Fireflies • SunJay

00. Prólogo: Did you get enough love?

Você teve amor o suficiente?

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No dia em que resolvi ser honesto com você, haviam tantos vaga-lumes voando sobre a grama alta que era impossível contá-los. Abaixo do salgueiro, os insetos e sua mágica luminescência foram como estrelas que testemunharam minha declaração de amor que foi bem desajeitada, apesar de eu ter ensaiado o momento um milhão de vezes na minha mente.

Aquela vez, segurando suas mãos pequenas como se fossem âncoras me impedindo de fluar para outras terras, foi a primeira em que fui sincero e encarei algo que me dava tanto medo ㅡ naquela noite eu havia aberto meu peito de bom grado.

Eu já me sentia fora do meu corpo, e foi quando seus lábios se moveram timidamente e balbuciaram "eu também gosto de você" que eu transcendi de vez. Suas bochechas ficaram tão vermelhas como maçãs do amor, mas seus olhos não desgrudaram dos meus nem por um segundo sequer.

Naquela noite, beijar a sua bochecha e passar um par de horas olhando para o céu enquanto lhe fazia carinho nos cabelos castanhos fora mais do que o suficiente para me deixar acordado pelo resto da madrugada. Meu coração e meu cérebro entraram num consenso e simplesmente não me deixavam pregar os olhos mais do que dois segundos.

Eu mal via a hora de te ver novamente na manhã seguinte. Se eu não fosse tão certinho, teria fugido escondido do meu dormitório e ido até o seu quarto, mas meu medo de ser pego por algum de nossos professores me fez esquecer a ideia.

Nós éramos tão felizes... Nós fomos tão felizes...

Mas por que terminou comigo tão de repente? Ir para outra cidade não é grande coisa, sabe, Sunoo...
Me diz, você cansou de mim, foi isso? Teve amor o suficiente e então me largou? Honestamente nada disso faz o mínimo sentido.

Fazia apenas uma semana desde o nosso término; "é uma ferida aberta", era o que meus amigos diziam. "Você vai superar", eles tentavam me convencer, e afirmavam que era muito mais fácil superar um cara do que uma garota. Não sei de onde tiraram essa ideia de merda.

Estávamos bem juntos, nós sequer discutíamos. Não posso aceitar um final que simplesmente não fazia sentido.

Eu lia suas anotações, diários, arquivos... tudo o que podia. Consumia cada sílaba como se fosse a última, entrando cada vez mais no mundo no qual vivia, e que ninguém ao seu redor sabia a respeito. Eu consumia cada vírgula e cada ponto, tentando entender o que te levou a fazer o que fez.

Em minhas memórias, eu caçava fragmentos de você, vasculhava inclusive os momentos mais antigos de nós dois ㅡ aqueles que outros chamariam de triviais ㅡ; respirava até mesmo os seus suspiros, desesperado em encontrar qualquer sinal, qualquer coisa que eu havia deixado passar.

A verdade é que eu fui cego, e você sempre foi um bom mentiroso.

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