Para se vingar de Cheng Fu, a seita de cultivo número um sob os céus, Shen Yu trilhou o pior caminho que um cultivador poderia escolher, o obscuro. Ainda assim, ele acabou morrendo por Mil Golpes de Espada antes de conseguir o que mais desejava. Sua...
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Cheng Fu estava localizada ao sul do continente Hong, em uma região de montanhas tão altas que os picos ficavam cobertos de neve o ano todo, enquanto o declive tinha o verde das árvores e o colorido das ervas mágicas plantadas. Ao olhar além da copa das árvores, tão acima que quase tinha que jogar a cabeça para trás, ele podia ver o cume gelado, despontando em direção ao céu, e um palácio magnífico que quase passava despercebido entre as rochas.
Do Pico Nevado, a água de uma nascente descia pela montanha criando uma cachoeira entre a plantação de ervas mágicas. A visão era arrebatadora, mas Shen Yu a encarou com desprezo. A neve nos picos mais baixos da montanha tinha derretido com o início da primavera, criando poças de lama que Shen Yu não queria nem chegar perto.
Decidiu ir para o dormitório, onde teria privacidade, água em uma temperatura aceitável e uma cama para descansar antes de ir embora. Talvez fizesse uma refeição.
Shen Yu traçou um plano simples. Ele ia cruzar o continente e ir para o norte, o lugar de onde veio. A estrada era longa e ele não tinha nenhum tostão, mas podia fazer alguns negócios no caminho para se manter. Se desse sorte, chegaria lá em seis meses.
Seus pensamentos foram interrompidos por um ronco alto vindo do seu estômago vazio.
Antes de ser resgatado e trazido a Cheng Fu por Hu QiShuang, o líder anterior da seita, ele vivia nas ruas, onde sombras ameaçadoras espreitavam em todas as esquinas, a fome sendo somente uma delas. Ele estava acostumado. Shen Yu conviveu com coisas que poderiam matá-lo durante a maior parte da vida; um inverno intenso, semanas sem comida decente, um estranho com rosto sorridente e gentil.
Hu QiShuang morreu duas semanas depois de salvá-lo. Shen Yu tinha dez anos na época. Shen Yu lembrou do espírito aventureiro do homem e do quanto passou a odiá-lo posteriormente. Ele deu falsas esperanças a um garoto que não tinha nada, alguém tinha visto o pior das pessoas durante a guerra. Hu QiShuang o deixou sozinho em um lugar onde não o queriam.
— Irmão aprendiz, por favor, espere! — Era Jiang ZhengHe, vindo atrás dele com passos rápidos.
Shen Yu parou e se virou para Jiang ZhengHe.
— O que quer agora? — inquiriu Shen Yu. Internamente ele se perguntava se conseguiria manter tantas coisas para si mesmo sem explodir até ir embora. Ele não queria ver essa pessoa novamente, ouvir sua voz, mas ela insistia em cruzar seu caminho. Os dois eram como inimigos em estrada estreita.
— O tio quer vê-lo, está esperando no templo.
— Quase tinha esquecido que o Velhote ainda está vivo — Shen Yu disse para ninguém em particular.
Hu QiShuang teve três discípulos, o mais velho era pai de Jiang ZhengHe, que vinha a ser o atual líder da seita. Os outros dois ocupavam as posições de Primeiro e Segundo Lorde de Cheng Fu. Embora não tivesse laços de sangue, os três possuíam uma relação muito próxima, portanto, Jiang ZhengHe chamava os irmãos marciais do pai de tios.
