capítulo 01

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                                  Sam
                         Agosto de 1936

Estávamos em família jantando em um restaurante, conversando e comemorando a volta de papai do exército, ficamos felizes por vê-lo depois de meses em uma missão. Quando um homem passa por nós com olhar de desprezo.

- Essa gentinha realmente não sabe o seu lugar - ele resmunga se sentando na mesa atrás de nós.

- O que disse? - papai pergunta com um pouco de raiva pela fala do homem.

- Eu disse que gentinha como vocês não sabem o seu lugar - o homem diz, dessa vez falando diretamente ao meu pai.

- Sabe quem eu sou? - meu pai fala se levantando e indo até a mesa onde o homem estava - deveria ter respeito, por mim e pela minha família.

- Sei bem quem você é - diz se levantando também - vi que você é um soldado, mas não devo respeito a gente da sua cor. É melhor você e sua família irem embora, aqui não é o lugar de vocês.

As pessoas em volta começam a olhar na nossa direção, eu e Sarah ficamos calados até que nossa mãe se levanta indo até meu pai.

- Venha querido vamos embora, nós já terminamos de comer e não vale a pena estragar a noite brigando - ela diz segurando no braço dele.

- Tem razão, vamos - ele concorda tirando a atenção do homem a sua frente.

Quando saímos do restaurante e estávamos indo ao nosso carro para ir embora, o mesmo homem que discutiu com meu pai sai do estabelecimento e anda até nossa direção.

- E é melhor vocês não voltarem mais aqui, seus escravos de merda - ele grita nos ameaçando.

Aquilo foi a gota d'água para meu pai, quando o vi já estava indo até o homem fechando os punhos com muita raiva, ele acerta vários socos no rosto dele o fazendo cair no chão. Nós corremos para tentar impedir que acontecesse algo pior, quando vimos já era tarde, o homem acerta dois tiros em meu pai e minha mãe na reação de tirar a arma da mão do homem para que ele não atingisse mais ninguém acaba sendo acertada também com dois tiros. O homem vendo o que acaba de fazer apenas vai embora, Sarah corre até nossos pais gritando por socorro até que as pessoas começam a se aproximar para ajudar e para chamar a ambulância.

Eu apenas ficava parado, olhando para os meus pais caídos no chão e ao mesmo tempo para Sarah que gritava e chorava sem parar, meus olhos se encheram d'água e observei trêmulo eles sendo levados para a ambulância. Eu não escutava mais nada ao meu redor, apenas ouvi Sarah dizendo para que eu esperasse em casa enquanto ia para o hospital na ambulância junto com os dois.

Eu andava pelas ruas desertas em direção a minha casa ainda trêmulo, quando eu digeri tudo que tinha acontecido senti as lágrimas escorrerem pelo meu rosto, estava desesperado e com medo, não podia acreditar que aquilo havia acontecido com os meus pais. Comecei a questionar em minha própria mente, "por que isso tinha que acontecer com eles?", "por que as pessoas são tão preconceituosas?", "por que aquele homem apenas não nos deixou jantar em paz?", "por que eu não fiz nada para ajudar?",  pensei nessas e muitas outras coisas até que os únicos pensamentos que passavam pela minha cabeça era que a culpa era minha, eu devia ter impedido o homem, devia ter defendido o meu pai, eu fui um fraco e talvez nada disso teria acontecido se eu tivesse feito alguma coisa. Saí do transe que eu estava quando senti as mãos de alguém no meu ombro atrás de mim, me assustei e me virei rapidamente vendo que era Riley meu melhor amigo.

- Calma Sam, sou eu - disse afastando as mãos.

Quando o vi fiquei mais aliviado, estava tão assustado com tudo o que tinha acontecido que pensei que fosse o mesmo homem de antes.

- O que aconteceu? - ele pergunta preocupado vendo o meu estado.

Eu não conseguia dizer nada, apenas o abracei com força e desabei em seu peito, ele retribuiu o abraço me deixando mais calmo e assim que me recuperei disse a ele tudo o que aconteceu, ele ficou sem reação no início e então disse que iria me acompanhar até em casa e iria ficar até recebemos notícias de Sarah do hospital. Minutos depois de chegarmos o telefone toca e rapidamente eu atendo, era Sarah chorando desesperada.

- Sam eles... eles se foram - disse com dificuldade por estar chorando sem parar.

Meu coração parou por um minuto quando ouvi aquilo, não estava acreditando no que eu tinha ouvido, desejei que Sarah estivesse mentindo porquê eu simplesmente não conseguia imaginar minha vida sem meus pais, as pessoas que eu mais amava naquele mundo. Logo os pensamentos de culpa invadiram minha mente novamente,  agora eu tinha certeza de que a culpa era minha porquê eles morreram e eu não fiz nada para impedir.

                                 Hoje

Estamos no fim da guerra e creio que em menos de dois meses estarei em casa novamente, estou no meu dormitório escrevendo uma carta para Sarah como sempre faço quando Riley chega por trás e pega o papel de minhas mãos.

- Está escrevendo uma carta para sua nova namorada Sam? - ele me pergunta com um sorriso de lado, tentando ler o que estava escrito.

- Sam Wilson namorando? - Steve chega logo em seguida rindo - quem é a sortuda?

- Ninguém - respondo para Steve - na verdade não sei do que Riley está falando.

- Vai me dizer que Vanessa não é sua namorada, vocês se encontraram todas os dias antes de vir pra guerra - Riley diz rindo também.

- Ela é só uma amiga - digo pegando a carta de volta -, e não que seja da conta de vocês mas eu estou escrevendo para a minha irmã.

Os dois riem e vão direto para suas camas enquanto eu termino  de escrever a carta para Sarah, assim que acordar amanhã vou para a enfermaria e peço para que Natasha envie a carta para mim.

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