Capítulo 1: Quando a festa acaba

590 60 50
                                    


Ohm estava observando a porta a sua frente já há alguns minutos e pensava se ele deveria ou não entrar, se fosse apenas por sua vontade ele sequer teria dirigido até ali, ele estaria em seu quarto enrolado embaixo das cobertas, provavelmente jogando vídeo game ou vendo alguma série qualquer da Netflix, qualquer programa por mais desinteressante que fosse seria melhor do que estar ali mas ele precisava estar ali pelo seu melhor amigo. Nanon nunca sabia a hora de parar nas festas e Ohm é o único que se importa o suficiente para cuidar dele, até em seu estado mais deplorável.

— Vai ficar parado aí por mais quantas horas? — Uma voz atrás de si fez ele sair de seus pensamentos e olhar para trás, aonde viu Sing, um de seus colegas de faculdade, o encarando.

— Desculpa — Ele saiu de frente da porta e deu espaço para o garoto e as demais pessoas que estavam com ele entrarem.

— Tudo bem... — Ele disse para si mesmo assim que os outros passaram por ele, ele aproveitou que a porta estava aberta para entrar também, a música ficou ainda mais alta e isso deixava Ohm com vontade de sumir dali mas não, ele não podia, ele precisava entrar, pelo menos pra ver se Nanon estava bem e depois talvez esperar ele no carro.

Ohm entrou na festa que ficava depois de uma cortina preta, o lugar estava cheio de luzes, barulhos e odores, nada daquilo era convidativo para os sentidos dele, ele não sabia como seu amigo conseguia frequentar lugares assim com tanta frequência. Se fosse ele, já estaria louco.

— Pawat! Não esperava te ver por aqui — Alguém gritou em seu ouvido e quando ele olhou para o lado era Prig, sua ex namorada.

— Oi — Ele gritou de volta já que por causa da música um tom de voz normal não seria audível ali.

— Você sempre disse que não gostava de festas — A garota disse enquanto continuava mexendo seu corpo junto com a música.

— Não gosto. Estou procurando o Nanon, você viu ele?

— Nanon... ah claro que está por causa dele, você sempre se importou demais com ele. Toma cuidado, sua namorada vai ficar com ciúmes - Ela disse com um pouco de desgosto em sua voz.

— Eu não tenho namorada.

— Não me surpreende — Ela disse antes de se virar em direção ao seu grupo de amigas sem sequer esperar uma resposta de Ohm, digamos que a relação deles não terminou de uma maneira muito agradável.

Ohm não julgava Prig por dizer aquilo, ele julgava a si mesmo por saber que as palavras dela eram verdadeiras, ele vazia tudo e ignorava complementarmente as outras pessoas por causa de Nanon mas ele não tinha culpa de Nanon ser a única pessoa no mundo com quem ele se importa além de seus pais e seu irmão.

Ele começou a andar pela festa tentando não esbarrar em ninguém para não acontecer de levar um banho de alguma bebida, e após recusar vários copos de cerveja e algumas pessoas que queriam dançar com ele, ele finalmente viu Nanon. O garoto estava sentado em um sofá com sua cabeça jogada pra trás e um copo de bebida pela metade em suas mãos, ao seu lado tinha um casal se beijando enquanto fumavam, Ohm não era de julgar o que as outras pessoas faziam mas aquilo era extremamente nojento.

— Non...— Ohm se abaixou ao lado de Nanon e deu alguns tapinha para ver se ele acordava mas nada do garoto.

Ele foi até ao bar da festa, que não ficava muito longe daquele sofá, para ver se conseguia cubos de gelo e talvez um copo de água gelada.

— Água em uma festa? — O barista perguntou e em seguida deu uma leve risada.

— Não é pra mim, é para o meu amigo, ele não tá bem — Ele apontou para Nanon.

— Ah! Ele é seu amigo? Bem... Ele realmente não está bem — O homem disse e abaixou para pegar uma garrafa de água.

