3 - Acampamento da Gabi

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Como sempre, o Caio ganhou as 2 partidas - que se estenderam porque a gente amava aquele jogo.
— Você sempre joga sujo - Tina diz irritada (ou fingindo) pro Caio.
Ele ri e passa os dois braços ao redor dela, repousando a cabeça dele no ombro dela.
— O que eu perdi? - Pergunto pro Rodrigo.
— Me faço a mesma pergunta a 45 minutos - Diz olhando pros dois, sem nem piscar.
— Vocês não vão sair lá fora e começar a ajeitar as coisas? - Minha mãe aparece de novo — Já são quase 18h.
Me dei conta de que o dia tinha passado muito rápido, aquela era a melhor sensação: não ter obrigações e ficar com os meus melhores amigos.
Resolvi subir as escadas e pegar o cobertor no armário. Era o maior cobertor da casa e sempre usávamos pra esse tipo de coisa.
Entrei no quarto do meu irmão e abri o armário (que era da casa mas ficava no quarto dele).
Visualizei o cobertor de longe, ele estava no topo do armário. Porém, 1,62 é complicado...
Resolvi tentar subir na cama dele e arrastar, mas estava parecendo complicado demais então desisti na mesma hora.
Peguei a cadeira de escritório dele e subi. Ela era de rodinhas então ficava oscilando pra lá e pra cá, balançando igual uma minhoca.
Estendi os braços, peguei o cobertor. Pude ouvir o meu próprio ufa mental.
— Gabi, o que tá fazendo?
Perdi o equilíbrio e cai no chão, levando a cadeira pra longe e batendo no vidro do espelho - quase destroçando ele.
— Gabi! Tá tudo bem? - Leandro vem perto de mim, segurando meu braço e tirando o cobertor de cima de mim — Você tava doida? Essa cadeira não foi feita pra subir em armário, sô.
— Eu sei. Mas queria pegar mesmo assim.
Não estava doendo, era só um susto.
— Vem, eu te ajudo - Pegou na minha mão e no meu braço, me ajudando a pegar impulso para finalmente levantar do chão.
— Obrigada - Disse assim que levantei por completo.
— Disponha.
Ele foi andando até o quarto dos meus pais. Acho que estava arrumando algo lá.
Pela primeira vez naquele dia eu reparei no Leandro. Ele estava mais forte do que antes porque a camiseta marcava os músculos das costas dele, será que tinha começado a academia?
— Ei! Estávamos te esperando lá embaixo mas ouvimos um barulhão - Era o Caio.
— Eu cai mas está tudo bem - Dei um sorriso - Me ajuda aqui a levar lá pra baixo.
— Claro.
— Juninho, deixa eu te perguntar uma coisa antes?
— Você me chamando assim? Tem coisa aí.
Dei risada, realmente só chamava ele de Caio.
— Você e a Tina...?
— Não! Não... Bom, eu tentei dar umas ideias nela mas ela não está ligando muito. Disse que já tem outra pessoa.
— A Tina? Aqui? Em Uberaba?
— Foi ela quem disse - Ele deu de ombros — Mas eu também não acreditei.

***

Arrumamos a barraca e dividimos em menino, menina, menino e menina novamente. Assim ficaríamos bem já que o Caio dormia espaçoso e o Rodrigo também, não seríamos massacradas pelo espaço ou pela falta dele.
– Acho melhor o Juninho dormir lá no final, aí dorme a Tina depois eu e a Gabi por fim.
– Porque você decide? - Caio pergunta.
– Porque é a melhor ideia, uai.
Caio da de ombros e entra na barraca com o notebook, ele ia ficar responsável por escolher o filme.
A Tina entra e parece incomodada com o espaço, ou será que é porque está no meio dos meninos? Não sei.
– Vai lá, Rô.
Ele entra na barraca e se ajeita, cobrindo o corpo inteiro e ajeitando o travesseiro.
Deito do lado dele.
– Ei, se apertem aí porque o notebook vai ter que ficar aqui no meio, comigo – A Tina diz.
Nisso o Caio fica mais próximo da Tina e o Rodrigo me olha.
– Acho que se a gente se abraçar fica mais fácil de você ver...
– Ah, sim... claro.
E eu deito no peito dele, enquanto ele ajeita melhor a sua postura pra eu ficar mais encaixada nele.
Acho que vou ter um treco.

***
Quando dei por mim já estava quase dormindo. Alice no País das Maravilhas costumava ser mais legal quando a gente era novo, agora eu já sabia as falas, estava grudada no meu amor de infância e ainda tinha todo um carinho que ele estava fazendo na minha cabeça.
Acabei dormindo.

***

Acordei no outro dia, já estava bem claro e eu podia jurar que tinha escutado o latido dos cachorros várias vezes.
O que eu não tinha reparado é que em volta de mim estavam os braços do Rodrigo.
Ao invés de estarmos deitados lado a lado ou na posição anterior, agora ele estava me abraçando. Simplesmente, o garoto que eu mais gostava estava me abraçando por livre e espontânea vontade.
Tive que me recuperar por alguns segundos e levantar em seguida, já que realmente era bem tarde.

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