18 de Dezembro de 2019 (Parte 1)

10 0 0
                                    

Louis andava pela casa, observando o quão grande ela era pra ele. Possuía duas suítes, mais um banheiro, muito mais do que um cara sozinho precisa, e muito menos do que estrelas como ele tinham. Uma sala enorme, cheia de quadros. A maioria de si mesmo, sozinho ou em época de banda.

  Ele não havia colocado eles ali, mas era sua nova casa, projetada para o artista que viam. Não para o verdadeiro Louis Tomlinson, que era quem agora caminhava pela casa, avaliando a mesma. Claro, foi ele quem escolheu, comprou e ditou a decoração... Mas não aqueles quadros (ou o sofá, que parecia tão bom na hora que o viu, mas agora parecia tão desnecessariamente caro). 

  Não era pelo dinheiro. É que ali, sozinho, naquela casa enorme, não soava como… lar. A casa apertada com suas irmãs onde havia crescido era muito mais aconchegante que aquela casa, e ele suspirou em saudades. Mas agora era sua, pelo preço do seu trabalho bem feito como cantor. Diziam que ele era bom no que fazia, e muitos fãs caiam aos seus pés, e ele os amava demais. Ainda sim, ele se sentia só. 
  Seus companheiros de banda eram seus melhores amigos, é verdade. Mas quando cada um seguiu seu caminho na música, houve o inevitável distanciamento. Ainda se mantinham amigos, mas não era mais a mesma coisa, os horários sempre lotados, cada um em sua própria turnê ou no estúdio.  

  O moreno, envolto em pensamentos, foi ao banheiro de uma das suítes (a maior) que escolhera como sua, tirou a blusa, secou o rosto do suor pelo calor que fazia e se olhou no espelho enxergando olhos azuis vazios avaliando a si mesmo, como seu cabelo quase recém cortado,ou as tatuagens. Talvez, nesse momento, as únicas coisas com significado nele inteiro. Resolveu tomar um banho e ir se deitar. 

  Hoje foi um dos poucos dias que tirava para si mesmo. E eles eram raros assim por dois motivos: Primeiro, ele adorava estar na rua, estar no meio de pessoas. Pessoas o fascinavam. Segundo, ele tinha medo de ficar com seus próprios pensamentos desde que terminara com seu último relacionamento.

  Mesmo com um pouco mais de liberdade de ser quem era, Louis não chegou a assumir o relacionamento com Fábio para a imprensa, pois o homem parecia não suportar a pressão. Era assim que o de olhos castanhos encarava o relacionamento: a pressão de ser o companheiro de Louis Tomlinson, o cantor. Aos poucos, os encontros às escondidas foram desgastando o amor e encanto que eles tinham um pelo outro, a excitação de não serem pegos dando lugar ao medo e à ansiedade. 

  Eles estiveram juntos por 3 anos, nos quais superaram muita coisa e juraram que superariam muito mais. Superaram namoros falsos para a imprensa, e gripes fortes. Meses sem se ver por conta de sua primeira turnê e polêmicas falsas por veículos sensacionalistas. Apenas não conseguiram ultrapassar seus próprios demônios e inseguranças, e quando se separaram, não havia mais coração para partir, pois os dois estavam estilhaçados. 

  E concordaram que seria o melhor para os dois. “Então porque o vazio dói tanto?” o cantor pensava todos os dias. 
  O homem tomou uma ducha rápida, não gostava de ficar muito tempo no chuveiro, mania que nasceu das regras da casa dos seus pais. Logo se deitou e adormeceu, o que não era difícil na última década, já que trabalhava e corria muito. 

  Diferente do cantor, o destino sorriu aliviado sabendo que tudo estava certo, mas se preocupava com o rumo dos pensamentos do moreno. Então resolveu mostrar ao mesmo o que o esperava e o que devia procurar. Se as luzes de Natal da rua brilhavam mais naquela noite e um sino de alegria foi ouvido por todos, ninguém comentou nada. 

  Ainda com sono, Lou se levantou da cama, pois ouviu barulhos no seu banheiro. Abriu a porta com tudo e um homem deu um gritinho assustado antes de sorrir aliviado e continuar escovando os dentes. 
 
-Ah, é só você.-Ele riu.-Já acordado? Não é sua folga?

Oito dias para o futuroOnde histórias criam vida. Descubra agora