A culpa é do acaso

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Era bem cedo, o sol mal havia nascido, a figura de uma bela mulher despida, quase nua sobre a sacada de um prédio roubava a atenção dos poucos trabalhadores que passavam àquela hora à espera de um taxi. Ela estava lá e ao mesmo tempo não estava, seus pensamentos se perdiam e sua cabeça fazia uma longa viajem. Saboreava aquele friozinho matinal, aquela deliciosa ventania que fazia com que seus longos cabelos negros e ondulados voassem para o alto.

-Mia!

A voz vinha do quarto no qual a sacada pertencia, porém, a mulher sem demonstrar expressão alguma e sem se mover continuou aproveitando o momento e sentindo a brisa dançar sobre sua cabeça.

-Mia, você recebeu um e-mail.

-Desculpe, o que disse?

-Você recebeu um e-mail, está tudo bem? É uma daquelas crises outra vez?

-Não se preocupe, eu estou bem, só estava pensando.

-Por que não entra? Está frio, você pode ficar resfriada, deite-se comigo.

-Você precisa ir para o trabalho.

-Mas já?

-Sim Will, a não ser que deseje chegar atrasado na reunião de sócios e CEO de empresas parceiras. Agora saia deste computador e vai se aprontar.

-Estou melhorando os slides, quero que a apresentação seja perfeita.

-Não se preocupe meu amor, tenho certeza que eles irão adorar a proposta, agora levante-se já daí.

-Está bem, e o seu e-mail? Não vai ver quem é?

-Talvez seja o casal, que ficou de dar a resposta se desejam que eu fotografe a cerimônia de casamento. Mas agora o que acha de tomarmos um banho bem quente?

-Perfeito, ainda não me acostumei ao frio de Nova York.

-Eu não me referia a temperatura. Diz Mia sentindo-se sensual, então a mulher já despida caminhou até o banheiro. Ali deitada sobre a jacuzzi sentia a água quente queimar lhe a pele deixando-a avermelhada, Will entrou no banheiro e rapidamente ajustou a temperatura sem questiona-la. Assim o par de apaixonados aproveitou cada minuto daquele delicioso momento de amor e ternura.
                                                                                                         ***
Ao passar por aquele gigante corredor, era impossível não reparar no homem que sentara com os pés sobre a cadeira como criança que espera impaciente pela chegada dos pais. Parecia preocupado, suas mãos cobriam seu rosto e o corpo balançava como o de quem espera desesperadamente por notícias. Ao avistar alguém na outra ponta daquele corredor que parecia não ter fim suspirou aliviado e subitamente se aproximou dizendo:

-Will, você está atrasado, os sócios já estão aguardando há muito tempo, vamos antes que comecem a reunião sem mim, digo, sem nós.

O Homem sorriu e sem demostrar a menor preocupação contestou dizendo:

-Se acalme Hopper, eles não podem começar sem mim.

-Me acalmar? Onde você estava?

-Digamos que meu dia começou de maneira agitada.

-é notável! Creio que estava se divertindo pois não consegue nem ao menos disfarçar sua felicidade e a falta de consideração com os sócios.

-Não gosto do modo a que se refere a mim, não se esqueça de que sou eu quem paga o seu salário. Fique tranquilo eu pedi a senhorita Menezes que os mantivesse ocupados e entretidos na minha ausência.

-Desculpe senhor, não voltara acontecer, eu amo demais está empresa e me preocupo com o senhor, mas acho que confia exageradamente na senhorita Menezes, não deveria permitir que te represente em uma reunião como essas.

Em memória de uma assassinaOnde histórias criam vida. Descubra agora