— Eu cheguei agora pra buscar ele, ele bebeu tanto assim?

— Ele vem em festas aqui com muita frequência mas essa é a primeira vez que eu vejo ele chegar nesse estado. Ele chegou aqui hoje com o rosto inchado, estava chorando e reclamando muito. Bebeu três vezes mais do que o de costume...água não vai ajudar.

Ohm virou sua cabeça para ver Nanon deitado ali e seu coração doeu, ele não sabia o que tinha acontecido mas mesmo assim ficava sentido, odiava ver Nanon daquele jeito.

— Você não deveria ter deixado ele beber até esse ponto. — Ele disse para o barista.

— Desculpa, ele não é meu filho para eu ser babá — Ele disse e começou a atender outras pessoas, Ohm não pode evitar em ficar um pouco irritado mesmo sabendo que o barista não tinha culpa da irresponsabilidade de seu amigo.

Ohm voltou para o sofá com a garrafa de água, que naquela situação séria inútil, então apenas levantou Nanon, e com ele apoiado em seus ombros, pagou a conta altíssima do amigo e o levou para o carro com bastante dificuldade. O caminho foi calmo já que Nanon nem sequer acordado estava para fazer algum barulho ou incomodar de qualquer forma que fosse. Ohm pensou se o levava para casa ou para um hospital, no final decidiu levá-lo para casa já que sabia que ele iria reclamar por uma semana se acordasse em uma cama de hospital.

— Precisa de ajuda? — O porteiro perguntou assim que viu os garotos passarem pela porta do prédio, Ohm logo assentiu. Ele era forte mas carregar Nanon com o corpo completamente mole não era uma tarefa fácil. Junto com o porteiro eles foram até o elevador, Ohm agradeceu ao porteiro e subiu até o andar do apartamento que dividia com Nanon. Naquelas horas Ohm agradecia por seu apartamento ser o mais perto do elevador.

Assim que abriu a porta a primeira coisa que ele fez foi jogar Nanon na cama, seus ombros sentiram um alívio enorme. Ohm tirou os sapatos, a camisa e calça de Nanon deixando ele apenas de cueca, depois colocou a cabeça do amigo para o lado para não correr o risco dele engasgar com o próprio vômito durante a madrugada.

Ohm pegou no sono assim que repousou a cabeça na cama. Ele tinha passado a manhã toda na faculdade por causa de um projeto, depois visitou seus pais, foi para a academia e então foi buscar Nanon, ele estava exausto.

No meio da madrugada ele acordou com barulhos altos vindo do banheiro e assim que viu que Nanon não estava deitado, ele levantou rapidamente da cama e correu para o banheiro quase escorregando em vômito que estava no chão, ele olhou para Nanon e o mesmo estava vermelho, vomitando horrores no vaso, ele estava todo sujo e suado, Ohm observou Nanon daquele jeito e pensou que se fosse qualquer outro amigo, ele não teria tanta paciência, o estado de Nanon era horrível, qualquer pessoas sentiria nojo mas Ohm sentia pena.

Ohm se ajoelhou ao lado de Nanon e o ajudou até que não houvesse mais nada para sair, depois levou ele para o chuveiro e o limpou, isso com Nanon relutante e dizendo coisas que sequer faziam sentido, Ohm teve um grande trabalho para cuidar dele mas depois de limpo, ele não demorou muito para dormir de novo.

Ohm tentou dormir mas não conseguiu, ele estava preocupado demais e com medo da situação se repetir então o sol nasceu com Ohm vigiando Nanon enquanto ele dormia. Ohm sempre cuidava de Nanon, ele se importava demais, mais do que gostaria, ele sentia seu peito ficar cada vez mais apertado toda vez que via Nanon bêbado daquele jeito, ele sentia que um dia tudo isso iria o destruir.



























Os Nove Corações Partidos - OhmNanonOnde histórias criam vida. Descubra agora