Mais um dia sem graça. Tanta coisa normal. Tô loca pra sair de casa.
O que acontecerá assim que minha mãe me tirar do castigo.
Bato a porta do carro e corri pra dentro da casa, em seguida subi pro meu quarto, bato a porta também e me jogo na cama, com um cigarro na mão.
Bem vindos ao diário de uma viciada.
Eu fumo desde meus 15 anos, quando meu ex namorado me apresentou esse lindo mundo.
Namoramos por 3 anos, terminamos faz 4 meses. Acho que ele me odeia, sendo que eu que deveria odiar ele por me trair com a capitã das líderes de torcida da escola adversária.
Enfim, a grande hipocrisia.
Eu sou capitã das líderes de torcida já faz quase 1 ano, sou boa nisso e fico gostosa no uniforme.
Eu sou bem sossegada. Não sou de transar com qualquer um, mas confesso que beijo várias bocas, algo mais profundo que isso é pessoal demais.
Moro sozinha com a minha mãe, que não trabalha já que ficamos com a herança milionária que meu avô deixou pra gente.
Minha mãe odeia quando eu fumo, que é sempre na verdade, mas evito fazer isso em casa.
Ela diz que isso vai me matar, mas eu discordo. Sei meus limites.
Ou pelo menos, sabia.
Até que tive uma overdose a 1 mês atrás e minha mãe me forçou a entrar em um grupo de apoio.
Ela disse:
——— Ou você vai pro grupo de apoio ou vai pra clínica de reabilitação.
Eu obviamente escolhi a primeira opção.
——— Soph, já está na hora, Mike está te esperando.——— minha mãe gritou batendo na porta e eu soltei a fumaça e apaguei meu cigarro
Ela continuou batendo na porta, como sempre faz, bate, bate, bate, até eu responder.
——— Já tô indo mãe!— gritei de volta e pulei da cama
Peguei uma roupa no closet e corri pro banheiro. Tomei banho, não lavei minha cabeça, e sai enrolada na toalha.
Vesti minha roupa rapidamente, peguei uma bala de menta e passei um gloss nos lábios, em seguida saindo do quarto.
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———— Não sei o que você tanto faz trancada nesse quarto. Deveria ficar mais na sala, vendo tv comigo.——— ela reclamou e eu ri
Esqueci de mencionar, como já faz umas 2 semanas que eu frequento o grupo, minha mãe acha que eu estou parando de fumar.
———— E ver essas suas novelas chatas? Nem pensar mamãe! Beijos.
Beijo suas bochechas e saio de casa com minha bolsinha de sempre no ombro.
———— Mike.
Falei entrando no carro e ele fez um tipo de reverência que ele sempre faz pra mim e pra minha mãe e então fechou a porta pra mim.
Depois de entrar no banco do motorista, ele deu partida até o club onde são realizadas as reuniões.
Eu estava um pouco atrasada, já que acabei me enrolando com algumas coisas da escola e meu momento de paz fumando.
———— Chegamos senhorita.
Ele avisou quando parou o carro e eu suspirei e abri a porta.
———— É Sophie, Mike, só... Sophie. ——— falei e bati a porta, entrando no local
A chuva caia forte nas ruas e algumas pessoas passavam correndo de um lado pro outro.
Ela pegou todos desprevenidos. Nem a previsão do tempo... previu.
———— Sophie! Bem vinda querida. ——— Maggie, a psicóloga, falou sorrindo assim que me viu e eu abri um sorriso pra ela
Ela é extremamente simpática, é impossível não sorrir estando perto dela.
———— Agora que já estão todos aqui, faremos as apresentações.——— ela avisou ficando de pé. ———— Olá a todos, eu sou Margaret Blinds, mais conhecida como Maggie, sou a psicóloga de vocês e estou aqui pra ajudá-los a enfrentar seus vícios e seus problemas.——— ela falou e fez sinal pra que a pessoa ao seu lado continuasse
———— Ah, eu sou a Daniele e eu tenho depressão, ansiedade e bipolaridade. No começo era fácil lidar com tudo, mas agora parece que cada vez fica mais difícil e eu sinto como se estivesse ficando sem ar, morrendo aos poucos...——— a menina falou
Profundo... também me sinto assim as vezes, talvez seja por isso que eu fumo.
Nosso grupo são um total de 10 pessoas, no momento 7 já foram, agora, um garoto loiro que até agora eu nem tinha reparado que estava ali, se levantou.
E droga. Eu conheço esse garoto...
Loiro, alto, tatuado, esses cabelos... Vinnie hacker não é uma pessoa fácil de ser confundida, é ele.
