ᵃᶜᵒʳᵈᵃⁿᵈᵒ ⁿᵒ ᵈᵉˢᶜᵒⁿʰᵉᶜᶦᵈᵒ

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Murmúrio

Com grande esforço, a garota de cabelos longos e muito claros força a abertura de seus olhos castanhos e vibrantes como brasa, no momento lutando para aparecer entre pálpebras extremamente pesadas.

Se sentia atordoada.

O lugar ao seu redor rodou levemente e o aroma de algo cozinhando lhe encheu as narinas, fazendo notar o quão seca sua boca estava.

Umedecendo os lábios levemente e com a visão ainda embaçada, ela tentou observar o espaço. Admitindo, logo em seguida, ser uma tentativa bastante falha de entender o que estava acontecendo.

Onde diabos estaria?

Um peso se fazia presente sobre sua barriga e olhando para tal, sobressaltou-se com o encontro dos olhos atentos de um cachorro preto que mais parecia um lobo. Sua cabeça repousava sobre a manta feita do pêlo de algum animal que aquecia ela do frio

Não entendeu nada. Aquele cachorro, lobo, seja lá o que fosse, era seu?

Piscando incessantemente, suspirou.

Talvez fosse melhor ignorar a respiração ruidosa e as órbitas escuras do animal antes que começasse a pirar.

Virou, então, a cabeça, que aliás parecia pesar uma tonelada, para o outro lado do cômodo e analisou um par de sapatos e uma capa repousados junto a cama de palha em que estava deitada.

Ambos cobertos por uma camada verde e marrom, de aspecto úmido, similar a musgo e lama pouco endurecidos. Como se não tivesse sido usados ha muito mais que um dia.

Murmúrio. De novo.

Sua fonte se revelou como sendo uma senhora. De aparência amigável e baixa estatura, que carregava cabelos grisalhos amarrados em um coque baixo atrás da cabeça.

Ela parecia tranquila enquanto mexia no fogo a lenha mais à frente e cantarolava baixinho alguma melodia desconhecida pela garota.

Se bem que, o que era conhecido por ela ali?

Se apoiando nos cotovelos, ela tenta se estender, mas uma pontada na cabeça logo a faz parar no meio do percurso e soltar um gemido de reclamação, levando as mãos ao foco da dor.

Tal atitude fez o bicho levantar a cabeça e remexer as orelhas em alerta, choramingando insatisfeito.

– Querida? – a voz calma que parece vir da senhora, se aproxima, carregando um tom preocupado – Não pensei que fosse acordar ainda. Ora Holly, saia de cima da coitadinha, sim? Sente dores, pelo que vejo. – Sua mão passa pelo pano amarrado ao redor da cabeça da jovem, logo após dar dois tapinhas leves nas ancas do animal, que desse rapidamente, passando a rodear suas pernas. Ele era realmente grande – Não é à toa sabe? – continua ela – Com a pancada que levou é o mínimo que poderia acontecer...

"Pancada? Então era por isso que sentia tontura ao tentar abrir os olhos", pensou a garota.

E incrivelmente até os pensamentos lhe pareciam doer

Mas quando foi isso e como foi parar lá?

Se conheciam?

Ela se afasta e a outra percebe o ato com um pequeno sorriso brotando em seus lábios. Como se tivesse lido a mente da mais nova e entendesse seus motivos

– Sei que deve estar assustada, afinal não nos conhecemos, não é? Mas garanto que não há com o que se preocupar. Sou apenas uma velha curandeira tratando de seus ferimentos...

PROFECIA • Min YoongiOnde histórias criam vida. Descubra agora