Capítulo 1 - A volta dos que não foram;

110 12 9
                                    


Para minha família.

Em memória do meu pai, aquele que foi meu herói.

Para toda galera do twitter que me dá uma injeção de animo para escrever.

Como sempre, para Lord. Meu sol.




CAPÍTULO 1 . A VOLTA DOS QUE NÃO FORAM.



'Quando você conhece uma pessoa, não se esquece dela.' — A viagem de Chihiro.


Little Wonders — Rob Thomas ��



Agora,


AINDA sou capaz de me recordar a primeira vez que vi A Viagem de Chihiro. Não tinha mais idade que Boruto ou Sarada tem hoje. Naquela época pequenos detalhes e profundas filosofias valiam tanto para mim quanto dinheiro no meio do deserto do Saara. A beleza para mim estava na animação, o traço, o colorido e as formas. Aquilo despertaria em mim o amor pela arte.

Na adolescência, enquanto me descobria e desenvolvia, aquele filme tomou outras formas e contornos. Lembro ainda do primeiro dia que pintei um quadro sobre Haku. Misturei tons de branco e pincelei por cima prata; dependendo de como a luz batesse o corpo draconiano de Haku brilharia como água contra a tela. Nesta idade comecei também a raspar a superfície da filosofia oriental presente no filme. Sobre amizade, amores sem a paixão sexual ardendo, sobre autodescobertas e sobre redescobertas sobre si mesmo. Sobre conhecer o outro, se conectar e sentir. Sobre conhecer aquele alguém que ficará a ferro e fogo marcado na sua alma.


Eu esperei encontrar alguém assim, como todo mundo, eu acho. Hoje em dia batalhava para apagar isso da minha mente.


Tudo começou com o início das aulas. Quando deixei a casa dos meus pais para a irmandade da faculdade. Não era exatamente uma irmandade oficial, uma vez que irmandades mistas não eram concebidas. Eu não podia ir a uma masculina e definitivamente não queria ficar em uma feminina, e foi aí que esbarrei no anúncio da Akatsuki. Era uma casa anormalmente grande herdada por algum 'Riquinho rico' que cursou a faculdade em algum momento nos anos 90. No hall de entrada estava a foto dos fundadores, o grupo de amigos que morou lá primeiro. Meu primo Obito era parte deles, foi através dele que descobri esse casarão. Lá o aluguel era mais barato, podia-se ir andando para faculdade e era um dormitório misto uma vez que não estava sob a jurisdição da faculdade.


Era perfeito para mim.


Meu tio Madara foi quem me levou até lá. No carro, enquanto ele bebia uma garrafinha de água saborizada de limão e eu bebia minha coca-cola, ele se sentiu no dever de fazer as vezes de meu pai. Aquela conversa sobre: bebida de mais, drogas serem um caminho para a autodestruição e camisinha ser um ponto muito importante. Ele estava certo, mas eu não queria ter aquele papo com o meu tio!


Minhas coisas ficaram no quarto que dava para a frente da casa. O quarto que algum dia foi do meu primo. Era amplo com um armário embutido na parede e uma cama de estrutura de ferro. Trouxe meu próprio colchão e roupas de cama. Meu tio ajudou a subir com malas, telas e o cavalete. Levei eu mesmo material de pintura. Eu trabalharia em uma loja de quadros meio-período após as aulas. Com sorte venderia até alguns meus lá. O curso que escolhi, apesar do meu amor pela arte, foi minha primeira paixão: a arte das letras. Eu faria literatura. Por mais estranho que pudesse soar, queria ser professor.

An Ordinary FamilyOnde histórias criam vida. Descubra agora