Sexo é sexo

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Kimberly

Termino a minha apresentação e continuo sendo ovacionada fervorosamente, inclusive por aquela bela mulher. Recolho as partes da minha fantasia e as notas de dinheiro que jogaram para mim no decorrer do striptease, sem pressa alguma, com a intenção de que os espectadores possam me admirar nua por mais alguns minutos e aguçá-los para que queiram experimentar o sabor agridoce da minha carne ou apenas repetir o cardápio, afinal eu me tornei o prato predileto de alguns. Só não estou rica porque escolho meus clientes. Não vou me deitar com qualquer um. Não é todo mundo que tem o privilégio de usufruir dessa beldade que a mãe natureza desenhou.

Assim que termino, ilustro uma expressão de bandida fatal barra vadia que quer sentar até o amanhecer e deixo o palco rebolando meu traseiro enorme.

- Caralho, Kim! - Tiara exclama me seguindo de trás do palco até o camarim. - Cê arrasou nega! Até eu fiquei molhadinha só de te ver...

- Sai pra lá sapatão, eu gosto de rola, vai caçar outra boceta pra você colar velcro - falo vestindo outro look pra voltar pro salão e tentar ganhar a noite com algum macho cheiroso.

Tiara gargalha ao ponto de lacrimejar. Ela pode estar rindo, mas no fundo sabe que eu estou falando sério.

- Aiai, só por isso eu te perdoo por ter chegado atrasada! - ela fala como se eu me importasse. Se não fosse por mim essa casa estaria as moscas. - A gente se vê por aí - ela diz e se manda.

Rum. Ainda bem porque hoje eu não estou com saco pra ela.

Refaço minha maquiagem e retorno para o salão, mas não me misturo com os clientes e as putas que estão ciscando. Vou pro bar para eu escolher com quem eu vou fazer sexo hoje para unir o útil ao agradável. Me sento no balcão e peço uma cerveja pra bargirl. Enquanto bebo analiso cada canto desse lugar. Hoje tem vários caras interessantes e já tem um vindo na minha direção, mas eu avisto a mulher que não parou de me encarar no palco, finjo que nem vi o cara passando por ele e caminho até ela que está sentada sozinha numa mesa bem discreta. Já chego sentando em seu colo.

- Oi linda, nunca te vi por aqui - falo e ela me encara com assombro. Qual o problema dela? Ela não sabe que está num puteiro e que se veio até aqui é porque está querendo algo que literalmente oferecemos?

- É, ah, oi, não, é a minha primeira vez nesse local, em específico... - ela enfim responde revelando sua voz sensualmente grossa. Passo meu braço em volta do seu pescoço e a sinto gelada e tremendo. Meu Deus, o que será que essa puritana está fazendo aqui? E porra, como ela cheira bem! - Eu vim por curiosidade.

- Deixa eu adivinhar, você viu meu anúncio e queria saber se eu era aquilo tudo mesmo né? - sou direta. Não tenho muito tempo a perder. Se não der certo com ela, tenho que partir para outra.

- É, tenho que admitir.

- Eu sabia - coloco a garrafa de cerveja em cima da mesa, saio do colo dela e me sento no canto ao seu lado. Coloco minha mão na sua coxa e cravo minhas unhas com delicadeza. Ela tem uma perna musculosa. Que delícia! - Você malha? - pergunto para tentar relaxá-la. Ela está nervosa demais e isso não é bom. As coisas não fluem.

- Sim, ajuda com a tensão - ela responde engolindo saliva. Ownt, ela é tão fofa. Muito diferente dos caras com os quais eu já estou acostumada que de tímidos não têm nada. Eles já chegam colocando a mão e chamando pra subir. Mas essa vergonha toda só é instigante até um certo ponto. Tudo tem limite.

- Eu sei de uma coisinha que pode te ajudar com toda essa tensão... - insinuo passando a língua por meus lábios carnudos. Ela sorri mostrando dentes branquíssimos e corretos. Onde ela esteve esse tempo todo? Ela não responde, apenas bebe um gole do seu drink.

- Qual é o seu nome?

- Para que quer saber? Pra gemê-lo enquanto eu estiver de quatro pra você? - disparo e percebo que suas bochechas coram. Ela está muita envergonhada.

- Você é sempre assim?

- Só com quem eu quero dar.

Ela ri de novo, ainda mais constrangida.

Bom, as horas estão passando. Já que ela não tomou nenhuma atitude, decido dar a cartada final. Discretamente, me aproveitando da meia luz da boate, eu retiro minha calcinha e dou para ela. Ela olha para os lados com medo de alguém estar vendo isso.

- Te espero lá no quarto seis sete oito - aviso, pego minha cerveja e saio andando tranquilamente. Sinto seus olhos castanhos pregados na minha bunda, dou uma olhadinha para trás e abro um sorrisinho sapeca de canto, ela arregala os olhos perplexa. Dou as costas para ela de novo e caminho para o terceiro andar do prédio, onde ficam as suítes privativas. Cada puta tem uma. Passo pelo segundo andar, onde os clientes podem ficar mais à vontade, e observo minhas colegas seduzindo-os com muita facilidade. Minha mãe sempre me dizia que uma mulher tem poder sobre um homem, basta que ela saiba como e quando usar e ela terá o que quiser dele. Tenho que concordar com ela. Pelo menos desde que eu entrei pro mundo da prostituição. É muito simples manipular um homem usando sexo. A maioria que vem aqui é casado. É sempre o mesmo clichê, eles vem procurando o que as esposas não estão dispostas a dar, a sair da rotina, a explorar algo novo.

Quando chego na porta da minha suíte, retiro a chave de dentro do meu sutiã, destranco e entro. Deixo destrancada para o caso daquela mulher não resistir aos meus encantos e aparecer. O quarto está limpo, arrumado e cheiroso. Deito na cama com as mãos em cima da barriga respirando fundo. Meia hora. É esse o tempo que eu vou dar para ela. Se ela não aparecer, o baile segue.

Mancha de batom (Trans/Bissexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora