PRÓLOGO

29 2 0
                                    

Vincenzo

     Nunca imaginei que aos vinte e oito anos de idade eu já estaria casado e seria pai de dois filhos. Quando mais novo, até cogitei a hipótese de abdicar do casamento, focar somente no trabalho e cuidar das coisas dos meus pais, administrar de alguma forma o que eles construíram e poder dar aos meus irmãos uma vida confortável.

Tudo mudou quando conheci Cristiane, ainda na época da faculdade. Me encantei por seu jeito meigo e atenção constante que me dava. Acabamos saindo algumas vezes e decidimos iniciar um relacionamento, a princípio, sem cobranças.

Mas as coisas foram "evoluindo" de tal forma que me envolvi cada vez mais com ela, me apaixonei e comecei a imaginar uma vida como a que meus pais tinham. Pensei que, talvez, deveria "alterar" os meus planos originais e me acomodar, formar uma família minha.

Já namorávamos há uns três anos quando percebi que nosso relacionamento não estava mais me fazendo bem, o jeito da Cristiane havia mudado, não havia mais carinho ou cuidado da parte dela, somente um ciúme desmedido, inclusive da minha bonequinha.

Catherinna, nossa caçulinha, a princesa da nossa família, a tão sonhada menininha que veio somente depois que meus pais já haviam decidido "encerrar a fábrica" nos gêmeos, Pietro e Luigi.

Depois de três tentativas e quatro filhos homens, mamãe resolveu parar de tentar a sorte, mas nossa Catherinna precisava estar em nossas vidas, então, mesmo fazendo uso de contraceptivo, dona Elisa acabou engravidando novamente, sem planejamento algum, e a nossa bonequinha finalmente veio.

Lembro como se fosse hoje quando meus pais a trouxeram para casa, eu tinha oito anos na época, Lourenzo seis e os gêmeos quatro. Ela era o bebê mais lindo que eu já havia visto, parecia realmente uma boneca que respirava e, de vez em quando, chorava. Quando minha mãe a colocou em meus braços a primeira vez, jurei que jamais deixaria algo a machucar, que iria protegê-la com a minha vida, caso fosse necessário.

A implicância e o ciúme que Cristiane direcionava para a minha bonequinha me fizeram perceber que ela não era aquela pessoa doce e meiga como julguei inicialmente. Então, comecei a repensar nosso relacionamento, analisar os fatos e a minha atual situação. Imagino que ela tenha percebido que eu estava diferente, lembro que chegou a comentar em determinada ocasião, mas a distrai dizendo que estava tudo bem, pois aquele não era o momento e nem o lugar para a conversa que precisaríamos ter.

Estava decidido a dar um fim ao nosso relacionamento e chamei-a para conversar. Mas como nem tudo na vida sai exatamente como planejado, nessa mesma ocasião ela me revelou que eu seria pai. A notícia me pegou "desprevenido", porém, jamais abandonaria uma mulher grávida de um filho meu, não foi isso que meus pais me ensinaram. Ademais, se estava nos planos de Deus, quem sou eu para contestar?

Confesso que nunca havíamos conversado seriamente sobre termos um filho, mas sempre deixei claro que os queria, no futuro, assim como Cristiane enfatizou que não sabia se gostaria realmente de ser mãe, o que me deixou "relaxado", pois imaginei que, como não tinha essa certeza, iria zelar pelo nosso cuidado. Longe de mim isentar-me da minha parcela de responsabilidade, é apenas um das minhas conjecturas a respeito desse assunto.

Resolvemos nos casar antes do nascimento do nosso filho, contudo, como não era o que eu realmente queria, insisti que somente me casaria no civil, penso que os votos feitos perante um sacerdote devem envolver amor, não apenas obrigação.

Cristiane se mostrou uma boa mãe quando nosso pequeno Ian nasceu, não como a minha, mas ainda assim, demonstrava cuidado com o pequeno. Dona Elisa foi de extrema importância nessa "equação", já que minha esposa não tem família, é somente ela depois que perdeu os pais e o irmão em um acidente, nem cheguei a conhecê-los.

Há dois anos atrás, após algumas situações bem desagradáveis, estava decidido a colocar um ponto final em nosso casamento, não aguentava mais a forma como ela tratava minha boneca, além do desgaste psicológico que essa situação estava gerando e, como meu pequeno já estava com dois anos, achei que já era hora.

Estava resolvido pela separação, mas não ia desamparar meu filho, inclusive, se ela preferisse, eu ficaria com ele. Contudo, no momento que falei para ela sobre essa decisão, novamente fui surpreendido pela notícia de uma segunda gravidez.

Com essa mudança de cenário, não havia como levar meus planos adiante, restou-me apenas concordar com minha boneca de que as coisas acontecem como devem acontecer, e se foi dessa forma, devo aceitar e confiar nos planos do nosso Criador.


Se você leu e curtiu, por favorzinho deixe uma estrelinha e um (ou vários) comentário (s), não imagina o quanto isso incentiva quem escreve!

#gratidão!

(796 palavras)

Assim é...RecomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora