Luz, Câmera, Ação

Capítulo 36

Harry se levantou do chão onde estava ajoelhado junto de seu padrinho. Ele sentia seus pés o prenderem no lugar e um nó embrulhava o estômago quando os pensamentos sobre como sua vida poderia ter sido sem o acidente, passavam por sua cabeça em um misto de dor, raiva e saudades

-Não te trouxe aqui para te deixar triste Harry- Sirius diz. Ele carregava na voz um tom de compreensão, ele entendia Harry. James Potter era seu melhor amigo, ele era como um irmão para Sírius. Se lembra perfeitamente de como foi doloroso para ele chegar em casa e olhar para todas as fotos penduradas na parede, fotos dos amigos em viagens, encontros ou até mesmo fazendo poses engraçadas no sofá velho e surrado da garagem, onde se juntavam para conversar e se divertirem após uma semana longa de trabalho

Sirius deu uma pausa para se levantar também. Ele passou as mãos pelo cabelo bagunçado do afilhado em um carinho terno

-Sei que as vezes as lembranças podem doer Harry, e muito eu entendo. Mas o que eu queria te mostrar vindo até aqui é como seus pais te amavam e ainda amam você- diz olhando ao longe para o mar em tons azulados- Quando você era mais novo eu acabei comentando com você sobre esse lugar, e você me fez prometer que te traria aqui quando tivesse idade suficiente pra isso- ele suspira- Seus pais amavam você Harry e teriam muito orgulho do que você se tornou, de tudo que você enfrentou e enfrenta. Você sempre vai carregar uma parte de cada um deles junto de si. Você é fruto do grande amor de James e Lily Potter, é um menino maravilhoso assim como todos tínhamos certeza de que seria, filho

Harry não disse nada. Ele não queria dizer nada, estava tocado por toda decorrência de fatos que se seguirá, ele só precisava de um abraço e palavras de conforto, então agradeceu mentalmente quando Sirius o puxou para um abraço

-Aqueles que nos amam nunca nos deixam de verdade- Sirius diz e uma de suas mãos pousam sobre o peito do garoto- Você sempre pode encontrá-los... Aqui

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Draco se encontrava na sacada do quarto de hóspedes, seus olhos divagavam por todos aqueles tons de azul pinceladas de laranja que mar trazia consigo. Sua mente estava uma bagunças e a névoa de preocupação e dúvidas não o deixa em paz. A viagem acabará mexendo com o loiro e ele sabia bem o motivo disso

Ele passará muito tempo construindo barreiras e evitando tais sentimentos de tomarem conta de si. Draco já se decepcionou muitas vezes com pessoas que ele considera de bom coração. A casa trauma causando pelo homem que se referia como pai, cada decepção de amigos e pessoas que só se aproximaram por interesse. Tudo isso o fez passar anos levantando cada muro das barreiras de proteção que cercavam o coração e a mente de Draco Malfoy. Mas então lá estava Potter destruindo tudo que Draco havia feito, derrubando cada pilastra daquela grande barreira de bloqueios

O loiro não sabia ao certo o que Potter causava em si, ele sentia um misto muito grande de raiva e alegria e isso o deixava confuso demais. O humor de Potter se transformava rápido de mais e Draco não sabia de dizer se isso era bom. Em uma hora estavam se xingando e desejando não se aproximarem mais um do outro, e na outra estavam rindo juntos como velhos amigos. Isso era estranho e por mais que Draco tentasse entender o que estava acontecendo ele não achava quaisquer respostas

Para Draco pessoas eram como peças de um quebra-cabeça, você precisa ir montando aos poucos para entender, precisava ter a paciência em encaixar peça por peça até obter a resposta por completo. Sempre foi fácil entender o que se passava com cada um

Mas Potter era impossível, ele não se encaixava em lugar algum, por mais que Draco tentando a todo custo finalizar o quebra-cabeça, sempre faltava algo, alguma peça. Potter era assim, difícil de entender, impossível na verdade. E isso irritava Malfoy na mesma intensidade em que o atraía

