Olhos Violetas [Taekook - Demônios]

Capítulo I - Intocável

Os anos no inferno o ensinaram a guardar todas as suas emoções e expressões, porém nada o preparou para aquele pedido inusitado dEle. Seokjin ainda o encarava com uma expressão neutra no seu rosto, apenas estudando-o e esperando pela reação do seu mais fiel servo. Taehyung havia sido a sua primeira criação após ser jogado no inferno, o único capaz de realizar uma missão tão importante. O demônio piscou algumas vezes, ainda confuso enquanto absorvia aquela informação.

— Meu senhor...— Começou incerto. — Não quero questionar as suas ordens, mas um mísero humano necessita de um demônio de alta classe? — Aquilo era trabalho para classes menores.

O sorriso de Seokjin se alargou, vendo graça na situação. Os olhos azuis brilhando por algo que o demônio não conseguia identificar.

— Vai descobrir quando encontrá-lo. — Voltou a se sentar no trono de ouro branco de maneira confortável. — Ele está em Seul e chama-se Jeon Jungkook.

Taehyung estava desconfiado, porém não o questionou. Ajoelhou-se mais uma vez, demonstrando respeito.

— Como queira, meu senhor.

— Excelente, pode ir.

O demônio olhou uma última vez antes de concordar com a cabeça e sumir em uma fumaça negra. Havia se passado muitos séculos desde a última vez que Taehyung esteve entre os humanos e pensar em ter que encontrá-los lhe embrulhava o estômago, porém nada o impedia de brincar um pouco e trazer algumas almas extras. Afinal, humanos eram facilmente manipuláveis, não importava quanto tempo passasse: dinheiro e poder faziam o mundo girar. Bastava oferecê-los poder, prometer uma vida banhada de riqueza que a alma era vendida em um estalar de dedos. Se soubessem como as suas vidas não passavam de um sopro em comparação com outras criaturas.

Taehyung retornou para a sua mansão. A sua posição lhe dava privilégios como ter um próprio portal entre os mundos, podendo ir e vir quando quisesse e para onde desejasse. Antes de deixar o inferno, assumiu a sua forma humana. Os cabelos negros ondulados, a pele beijada pelo sol em um tom caramelo lindo e livre de manchas indesejadas, o rosto esculpido e bem desenhado, assim como todas as curvas masculinas do seu corpo. Taehyung poderia ser comparado facilmente confundido com Asmodeus — o demônio da luxúria — , tamanha a sua beleza. Sabia que o seu estilo rústico não combinaria com o século vinte e um, precisaria passar por um humano comum, mesmo que os seus olhos permanecessem violetas. Quando surgiu em meia a uma Seul movimentada em plena quarta-feira, entrou em uma das primeiras lojas que encontrou e com o seu poder de sedução somado aos seus dons demoníacos, facilmente convenceu o vendedor a pagar pelas suas novas roupas.

— Tão fácil. — Riu debochado ao sair da loja, vestindo roupas casuais compostas por uma camisa branca de manga da celine, calças de tecido leve na cor caqui, um cinto preto, tênis branco e óculos escuro.

As grandes construções faziam parte daquela Seul moderna junto da tecnologia que acompanhava todas as mudanças na cidade, as ruas não estavam imundas como se lembrava e havia uma boa conservação da vegetação por onde passava. Era um lugar bonito de se olhar, porém nada daquilo era importante. Tinha uma missão e queria concluí-la o mais rápido possível. Taehyung olhava para os lados, pensando para qual lado deveria seguir primeiro, tendo apenas uma foto em mãos e um nome. O demônio vagou sem destino nas primeiras horas, passando por restaurantes, bares e festas enquanto julgava com o olhar de nojo os comportamentos ao redor. A terra era um prato cheio para o inferno, para todos os lados podia ver um ou mais dos sete pecados capitais agindo indiscriminadamente. Pessoas com muito enquanto outras tinham nada, mentiras contadas aos sete ventos, falsidade mascarada em belas palavras, roubalheira, traições e tudo o que se pudesse imaginar, Taehyung viu acontecer naquele período de tempo. Como demônio, ele podia detectar sem dificuldades almas corrompidas e estava cercado por milhares, independente do local que visitasse. O que será que se passava pela cabeça do grande criador ao ver criaturas tão medíocres se auto destruindo? Era patético.