PRÓLOGO

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Sthefany, 5 anos

Domingo ........................................

Começo a andar em cima do muro sorrindo para o garoto a minha frente, ele se aproxima devagar e com medo.

Amo ver esse medo.

- Desce daí, menina- O mais velho fala pegando o rádio e com toda certeza chamando mamãe e papai.

- Não quero, acho a vista daqui bem mais bonita- Olho ao redor e vejo mamãe e papai se aproximando, respiro fundo e pego um galho afiado da árvore e deslizo pelo meu braço esquerdo fazendo arrepiar.

- Filha- Mamãe me chama cautelosa.

- A vista daqui é tão perfeita, queria explorá-la de perto, se eu pular vou conseguir ver cada detalhe, papai- Ele me olha sorrindo de lado, jogo o galho no abismo de no máximo quinze metros.

- Vai sim, mas se você pular vamos ficar tristes por ter se machucado- Ele sobe no muro e vem caminhando para a parte mais alta, onde eu estou!

- Eu não ligo se eu morrer- Suspiro sentindo o ar nas minha narinas.

- Mas eu ligo, vem- Ele me pega no colo e vai se equilibrado até chagar no baixo de novo.

Segunda ...........................................

- Não tem como eu ir, mas vai você e conta tudo, desde dela rasgando a cabeça da boneca até ela falando que não liga se morrer- Escuto papai dizer para minha mãe na cozinha.

Subo para o quarto correndo e me deito na cama, pego minha boneca de pano que estava escondida no travesseiro e a cheiro- Mamãe mandou fazer ela parecida comigo, cabelos lisos e pele parda- ela tem cheirinho de menta e sempre me acalma. Suspiro abraçada a única boneca que não arranquei a cabeça e durmo.

Terça.......................................

- Eu recomendo adotarem uma menina da idade dela, assim ela vai interagir e esquecer essa história- A psicóloga fala para Mamãe, estou sentada no canto da sala brincando com um cachorrinho de brinquedo.

- Você acha que se eu fizer isso ela vai parar de agir assim?- Pergunta me olhando de canto.

- Pode ser que sim!

Na outra semana- Segunda.............

-Olá meu nome é Sthefany, e o seu?- Digo para a menina na minha frente. Ela me olha e sorri amigável mas se não fosse tão falso eu cairia bem.

- Oi, sou Jhenifer- Isso vai ser interessante- Por favor, se afasta um pouquinho porque não gosto de muito contato com pessoas além da mamãe e do papai- Eu estava a um metro dela, a olho sem demonstrar nenhuma reação e volto para meu quarto escultando os protestos dos meus pais "filha, não falei que podia sair" "onde se viu, deixar a irmã assim". Me viro os incarando.

ATÉ QUE PONTO INDESEJÁVEL?Onde histórias criam vida. Descubra agora