Esquecer

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O vento forte soprava através de mim enquanto corria, minhas costelas gelavam embora estivessem cobertas por minha pele e meu uniforme.

O pequeno choque que o vento provocou me fez lembrar de pequenas coisas esquecidas. Preciso ir rápido, preciso ir mais rápido, preciso fazer o trabalho que aqueles Mizunotos não conseguiram realizar. Eu devo realizar o trabalho daqueles Mizunotos. Eu devo realizar o trabalho daqueles incompetentes.

Continuei seguindo contra o vento e quando cheguei no local o mundo pareceu parar, meus cabelos taparam parte da minha visão, e me lembro de novo da minha missão, sinceramente, não aguento mais segurar essa espada, já se foram três semanas que continuo a segurar essa espada, a batalhar de novo e de novo e de novo.

A visão que tenho de um oni é o que me fez sair desse transe, me fez lembrar que tenho que matá-lo e assim fiz, rapidamente, em apenas um movimento. Minha visão foi interrompida por meus cabelos de novo e oni que era apenas um se tornou sete, oito, nove, dez, dez onis.

Conto quantos derroto.

Um.

Dois.

Três.

Quatro.

Cinco.

Seis.

Sete.

Oito.

Nove.

Dez.

Esse décimo me fez cansar, não por ser difícil, mas sim por eu não aguentar mais fazer isso, parece que tudo se repete, parece que... que... que...

E assim ouço um estralo, ou apenas um oni cortando minhas costas, um pouco superficial, mas que deixa chocado por uma fração de segundo, me viro em direção ao oni depois de minha breve pausa, mas a única coisa que vejo é uma garota e na frente dela o oni despedaçando.

Olho pro rosto da garota, seus olhos são vazios ao observar o demônio em seus últimos segundos de vida e ao ver a criatura despedaça por completo seus olhos se viraram para mim, naquele momento minhas costelas gelaram como antes, o mundo pareceu parar como antes, algo em seus olhos faziam com que eu ficasse preso em sua visão.

Os pequenos raios de sol que surgiam lentamente com o nascer do sol faziam seus olhos brilhar, me faziam entrar em um transe inexplicável, me faziam querer apreciá-los o tempo todo.

Pessoas do demon killing corps corriam pelo lugar, averiguavam para ver se tínhamos mais onis no local, retiram feridos e corpos, enquanto nós dois nos encarávamoz parece que... que... que... que... ela está na mesma situação que a minha. Nós nos apreciávamos mesmo com nossos corvos gritando em nossos ouvidos, e apesar de gritarem, não ouvíamos nada. Nada. Nada. Nada.

Mas o piscar dos meus olhos e dos olhos da menina nos fazem ouvir.

- Hora de descansar! Hora de descansar! Há uma casa de glicínia ao leste! Leste! - tanto o meu corvo e o corvo dela gritavam, sincronizados, como nós.

Andávamos lado a lado, ainda nos encarando, ainda nesse transe infinito, que é cortado, por uma fala dela:

- Qual é o seu nome?

Penso um pouco antes de responder... qual é o meu nome mesmo? Aé.

- Tokitou Muichirou.

- Prazer, S/n.

S/n... S/n... S/n... S/n... S... n.

E então eu não respondi nada, ela não falou nada, tudo era quieto e calmo. Será mesmo que estamos andando para o leste? O que temos que fazer agora? Aé, descansar... em uma casa de glicínia aqui perto... para o leste... leste... leste.

Sem menos pensar eu estava lá, na casa de glicínia que ficava ao leste, em uma plena manhã, com o sol que havia acabado de nascer, com a menina que despertou curiosidade e em mim só com seu olhar ao meu lado, e sem ao menos um de nós bater na porta uma moça abre a mesma. Não é nova como eu, mas também não tão velha como as outras.

Fomos recepcionados, prepararam um quarto para eu e S/n, e um médico veio nos ver, eu tinha um corte nas costas, não tão profundo, ela tinha algumas costelas quebradas, e ali, nós dois descansamos, às vezes íamos lá fora, víamos as nuvens. Ela gostava de ver as nuvens, eu gosto de ver as nuvens, gosto do formato delas, ela gosta do formato delas. Passamos o dia todo vendo as nuvens e conversando sobre elas. A noite vimos as estrelas, não são tão interessantes quanto as nuvens, mas mesmo assim apreciamos aqueles pontos brilhantes antes de dormir.

Dormir é bom, um momento em que posso descansar, gosto de descansar, gosto de dormir e ficar nas nuvens, na completa névoa sozinho, sem bem que meu sono é interrompido por um barulho contínuo. É como um tec, tec, tec, tec, chega a ser irritante ao ponto de eu abrir meus olhos.

Quando olhei para o lado, onde S/n estava, reparei de onde estavam surgindo aqueles sons. Seus pés se moviam, sacudiam, eles estavam inquietos e o pequeno impacto deles no chão provocavam aqueles barulhos. A menina, S/n, estava acordada, tentando dormir, seus olhos se encontravam fortemente cerrados, e alí eu fiquei, observando-a.

E por um momento, tudo para, no momento em que ela repara que eu estou olhando para ela tudo para, seus movimentos se acalmam, seus olhos se acalmam, seus sentimentos se acalmam, tudo se acalma, tudo para.

Eu me deitei de novo, ainda olhando para ela, e ela faz o mesmo, se deita olhando para mim e em um ato repentino, encosta seus lábios nos meus, não sabia o que isso significava, nunca vi alguém fazendo algo parecido, nunca fiz algo parecido, sei que ela fechou os olhos, então fiz também, não sei o que estou fazendo, não sei por que estou fazendo, mas me sinto maos calmo do que o normal, mais... mais... mais... mais... mais... feliz? Não, mais... mais... mais... mais... relaxado? Calmo, mais calmo com certeza mais calmo, parece que o mundo tinha parado de novo, que nos encontrávamos perdidos na névoa, mas juntos.

Ela separou nossos lábios, sou forçado a voltar para a realidade. Em outro ato repentino, ela me abraçou e segundos depois, adormeceu.

Quando acordei, ela continuou, continuou a encostar nossos lábios, continuou a me abraçar, me sentia acolhido, feliz, calmo, muito calmo e também diferente, não sabia o que realmente estava sentindo, não sabia ler meus sentimentos, não sabia decifrar tudo que se passava em minha mente, parecia que tudo se encontrava vazio, parece que eu estava nas nuvens.

Nós passamos o dia inteiro vendo as nuvens novamente, e de noite, foi eu quem a abraçou.

Vou sair daqui amanhã, vou descansar na Mansão Ubuyashiki amanhã, vou descansar melhor amanhã.

E tudo isso aconteceu no amanhecer.

Deixei a casa de glicínia, deixei a garota junto a uma carta enquanto ela dormia, a deixei, deixei a menina que me devolvia a calma a qual eu precisava, deixei a menina que chamou minha atenção no momento em que a vi, a menina cujo os olhos eram iluminados por conta do sol do amanhecer, deixei a garota que me fazia atravessar a névoa de minha mente com companhia...

Mas... se eu for parar pra pensar... de quem eu estou falando mesmo?

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Olá queridas leitoras! Estou trazendo este pequeno one-shot aqui para vocês!
Estou muito animada pois esse foi meu primeiro imagine a prdido de uma leitora!

Espero que goste Esposa-da-Shinobu

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Esquecer - Imagine Muichirou Tokito (One Shot)Onde histórias criam vida. Descubra agora