Introdução

43 5 0
                                    

O cenário era assombroso, uma verdadeira cena de horror, uma tragédia. A roda de curiosos aumentava cada vez mais, todos assustados com a quantidade absurda de viaturas da polícia que chegaram tão depressa como se já soubessem o que iria acontecer, Logo não demorou muito para que o local se encontrasse lotado.

Os jornalistas, todos ansiosos para cobrir a notícia insistiam por informações enquanto alguns policiais se apressavam para isolar a área e tentavam conter a multidão de pessoas que aumentava a cada minuto. Uma mulher aos prantos gritava desesperadamente, enquanto o corpo de seu filho era introduzido até a ambulância. O carro de luxo estava quase intacto, já o outro veículo foi completamente destruído pela colisão. Com a chegada de algumas emissoras de telejornal os policiais se viram obrigados a dar notícias.  Quem estava em casa acompanhando tudo pelo canal 110 já estava sabendo do pior.
                                                   
                              ***
- Ao que se sabe uma das vítimas que caminhava no local, foi atingida por um dos veículos e morreu no mesmo instante do acidente, já o adolescente de 16 anos, John Smith que dirigia embriagado um veículo de luxo, sofreu graves fraturas na perna e passará por cirurgia...

O repórter foi interrompido por alguém que acenava incessantemente para ele, e fazia gestos para que ele encerrasse a reportagem ao vivo.

-Aqui é o repórter Joseph Caim, seguimos para mais notícias.

Quem curioso e ansioso acompanhava o noticiário ficara agora com os comerciais e com a necessidade de entender o que havia acontecido.

 -Alguma novidade?

-Parece que o namorado de uma das vítimas chegou.

-Da assassina? Ou da mulher que caminhava na rua na hora do acidente?

-Da assassina, é o empresário Will Adams.

-Perfeito, deixa comigo.
                                                          
                                 ***
 
Os policiais continham a multidão e as faixas impediam que qualquer um se atrevesse a passar para o outro lado, porém um homem, alto e elegante, sem se importar se aproximou sem temor algum.
Ali parado em frente ao corpo de uma das vítimas a observava fixamente, com desprezo e talvez culpa, ainda assim não foi capaz de conter a lagrima que caiu de seus olhos e percorreu caminho por todo o seu rosto até que atingiu seu destino final, a face de sua amada, que mesmo pálida e gelada não deixara de ser bela.

-Senhor, não pode ficar aqui, afaste-se por favor.

Disse o cientista forense que analisava a cena.

-Você sabe quem eu sou?

-É policial?

-Não, eu sou...

-Então não me interessa, quem quer que você seja, se afaste.

-Eu sou a família da vítima.

-Senhor, sinto muito, ainda assim eu insisto que se afaste.

Uma policial, ouvindo a discussão se aproximou imediatamente e interrompeu dizendo:

-Will, sinto muito.

-Luiza, ainda bem que é você, diga a este canalha que eu sou da família da vítima e que tenho todo o direito de estar aqui.

-Você está alterado, se acalma ele só está fazendo o trabalho dele.

Só a jovem policial foi capaz de afastá-lo dali, enquanto isso os jornalistas o cercavam e o indagavam com uma série de perguntas.

-Senhor! Senhor! um minuto por favor.

-Acabamos de saber que uma das vítimas era também uma criminosa procurada, e que o senhor tinha um relacionamento com ela, você confirma isto?

-Senhor Adams como você se sente sabendo que a mulher na qual você tinha um relacionamento é também uma assassina?

-Estamos em uma exclusiva com o milionário Will Adams que aparentemente mantinha um relacionamento com uma das vítimas, senhor Adams!

O homem furioso, e que já se encontrava em um estado deplorável entrou em seu carro, e partiu dali com uma dor absurda, a pior de todas, aquela que não se pode ver, aquela que se assemelha a dor de uma espada encravada entre o peito, aquela que somente o tempo e o álcool eram capazes de aliviar, então seguiu rumo ao primeiro bar que encontrasse aberto àquela hora da matina.
                               ***
Uma pena não ter ninguém por perto quando aquela linda mulher sentia sua alma se despedir de seu corpo, e esgotava o pouco de energia que tinha, gritando incessantemente suas últimas palavras, talvez as mais importantes que já havia dito durante toda a sua vida, palavras essas que poderiam poupar a vida do seu grande amor, ela gritava, mas ninguém a ouvia, ela lutava ferozmente para sobreviver, a vida dela não valia a pena, a morte era na verdade um presente, o único motivo que a fazia lutar pela vida era o amor que sentia por um homem, o único no qual o seu coração pertencia e cada batida lenta que ainda era possível sentir era para ele, até que sessou, o coração parou de bater, ela não resistiu, a morte a tomou dele, e agora o seu grande amor corria perigo, ela não conseguiu o advertir, ninguém a ouviu e agora todos estavam vulneráveis.
 

Em memória de uma assassinaOnde histórias criam vida. Descubra agora