Últimas palavras

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Quando as luzes se apagam
As cortinas caem

E os aplausos cessam

Sinto-me inteiro, inteiramente bem
Por ter deixado pra trás uma parte da mentira que criei pra suprir meu ser egocêntrico

E isso é minha graça redentora
Saber que não mais preciso do vislumbre do público

É algo tão libertador

Que caralho
Eu posso falar a merda que eu quiser

Afinal eu me tenho
Coisa que por muitas vezes achei não ser suficiente

Mas eu me basto, creio eu

Contudo talvez isso também seja uma mentira
Embora seja uma que me faça muito bem

Me tira do centro das atenções
E me coloca como mais um ser dessa espécie

Feito de carne, ossos, sangue e órgãos
Alguns melhores que outros

Meus pulmões
Meu fígado
E meus rins

Já não são os mesmos

Com o tempo eles ficaram viciados
Nessa louca rotina

Palco & câmeras

Depois de tudo se afogar em casa
Nunca um lar

Estranho não ?

Esse maldito sentimento de não pertencimento
É como se eu nunca fosse encontrar meu lugar no mundo

Realidade que vem me assustando
Diante minha longa agenda de compromissos

E eu me pergunto, como fui me meter em tudo isso ?
Mas nunca tenho uma boa suposição

O que me deixa enterrado até o pescoço

E é como se eu pudesse ter uma ampla visão do meu funeral
Totalmente vazio, apenas alguns entes próximos, mas ainda assim vazio, por que os anos me tiraram a sensibilidade

Não mais sou um no coletivo
Estou do lado de fora dessa imensa multidão

Entretanto hoje não me sinto mais sozinho

Pois eu pude ouvir meus grilhões encontrarem o chão
Quando saí dela

E porra foi aterrorizante

Mas libertou o eu que se escondia por detrás dos outdoors

Tu tinha que me ver

Eu literalmente estava cagando pras críticas

Por isso te deixo isso escrito
Aprenda a arte de tacar o foda-se algumas vezes

Mesmo que isso te apavore.

- Até outra vida !

-Blackriver

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