summer breeze [jeongcheol]

1.

Talvez tivesse exagerado um pouquinho.

Essa foi a primeira coisa que veio a minha mente quando encarei meu carro abarrotado de coisas dando a impressão de que iria literalmente começar vida nova em outro lugar. Certamente havia exagerado depois de muitos anos sem fazer ideia do que era tirar férias.

Desde que comecei a trabalhar com a minha mãe em sua fábrica de bolos, nunca tive um tempo para realmente descansar. Nós trabalhávamos dia e noite e entregávamos o melhor bolo de toda a cidade. A fábrica cresceu ainda mais depois do curso de confeiteiro em que me formei. Nunca pensei que me divertiria tanto estudando apesar de sempre ter estudado na época da escola. Minha mãe conversou comigo mais vezes do que era capaz de lembrar, deixando bem claro que não era porque eu a ajudava na fábrica que deveria me formar em algo nessa área e que eu deveria me sentir livre para seguir a carreira que desejasse.

Bom, não existia nada que eu fizesse tão bem quanto bolos utilizando a nossa receita de família, então quando entrei na faculdade estava bem seguro sobre a minha escolha e o que queria de verdade.

Passava noites em claro estudando ou preparando encomendas e na maioria das vezes escutando minha mãe me expulsar da cozinha para que eu não me sobrecarregasse e de verdade, não me importava de fazer tudo ao mesmo tempo, nunca me importei, sempre fui assim. Então depois de alguns anos nessa batida de casa e trabalho, juntei tudo que havia guardado e com o total apoio de minha mãe, aluguei uma casa de praia e tirei alguns dias de férias merecidas.

Decidi que iria de carro, já que sempre gostei de dirigir e pegar a estrada pela primeira vez me fez lembrar o quão incrível é a natureza e esses momentos que são únicos. Conquistar os seus objetivos com seu próprio esforço, essa sensação de que cada momento valeu a pena, sem nenhum arrependimento. Me sentia feliz e satisfeito.

Demorei menos tempo do que o esperado e não me perdi para encontrar a casa. Não era nada muito elegante, mas parecia confortável de sua própria maneira. Levei algum tempo até conseguir tirar tudo do carro enquanto escutava o barulho das ondas naquele final de tarde. Passei o restante do dia arrumando o lugar que chamaria de lar por um tempo e quando o brilho da Lua iluminou toda a praia, fechei a porta de casa e caminhei tranquilamente até meus pés encontrarem o gelado da água salgada.

Era deslumbrante e quase inacreditável toda aquela imensidão. Aquela era a terceira vez que via o mar na vida e nas duas primeiras vezes só lembro de ter ficado brincando o tempo inteiro jogando água na minha mãe. Agora com vinte e cinco anos recém feitos, normalmente tendemos a prestar atenção em coisas que pareciam extremamente comuns em nossa infância e apreciar os pequenos detalhes. Passei algumas horas sentado na areia apenas apreciando a vista antes de sentir meus olhos pesarem e decidir entrar em casa para dormir.

Por ser a primeira vez dormindo de casa sem nem a minha mãe por perto, confesso que demorei um pouquinho para cair no sono, mas depois de conseguir, tive uma noite serena e tranquila.

Acordei com os raios de Sol entrando pela janela. Levantei da cama num pulo animado com o que poderia fazer naquele novo dia. Preparei meu café da manhã e comi o suficiente para que a fome não me atrapalhasse por algumas horas. Peguei apenas o básico antes de sair para conhecer um comércio que tinha visto ao passar de carro no dia anterior. Cumprimentei todos pelo caminho e me apresentei, já que passaria por aquele lugar todos os dias agora.

— Choi Seungcheol? Alugou aquela casinha depois da virada? — Um rapaz que parecia da minha idade e estava vendendo souvenirs e dando informações para turistas respondeu ao meu cumprimento. — É um prazer conhecê-lo, sou o filho da proprietária.

— Da Senhora Kim? — Arregalei os olhos com a surpreendente revelação. — É muito bom ter a oportunidade de conhecê-lo. A Sra. Kim foi extremamente simpática e compreensiva em toda a nossa negociação!