4. fique em meus braços

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𝐃𝐀𝐍𝐈'𝗌 𝗉𝗈𝗂𝗇𝗍 𝗈𝖿 𝗏𝗂𝖾𝗐

No momento exato em que pronunciei  tais palavras, uma garota de cabelos ruivos cacheados e olhos castanhos entrou no quarto. Era a mesma que havia se apresentado na audição um pouco mais cedo.

Maria em um gesto claro de empolgação pôs-se logo em frente da garota:

─ Você deve ser a garota nova né? Prazer eu sou a Maria e ela a Dani. ─ ela sorriu e estendeu a mão para a mesma.

─ Prazer, eu sou a Morgana. ─ a novata respondeu com um sorriso largo e a cumprimentou de volta.

─ Vai se acostumando novata, que ela é animada o dia inteiro. ─ dei uma risada e Maria me olhou fechando o sorriso.

Nós dissemos a Morgana que ela havia chegado na hora certa porque precisávamos montar uma banda.

Foi nesse momento que eu tive uma ideia, eu também deveria chamar a Kauana. Tenho certeza que ela possuía muito talento e seria bem mais fácil de ganharmos.

Resolvi não contar para as meninas porque primeiro queria conversar com a patricinha. Apenas disse que o prazo para a inscrição era até amanhã, então teríamos mais tempo de pensar em um nome criativo para a nossa banda que o Vinicius e os colegas de quarto dele também iriam participar.

[...]

Quando chegou a noite, quis sair do quarto para relaxar um pouco. Depois de um primeiro dia de aula cheio, a minha cabeça estava pensando em um milhão de coisas, principalmente na competição.

Na realidade, o caso é mais sério porque eu tenho ansiedade e convivo com isso desde os 10 anos. Nunca fui atrás de ajuda psicológica por conta da minha família que acredita que ansiedade ou depressão sejam "frescura" e eles são totalmente ignorantes em pensar nisso.

Eu tinha crises quando mais nova, sentia como se algo me sufocasse por mais que eu tentasse voltar a respirar regularmente. O meu coração acelerava e a dor e o medo tomavam conta do meu peito.

Com o tempo eu fui melhorando e não tenho mais crises, porém o meu nível de ansiedade ainda é um pouco elevado.

Levantei da cama tentando não fazer muito barulho mas Maria que parecia não ter pegado no sono direito, acordou gritando.

Apenas olhei desentendida para a mesma que estava com cara de assustada e voltei a descer da cama. Ela questionou onde eu iria e respondi que queria dar uma volta.

Ela me olhou preocupada e disse que não era permitido sair do quarto após as 22h, que se me pegassem eu estaria ferrada e poderia levar uma advertência caso não tivesse uma boa justificativa.

Dei de ombros e coloquei o meu vape no bolso e meus fones apoiados no pescoço, tentando fazer o mínimo de barulho possível ao fechar a porta do quarto.

Caminhei até o jardim que era bem grande por sinal, possuía algumas árvores e pinheiros. Eu diria ser um bom cenário de escolas cinematográficas.

No caminho do jardim para a quadra enquanto tragava, ouço uma voz baixa no telefone e eu não teria como deixar de reconhecer. Era a voz dela.

─ Eu sei mãe, eu sei. Farei de tudo para ganhar a competição, eu prometo... Tá bom, mas você não pode me julgar por ter perdido o ano passado os outros eram muito bons também... Sim, perder não é uma opção. Eu prometo que irei me esforçar mais.

Percebi a sua voz ficar a cada palavra mais fraca, como se estivesse ao ponto de chorar. Nesse momento ela desligou o telefone e ouvi passos se aproximarem.

Ela acabava de passar pela minha frente e coloquei a mão sobre o seu ombro.

─ Ei, você tá bem?

Kauana se virou e percebi os seus olhos encharcados e uma lágrima cair do seu rosto.

─ Eu estou sim... me deixa. ─ ela tirou a mão que eu havia apoiado em seu ombro e deu de costas.

─ Claramente você não está. Da pra perceber pela lágrima que acabou de escorrer do seu rosto. Deixa eu te ajudar.

Ela se virou para mim novamente e me olhou nos olhos tentando ser o mais convincente possível.

─ Eu não preciso de ajuda. Você não deveria estar no quarto a essa hora? ─ disse cruzando os braços e voltou a andar.

─ Você é uma tremenda orgulhosa sabia? E não sou só eu que já deveria estar no quarto. ─ comecei a acompanhá-la e a puxei pelo braço, dando um abraço forte.

Em poucos segundos ela cedeu e suas mãos se envolveram em meus braços. Acariciei os seus fios de cabelo e ficamos um instante ali, apenas sentindo os nossos corpo trocarem o mesmo calor.

– O.. obrigada Dani. ─ ela quebrou o silêncio me olhando cabisbaixa e percebi pela sua voz que estava mais calma.

─ Não precisa agradecer, patricinha. ─ respondi colocando os fios de cabelo que cobriam metade do seu rosto atrás da orelha.

─ Patricinha? ─ respondeu confusa.

Ri fraco e ela saiu dos meus braços sorrindo simples.

─ Nós temos que ir. ─ fui puxada pela sua mão e caminhamos em direção a entrada da escola, até o corredor onde ficavam os quartos.

Kauana me deixou na porta do quarto e a dei um selinho apertando forte a sua cintura. Sua mão acariciou o meu maxilar e nos separamos quando um clarão invadiu o corredor.

─ Droga, deve ser a inspetora. Eu já vou indo. ─ ela me empurrou para dentro do quarto e fechou a porta.

Antes de dormir desejei que a inspetora não tivesse a pegado, e agora entendia o motivo de Kauana ser daquele jeito. Sempre querer parecer forte, fazer de tudo para ser a melhor. Como eu não havia pensado nisso antes? Óbvio que era influência dos seus pais.

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oii leitores favs, como prometido mais um capítulo pra vocês.

votem e comentem para eu continuar escrevendo 🖤

até a próxima.

i would never like youOnde histórias criam vida. Descubra agora