I'm not a number

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As horas e os dias passavam lentamente e Sanji parecia já não ter muito mais energia para qualquer comunicação que não fosse trocar batidas na parede para se certificar de que o outro ainda estava ali. Era frustrante e Zoro estava a entender o motivo. Já havia se metido em confusão o suficiente para estar familiarizado com a solitária, mas dessa vez era diferente.

A parte primitiva do seu cérebro o dizia que era porque tiraram o que era dele e Zoro tinha ódio que tirassem seus pertences. (Não notando que havia começado a pensar em Sanji como um.)

Talvez por isso tenha se atraído originalmente pelas tatuagens. Pela ideia de algo permanente que ninguém poderia arrancar dele. Ele passou a mão sobre o próprio peito. Não importava o quão mal feitas, eram perenes.

- Roronoa. Pode sair, volte pro seu próprio buraco. - Ouviu um dos carcereiros dizendo enquanto abria a porta e foi escoltado para sua cela normal.

- E o pirralho?

- Ele é ele, você é você. Se preocupe consigo mesmo.

Sanji ouviu Zoro sendo liberado e um alívio percorreu seu corpo. Finalmente sairia daquele lugar horrível. Mas, aquilo não aconteceu. Os minutos se passaram e ele já não conseguia ouvir a voz do moreno. Ele bateu na parede, esperando um retorno e só o silêncio foi ouvido. Então, começou a andar desesperado de um lado para outro, sem saber o que fazer. Se ele ficasse ali mais tempo acabaria enlouquecendo. Estava fraco, cansado e com fome. Sem alguém para conversar com certeza morreria.

- Vinsmoke, saia. - Um dos carcereiros abriu a solitária e o loiro imediatamente saiu antes que mudassem de ideia. Na verdade ele queria enfiar o pé na cara feia daquele desgraçado por não só demorar a ponto de deixá-lo apavorado, como também chamá-lo por aquele nome.

Assim que fora jogado na antiga cela novamente e viu Zoro já ali, Sanji pulou em cima dele e o abraçou com todo o resto de sua força que restava depois de tantos dias socados naquele buraco. Precisava de calor humano, ver alguém, falar com alguém, tocar alguém.

- Tá abraçando. - Zoro apontou o óbvio e ouviu um resmungo do mais novo, que não parou, ao invés disso se afundando ainda mais em seu corpo.

Zoro não era muito bom naquilo. Duvidava muito que fosse até confortável, já que era puro músculo em toda parte. Mesmo não sabendo direito o que fazer, os ombros de Sanji se mexendo enquanto seu corpo mais magro que antes tremia um pouco o compelia a tentar. A usar uma mão rude para sustentar as costas dele, sentindo sua espinha protuberante no processo.

Era peculiar como o garoto mudava de atitude em meros minutos. Zoro observou a postura de Sanji enquanto andava e enquanto o carcereiro ainda estava ali. Forte, inabalável, teimoso e determinado a não mostrar nenhum pingo de vulnerabilidade.

Era completamente diferente agora com ele. Zoro poderia zombar da sua cara, mas não queria quebrar o encanto, não era o momento.

- Hora de dormir, bora. - Era estranho falar tal coisa enquanto os raios solares claramente adentravam a janela. Mas ambos estavam com a sensação de tempo distorcida por passar tanto tempo num lugar sem relógio ou janelas. Com facilidade, Zoro trouxe o corpo de Sanji até a cama e o fez deitar consigo.

- Não, eu preciso de um banho urgentemente. - Sanji protestou tentando se mover e sendo impedido pelos braços fortes.

- Shh, nada de banho. Dorme. - Sanji então desistiu facilmente e se entregou nos braços do mais velho, caindo na cama e dormindo.

Sanji acordou se sentindo com as forças completamente renovadas. Sentia que fazia dias que estava dormindo.

- Melhor?

Jailbreak - ZoSan Onde histórias criam vida. Descubra agora