Capítulo 5

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Cheguei á Portland por volta das 05h30min da manhã; o sol ainda estava por nascer. Alugaria um carro e iria até Roseburg.

Morava em Nova York havia cerca de 23 anos. E apesar de adorar Manhattan, nunca esqueci o lugar de onde vim. Sempre tive muita vontade de voltar á cidade, mas meu pai nunca permitira; dizia que só serviria para que me lembrasse das coisas ruins que passei; a morte de minha mãe.

- Tudo bem - respondi um pouco triste em saber que o único carro que conseguira, era um Ford 2003.

Fiquei pensando o quão atrasados, ás lojas de alugueis de carros estavam e que ainda cobravam 100 dólares pela diária, isso se eu fosse rodar em Portland. Para ir até Roseburg, tive de liberar 700 dólares pela semana toda, mais uma taxa de 85 dólares pela autorização para rodar com o carro em outra cidade.

Cheguei ao estacionamento e me deparei com um Ford 2003, estacionado perto de uma fileira de carros que deviam ter o dobro da minha idade.

Minha aflição em saber se ele prestava começou antes mesmo de entrar; a porta emperrou de uma forma que eu pensei que jamais conseguiria abri-la. Vendo meu "sofrimento" com a porta, um doa responsáveis pelo estacionamento veio ate mim.

- Você precisa levantar - disse agarrando a porta e levantando-a com força - e puxar pra frente.

A porta se abriu e eu o agradeci. Ele até me ajudou com as malas; dei-lhe uma boa gorjeta de vinte dólares, o que o deixou satisfeito.

Já marcava 07h00min horas da manhã, quando passei por uma placa "Você está entrando no condado de Douglas". Senti-me um pouco mais aliviada; estava somente á 300 km de Roseburg, estava a poucos quilômetros de casa.

Apesar de ter dormido algumas horas no avião, ainda senti-ame exausta. O final de semana fora péssimo; posso dizer que um dos piores que já tive. Fui assediada pelo meu chefe, passei o sábado e o domingo sem dormir direito, procurando um jeito de amenizar as lembranças de Mark em cima de mim, perdi meu trabalho e meu pai morreu. Se tudo isso significa alguma coisa, espero que seja algo que valha a pena.

Passei tanto perdida em meus pensamentos, que só fui notar uma placa branca, com o nome da cidade, quando estava quase em cima dela; por sorte, conhecia aquela cidade muito bem; estava em Roseburg.

O clima daquele lugar era um pouco parecido com Portland. O clima por vezes, era bastante úmido, não costumava chover muito, mas sempre tinha aquele friozinho de inverno.

As casas eram de estilo clássico; pouquíssimas casas passaram por uma reforma, os moradores adoravam preservar velhos costumes, prezavam pelas coisas antigas, mas principalmente por suas lendas e historias.

Não tinha muitas lembranças, mas papai sempre me contava as novidades; se algo de novo havia acontecido, se alguém novo chegara á cidade... Baseado nas nossas ultimas conversas, tudo parecia estar do mesmo jeito.

Segui em linha reta por seis ruas após a entrada da cidade; entrei á esquerda e segui em linha reta novamente.

Nossa casa ficava numa área um pouco afastada do pequeno centro da cidade; era como se fosse uma pequena cidade, dentro de uma um pouco maior.

As casas tinham espaçamentos uma da outra o bastante para ter-se um jardim, repleto de arvores enormes. As casas eram do século dezesseis, eram altas e suas cores eram fortes, mas discretas.

Seguindo por mais algumas ruas, parei em frente á um enorme casarão; estava com a mesma cor do dia em que eu deixara aquele lugar; era um vermelho desbotado, com detalhes brancos. Papai pintava o casarão todos os anos, para a ação de graças. Aquela cor foi a ultima que papai pintara; meus tios na época, ainda vivos vieram nos visitar duas semanas antes da ação de graças e ajudou papai a pintá-la; isso foi um ano antes de mamãe morrer.

A Fera da Meia NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora