Em memória de Clarisse Macmiller

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Era só mais um conto clássico, um romance de faculdade que acabaria brevemente, afinal, aquela linda jovem sensual capaz de enlouquecer a qualquer homem não era de se apegar e estava pronta para partir mais um coração, aliás era o terceiro aquele semestre. Ensaiava no jardim da universidade a melhor forma de dizer ao seu namorado “nerd e grudento” que agora que já havia tirado a nota máxima nas provas finais precisava de um espaço.

-Desculpe Jimmy, mas... isso não está mais funcionando, não é você o problema, sou eu e...

-Eu não queria ser o tal Jimmy, aposto que ele nunca irá se perdoar por perder uma mulher como você.

-Já nos conhecemos?

-Creio que não, eu sou inesquecível, você se lembraria.

-Está bem senhor inesquecível, você sabia que ouvir a conversa alheia é muito desagradável?

-Não pude evitar, fui atraído por sua imensurável beleza, a vi conversando sozinha e então presumi que desejava companhia.

-Obrigada, mas estou muito bem sozinha.

-Tem certeza que irá dispensar a minha adorável companhia?

-Adorável? O que eu vejo é apenas um ser arrogante e presunçoso.

A mulher recolhendo seus livros que estavam espalhados liberou um sorriso provocador e se retirou. O homem sorrindo diz a si mesmo em seus pensamentos “eu me casarei com ela”
                        
                               ***
 
 Nem todo o café do mundo era capaz de afastar a ressaca acompanhada do susto da noite anterior. Mia no quarto do hotel em que estava hospedada debatia consigo mesma e vasculhava a memória para garantir que não estivesse alucinando. Será possível que depois de 15 anos ela havia reencontrado sua irmã casula ou seria apenas efeito do álcool, afinal a tempos Mia não bebia tanto. Foi quando o seu telefone tocou, o número era desconhecido.

-Alô?

-Mia, como você está?

Nem mesmo o tempo foi capaz de fazer com que Mia se esquecesse daquela voz. Ainda boquiaberta tentava recuperar o folego para responder quem a esperava do outro lado da linha.

-Mia? Consegue me ouvir?

-Eva!

-Sim, Polina me deu o seu número de telefone.

“Então isso de fato está acontecendo, eu não estou louca” pensou a mulher que ainda sem fala, nem mesmo por telefonema não conseguia disfarçar sua surpresa.

-Liguei para confirmar o café de hoje.

-Como?

-O café, Lembra? ontem na festa nós combinamos de nos encontrar hoje em uma lanchonete no centro.

-Não me entenda mal, mas será mesmo uma boa ideia? Ontem eu acabei bebendo um pouco mais além do que deveria.

-Entendo, é realmente uma pena quem sabe uma outra...

-Adeus.

Mia desligou o telefone e não conseguiu conter as lagrimas, deitada sobre o chão sentia a terrível dor de feridas que a anos ela tentara cicatrizar sendo reabertas e doendo com a mesma proporção que da primeira vez, mas desta vez ela estava sozinha, tudo que poderia acalma-la naquele momento era o abraço caloroso de Will onde ela encontrava refúgio e proteção, ele, porém estava há 4731 km de distância dela. Mia sabia que bastava um telefonema para que ele abandonasse o que estivesse fazendo por mais importante que fosse para encontrá-la, porém, ela decidiu que estava na hora de enfrentar o seu passado, sozinha. Então pegou o seu celular e retornou o telefonema que havia recebido poucos minutos antes.
                              
                             ***

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⏰ Última atualização: Feb 10, 2022 ⏰

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