Tentação

Fraca

Abri a porta.
- Pedro?? O que você ta fazendo aqui? Aconteceu alguma coisa? - Perguntei preocupada e ao mesmo tempo empolgada por estar vendo essa cara bonita. E bebada.
- Não, ta tudo bem.
Dai eu derreti quando ele me olhou de cima a baixo bem devagar. Eu estava com meu pijama de renda preto. Ja tinha transado com ele usando isso. Engoli em seco.
- Ah, sim. - Respondi.
Você podia ter me avisado que viria. Me deixou falando sozinha como sempre.
- Foi mal, queria fazer surpresa. E ta aqui, eu sou a surpresa. Gostou?
"Gostaria mais se voce tivesse em cima de mim" pensei. "Ai Deus, o vinho..."
- hmm, você nao tem que trabalhar amanhã? Pois eu sim.
- Ta me expulsando?
- Se manca.
Fui pra cozinha pegar um copo d'agua pra tentar me acalmar. Caralho! era impressionante como ele chegava perto de mim e eu me tremia toda. Eu preciso me acalmar. Prometi a mim mesma que não ia ser mais fraca quando se tratasse dele.
- Você bebeu? - Perguntei quando ele chegou na cozinha.
- Bebi.
- Por que? Você nem gosta. E hoje é segunda.
- Por que eu fiquei puto com umas coisas ai. Vim bebendo no metrô. Po, cara fala a verdade. Tu ta pegando aquele seu amigo do trabalho?
Eu não tava acreditando no que eu estava ouvindo. Ele chega na minha casa sem me avisar me cobrando sobre algo que ele não pode?
- Tu ta falando sério? E se eu tiver?
- Ta ou não ta? - Ele fechou a cara.
- Isso não te diz respeito.
- É assim que você é minha amiga?
- Isso não tem nada a ver. Não sei porque você tá tão preocupado.
- Porque você é minha.
* Silêncio *
- HAHAHAHAHA. Nunca fui, Pedro. Nem você.
- Isso não é verdade. Porra.
Desisti da água e voltei pro vinho. Era muita sacanagem isso. Ele sabe o quanto eu sofri por ele. O quanto eu me apeguei rápido. E ele seguiu a vida dele normalmente apenas falando que eu ia superar. E agora ele diz que eu sou dele? Só pra aumentar o ego dele né? Eu nao ia deixar mais isso acontecer.
- Olha, Pedro. Eu não sei o que você ta pensando. Vou relevar porque voce bebeu. Mas não pensa que você manda em mim nem nada do tipo. A gente nao tem e nunca teve nada. Minha vida pessoal nao te diz respeito. Assim como a sua, mesmo que você faça questão de me mostrar.
Fiquei com ódio porque essa última frase saiu com um tom de ciúmes muito grande. Que inferno. E ele percebeu.
- Calma, bebe. Me desculpa ta? Eu achei que você nao ligava.
A voz dele estava mais suave e ele começou a rir e eu sabia onde isso ia dar.
- Vai se fuder, você sabe que eu tenho ciúmes até da minha sombra. Mas que se foda. Você sabe que eu nem ligo mais.
- Eu sei, Tata.
"Ele ta forçando. Me chamando de tata. Eu amo. To tonta. To olhando pra boca dele. Que merda."
- Me desculpa ta? Mas porra, senti um ciúmes violento de você. Quando eu vi ja tava aqui. Dois meses que você ta aqui e ate hoje a gente só ficou nos beijos. Você sabe que nosso forte é o sexo. Sempre foi tão gostoso. Eu to com saudades de você. Mas queria te dar o tempo que tu quisesse.

"É assim que ele ta me dando tempo? Falando olhando pra minha boca e meus peitos? Porra. Eu quero muito, esse é o foda. Que se foda o tempo."
- Pedro... você sabe que eu... sou fraca por você.
- E eu por você. Desde que você abriu aquela porta eu só quero tirar essa roupa e meter em você aqui nesse balcão.

Puta que pariu.
Ele disse isso se aproximando de mim fazendo eu chegar perto do balcão. Assim que eu encostei nele, ele se forçou contra mim fazendo eu me apoiar no balcão. Ele tava totalmente apoiado em mim cheirando meu cabelo e meu pescoço. Ele inspirava fundo como se quisesse guardar meu cheiro. Eu sentia ele rindo no meu pescoço. Ele falava no meu ouvido que tava com saudades. Eu ja estava totalmente entregue. De olhos fechados aproveitando o arrepio. Mas ai eu lembrei de todas as vezes que o sexo acabou e eu me senti vazia. Querendo deitar no seu peito e sentindo que ele queria espaço. Não queria sentir isso de novo. A tristeza pós sexo de quem quer mais do que apenas sexo.
- Pedro. Eu não quero mais me sentir triste com você. Sentindo que eu curti muito mais. Eu só não quero me apaixonar por você de novo.
Isso parece q pegou ele desprevenido. Ele olhou pro meu rosto e fez algo que ele sempre fazia. Colocou meu cabelo pra trás das orelhas, ergueu meu queixo e me deu um beijo na testa. Olhou nos meus olhos e depois disse:
- Você não vai. Porque ta mais perto de isso acontecer comigo do que com você.

Eu não sabia se ele tava falando isso só pra conseguir me comer, apesar de eu ter certeza que ele sabia que não precisava falar isso pra conseguir. Eu ia transar com ele de qualquer jeito. Eu nunca neguei sexo na vida. Ainda mais com ele. Mas de alguma forma eu resolvi acreditar nele e senti sinceridade. Não queria mais conversar. Só queria a boca dele na minha. E a ideia dele apaixonado por mim era tao gostosa que me fez rir e beijar ele desesperadamente.
Ele rapidamente me segurou pela cintura e me fez sentar no balcão. Eu entrelacei as pernas na sua cintura e agarrei seus cabelos enquanto ele me beijava com um gosto de cerveja, cigarro e menta que eu amava, mas só o dele.
Eu era apaixonada por esse homem.
Ainda.

Enquanto nos beijávamos no balcão, eu lembrava de todas as vezes que transamos na minha casa. Quando ele chegava de madrugada escondido e eu levava ele pro quarto. Quando transamos na praia e eu perdi minha chave. Quando fumamos maconha e quando entramos em casa minha madrasta percebeu e praticamente nos expulsou. Quando transamos no carro dele e eu quase explodi quando ele colocou My Boo do Usher pra tocar. Foi uma das nossas melhores transas. Lembrei quando transamos na rua do lado do fórum e no outro dia fui pra casa dele e fizemos almoço juntos. Lembrei quando ele chorou comigo na minha cama quando eu disse que não aguentava mais ter depressão. Lembrei que ele disse, com lágrimas nos olhos, que eu ainda ia vencer na vida. Eu sabia que ele gostava de mim, só não sabia até onde. Um dia ele disse que tava se apegando muito fácil, e tinha medo...

Eu não queria transar ali. Queria ir pra minha cama. Fazer um amor gostoso como eu tava merecendo. Entrelacei as pernas mais forte e disse pra ele me levar pro quarto. Senti seu braço arrepiando enquanto ele me carregava pelo corredor até meu quarto.
Era exatamente assim que eu queria terminar a noite.