Capítulo 32

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Draco Pov

Já haviam se passado vários dias desde a ida a praia. Potter, Gina, Hermione, Fred, George, Sirius, Angelina e Cedrico resolveram voltar lá no dia seguinte, mas eu optei por ficar em casa. Odeio praias. Fleur e Gui passaram alguns dias na casa, mas acabaram tendo que ir embora mais cedo já que Fleur havia sido chamada de última hora para desfilar com alguns looks de verão em um evento perto da cidade

Agora eu me encontrava no quarto lendo. Potter havia descido até o jardim para jogar pebolim. Eu e ele não tivemos mais relações desde o dia da festa, apenas trocamos alguns olhares e passadas de mão boba, eu sabia que ele estava tentando se manter firme apesar de ter aceitado o acorde. Potter era muito orgulho e queria que eu iniciasse algo, o que eu claramente não ia fazer, visto o jeito como ele parecia implorar através dos olhares todas as vezes que eu ameaçava beija-lo. Beijar Potter foi ótimo desde a primeira vez, mas vê-lo se torturando assim enquanto fervilha de desejo todas as vezes que eu o jogo contra a parede ou sussurro em seu ouvido é maravilhoso

Iríamos embora amanhã, então resolvemos fazer uma última festa hoje a noite para a despedida, com muita bebida e karaokê. A bebida me deixava bem mais a vontade e relaxado e eu sabia que não iria resistir se Potter viesse me provocar enquanto estava bebado, então meus planos incluem não beber muito essa noite

No dia da praia foi bem estranho ter uma conversa mais profunda com Potter. Ele me perguntou sobre minhas cicatrizes e eu sobre as dele. Fiquei mexido com aquilo. Falar do meu pai não era um assunto fácil para mim

Lembro de cada detalhe do dia em que ganhei as cicatrizes

Meu pai estava brigando com minha mãe porquê algumas notas de dinheiro haviam sumido da sua carteira. Ele insistia que minha mãe havia pegado e a ficava pressionando para confessar algo que ela não fez

Eu sabia que minha mão não tinha roubado o tal dinheiro. Passamos o dia cozinhando juntos enquanto meu pai estava por aí saindo com outras mulheres e vendendo coisas ilícitas. Minha mãe tinha se arrumado mais nesse dia, apesar de tudo que meu pai fez ela ainda gostava dele. Ela se culpava por isso, por gostar de um cara como ele. Muitas vezes eu a vi chorando no banheiro depois das brigas

Quando meus pais brigavam minha mãe arrumava nossas coisas dizendo que íamos embora, mas meu pai a manipulava até inverter a situação tentando se passar por vítima da história. Infelizmente minha mãe sempre era afetada pelas manipulações. Ela se sentia horrível, ia para o banheiro chorar e se culpar, ela não queria chorar perto de mim, não queria que eu a visse naquela situação

No dia da tal briga, minha mãe havia se arruma mais. Era o aniversário de casamentos deles e ela esperou meu pai o dia todo. Cozinhamos coisas gostosas para o jantar e ela prometeu que aquele dia seria incrível. Quando ouvimos o barulho da porta sendo destrancada mamãe se olhou no espelho ajeitando o cabelo e sorriu para mim. Era muito raro vê-la alegre daquele jeito

Mas tudo foi por água abaixo quando meu pai a pegou pelo braço e a arrastou até a sala. Eles brigaram e gritaram um com outro por vários minutos, até que ele a acertou com um tapa. Aquela cena se repetiu na minha cabeça várias vezes, o som estalado do tapa ecoando pelas sala e o modo como sua cabeça virou para o lado. Foi tudo muito rápido, eu apenas fui para cima dele e o acertei com um soco, eu estava transtornado, minha visão estava embaçada e eu ouvia minha mãe gritando. Meu pai me jogou contra ao espelho e o mesmo se quebrou fazendo vários cortes em meu corpo. Apesar da dor eu me levantei e voltei a ir para frente para revidar

Esse dia ainda me assombra, assim como muitos outros e eu sei que são cicatrizes das quais nunca vou me livrar. Elas vão muito mais além de uma lesão na pele, elas estão marcadas em minha alma e a muito tempo eu tento esconde-las juntos de todas as lembranças que eu tenho de tudo que passei naquela casa

Luz, Câmera, AçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora