Notas: Mais um capítulo dessa história que eu ando postando sem tanta empolgação porque não sinto tanto retorno sla orz Enfim, eu vou continuar porque gostei muito dela quando escrevemos, embora seja bem menos despretensiosa e light em termos de planejamento e plot.
Acho que não postei nada ainda esse ano então feliz ano novo! Tomara que 2022 seja melhor e menos complicado e espero continuar trazendo Zosan aqui ❤️//
O fato de estarem tão perto, porém tão longe, deixava Sanji louco. Aquela cela escura era sufocante, mesmo que ele nem fosse claustrofóbico. Se ele prestasse muita atenção era capaz de encontrar os piores tipos de insetos que existiam, e ele com certeza tinha aracnofobia e todas as outras.
Sanji notou que desde que fora preso ali, estava de olhos fechados. Como se nem quisesse encarar o que quer que fosse que estivesse ali. Os insetos, o mofo da parede, o escuro.
— Conversa comigo, idiota. — Sanji resmungou ao chutar a parede em que Zoro provavelmente estava apoiado. Ele tentou ao máximo projetar exigência em seu tom no lugar de desespero.
— Você fala demais. — Zoro resmungou de volta, sendo acordado do seu cochilo pelo mais novo. Estar na solitária jamais o impediria de dormir, nada faria essa proeza.
Não estava muito satisfeito em ser acordado. Além do mais, sobre o que deveria falar com aquele garoto? Não é como se tivessem conversado muito até agora. Apenas sobre suas sentenças e sobre a prisão em si, assuntos triviais e comuns para serem discutidos ali dentro. Parando para pensar, Zoro basicamente nunca havia conversado com outros prisioneiros sobre outros assuntos. Se não fosse para brigar e receber favores, se mantinha recluso.
Ele demorou para responder e escutava Sanji batucando incessantemente na parede, como se não aguentasse o silêncio.
— Nem sei o que você quer que eu fale.
— Qualquer coisa. Não precisa gastar seus neurônios inexistentes pensando só… Fala comigo.
Zoro quase se irritou com a primeira parte da frase até ouvir a última. Vulnerabilidade o deixava desconfortável vinda de gente forte, e não era do seu feitio desrespeitar isso.
— Tá.
Zoro não o conhecia muito bem. Só sabia que era um pirralho pervertido que não devia ter pensado que algum dia estaria numa cela suja. Que lutava bem e tinha fibra. E que gostava de cigarros. Essa era a extensão de seus conhecimentos sobre o loiro.
— Gosta de beber? — Zoro perguntou, embora nem soubesse se Sanji tinha idade suficiente para isso. Mas era a única coisa em que conseguia pensar e sua diversão favorita dentro e fora da prisão.
— Claro que sim. É normal para uma pessoa apreciar um bom vinho. Eu não sou nenhum tipo de sommelier, mas eu sou Chef, preciso saber o mínimo para conseguir combinar os sabores e criar minhas receitas incríveis. — Sanji gesticulava com as mãos enquanto falava sem parar, sorrindo ao se lembrar do quão proveitosa e satisfatória era a sensação de colocar a mão na massa, de usar suas facas ultra afiadas para fazer os cortes mais belos em suas carnes e legumes, de sentir o fogo batendo em seu rosto, o ambiente agitado da cozinha.
— Eu só perguntei sobre bebida, não precisa ficar se mostrando. — Zoro provocou, mas uma risada no final da frase deixava claro que só queria irritar o mais novo.
— Parece que faz anos desde a última vez. — O mais novo disse cabisbaixo, abraçando as próprias pernas com força.
Era diferente descobrir algo sobre a vida de verdade de Sanji. Claro, logicamente Zoro sabia que existia uma vida fora daquele lugar e que Sanji só havia começado a usar uniforme e morar naquele buraco escuro há pouco tempo. Ainda assim, às vezes era difícil de imaginar a realidade depois de tanto tempo vivendo ali. Zoro tentava visualizar em sua mente o loiro vivendo uma vida normal e se perguntou que tipo de vida era essa. Se ele era tão insuportável no dia a dia quanto agora.
— Você é novo pra ser cozinheiro. — Ouviu o mais novo corrigir resmungando a palavra Chef. — É tipo um trabalho de meio período?
— Claro que não, desde quando o trabalho de um Chef é considerado como meio período? Você é algum tipo de idiota? Um Chef é o membro principal de uma cozinha, sem um Chef as engrenagens não giram, ficam emperradas. Eu imagino como aqueles idiotas estão se virando sem mim. — Era notável o tom melancólico na voz do garoto. Estar preso em um lugar que você não pode fazer nada que ama era sufocante. — Um dia quero cozinhar pra você.
— Claro, pirralho. Se você vir trabalhar como cozinheiro dessa pocilga, quem sabe. — O mais velho estava encostado na parede de olho fechado e tentava visualizar Sanji numa cozinha. Era fácil pensar nele dando ordens como o insuportável que era.
E mais fácil ainda era pensar nele empenhado para preparar uma refeição para si, teimosamente querendo ouvir Zoro dar o braço a torcer e admitir o quão bom ele é.
Sanji eventualmente falou muito mais sobre seu trabalho, sobre o restaurante e seu sous chef e outros vários termos para chef em francês que Zoro não se deu ao trabalho de prestar atenção. A única coisa que o chamava atenção era a empolgação com a qual o garoto falava sobre aquilo tudo, fosse sobre os colegas de trabalho, os pratos e até os ingredientes. Provavelmente Zoro jamais ouviu alguém falar sobre batatas com tanto carinho em toda sua vida. Não que culinária fosse um assunto recorrente nas suas conversas.
— Logo mais você volta a trabalhar. — Zoro ofereceu como um consolo depois de ouvir praticamente um monólogo. Era óbvio pela forma como falava sobre aquilo que era importante para ele, não um trabalho qualquer ou um hobby despretensioso. — Seis meses passam rápido.
Sanji ficou alguns minutos em silêncio, o que era muito raro para ele. As palavras de Zoro o deixaram pensativo. Logo ele iria embora e provavelmente nunca mais o veria.
— Hn… Realmente não tem nenhuma chance de você sair daqui?
— Eu vou sair. — Zoro respondeu, sentindo o sono embalar seu cérebro. — Quando morrer eu saio.
— Ah...
Sanji não escutou mais nada depois disso, além dos roncos, e amaldiçoou o maldito que conseguia dormir ali tão fácil. Para ele não era tão fácil. Nem sabia como Zoro fazia, se ele sempre fora assim ou se passar décadas num lugar desse realmente molda um homem a ponto de coisas como desconforto não serem mais relevantes.
Ele ainda queria conversar, porque descobriu que ouvir uma outra voz, ter outro alguém de carne e osso para interagir com ele ao menos o acalmava. Mas não iria acordar Zoro de novo, mais por estar relutante a parecer fraco do que por não querer incomodar. Sanji apenas iria continuar ali de olhos fechados, fingindo que estava tudo bem, tentando inspirar e expirar para não perder a calma.
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Jailbreak - ZoSan
FanfictionApós ser preso, Sanji tenta se acostumar à prisão e a seu companheiro de cela. [Zosan] 40!Zoro x 19!Sanji | Escrita com o @HikariMat