de pessoa que sempre buscava se aventurar na vida. Quão mais velho alguém ficava, mais sincero ele se tornava e a Hyuuga admirava aquilo, de certa forma. Kazuya nunca parecia ter nada a esconder e podia ser bem arisco quando Hiashi tentava forçar nele as regras que tinha criado para a própria vida. Embora fossem pai e filho, os dois eram muito diferentes, principalmente depois que sua mãe morreu, já que, a partir disso, seu progenitor virou um poço de amargura. Mal o via, para ser sincera.

— Vem, senta aqui e toma café comigo. — Ela disse e Kazuya se rendeu. Pegou uma xícara de café e sentou-se ao lado da neta, enquanto lia o seu livro sobre a linguagem das abelhas. — Shizune vai vir hoje?

— Ah! — Ele murmurou. — Essa mulher é uma chata! Tanto ela quanto o seu pai ficam me obrigando a tomar remédio. Que cacete de remédio! Não preciso disso.

— Mas é bom tomar, vai fazer bem pro senhor.

— E você, minha querida, já viu alguém mais saudável do que eu?

Ela negou com a cabeça, rindo mais uma vez. Shizune era um amor de pessoa e era a enfermeira que seu pai tinha contratado para cuidar de seu avô. A verdade é que ele a adorava, embora detestasse ser cuidado. Kazuya era o tipo de pessoa extremamente independente e que tinha dificuldade em aceitar ajuda dos outros, assim como todo Hyuuga era, por natureza. Principalmente ele, que cresceu sendo extremamente forçado, subjugado pela vida e ralou tantos anos sozinho para se estabelecer. Ter alguém que cuidasse dele era quase como negar toda a sua história de vida.

O que você acha sobre as estrelas, ou sobre as abelhas?Onde histórias criam vida. Descubra agora