A única coisa que ele tinha certeza sobre sua relação com o moreno, era de como se dão bem na cama. Quando seus corpos quentes e molhados se tocam causando-lhes faíscas de eletricidade e fazendo com que os sentimentos transbordassem por todos os lados. O modo como o beijo possuía o encaixe perfeito, como os lábios de Harry pareciam ser feitos para Draco, assim como os de Draco pareciam ser feitos para Harry. Os fios loiros quase brancos, se misturavam aos fios cor de chocolate, enquanto se deitavam esparramodos na cama após uma noite intensa

Era tudo muito bom, muito viciante. A adrenalina, a competitividade em tentar não ceder, a raiva se misturava aos demais sentimentos deixando tudo muito melhor

Na hora em estavam fazendo sexo ou apenas se agarrando em algum canto descreto, apesar de toda sua relação com Potter, Malfoy se sentia... leve, como se um peso fosse tirado de suas costas. Porque naquele momento enquanto estava agarrado a Harry, ele não precisava se preocupar em mais nada além de dar prazer ao menor enquanto se afogava nos beijos saborosos e nos toques suaves

Draco se assustou quando a porta se abriu e Harry entrou ajeitando os óculos como sempre fazia quando estava envergonhado

Os olhos verdes estavam chorosos e suas bochechas mais rosadas que o normal, assim como a ponta do nariz. Trazia consigo uma expressão distante, pensativa e dolorosa

-Você está bem?- as palavras despejam de sua boca como água e Malfoy se culpa mentalmente ao sentir os olhos do moreno sobre si- Parece horrível- completa na falha tentativa de sair como indiferente

-Estou, só saí para dar uma volta- Harry responde, ele abre um sorriso pequeno e se vira para pegar mala- Vamos, todos já estão prontos e eu quero pegar meu lugar na Kombi logo. Vai ser uma longa viagem

-Se você voltar a me irritar outra vez eu juro que te jogo pela janela- Draco diz ao lembrar de Harry o cutucando na Kombi enquanto o restante do pessoal brigava por algo que o loiro não deu tanta importância

A verdade é que mesmo no meio de toda a confusão e a gritaria, os pensamentos de Malfoy o levavam sempre a Potter, como um ímã. Em como ele se sentava na poltrona, como seu rosto de desmanchava em uma careta quando algo o irritava e o grande carinho que ele demonstrou ter por Cedrico

Malfoy não admitiria nem para si mesmo, mas aquela proximidade entre Cedrico e Harry o incomodou no início da viagem. Sabe-se lá o porque

Harry por outro lado não estava tão diferente, apesar de toda a gritaria, seus pensamentos sempre davam um jeito de se voltarem para o loiro sentando ao seu lado. Por mais que ele tentasse desviar esses pensamentos, acabava se tornando algo inevitável

E assim como em todas as vezes que conseguem a oportunidade de ficarem sozinhos, Harry sentiu vontade de beijar os lábios rosados do loiro estúpido a sua frente

Um arrepio percorreu seu corpo enquanto ele se repreendia mentalmente. Todos os pensamentos que havia guardo no canto mais fundo de sua mente pareciam querer vir a tona e se despejarem como o céu em um dia chuvoso que joga ao mundo todos os seus tormentos, através das gotas grossas de chuva

-Vamos- diz dando as costas para Malfoy que o puxa pelo pulso e o vira de frente para si. O loiro se aproxima e pousa os lábios sobre o pescoço do menor, em um beijo rápido, mas o suficiente para faze-lo arrepiar

-Eu vou do lado da janela- diz com a voz baixa e arrastada e se a afasta rindo divertido de como Harry pareceu congelar no lugar em que estava

Foi só após alguns minutos que o menor se deu conta de que Draco estava se referindo aos lugares da Kombi e se apressou em sair do quarto ainda atordoado pela brincadeirinha do loiro

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Espero que estejam gostando. Eu não costumo escrever os capítulos desta forma, na maioria das vezes faço através do ponto de vista de algum personagem específico, então peço desculpas se estiver um pouco ruim kkk

No próximo capítulo vamos ter a volta da viagem na Kombi e do caos-

Até <3