Capítulo 2

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* Sina Deinert *

Engolindo um soluço doloroso, olhei pela janela encontrando a penumbra, já era noite quando pousamos em Nova York. Tudo parecia normal, o trânsito ainda era como eu me lembrava, caótico, barulhento, as pessoas se mantinham em movimento como se a pressa de chegar em seu destino final fosse só o que importava.

Por dentro, eu me sentia afogar na minha própria dor. Como em tão pouco tempo às coisas poderiam mudar tanto? Não era justo.. Não era justo perde-los. Me custava acreditar que custava acreditar que minha mãe e Simon estivessem mortos. Meu peito apertou e com ele a vontade de chorar veio rasgando, chorar, era tudo o que eu tinha feito desde que entrei naquele avião.

— Sinto muito, garota.– ouvi a voz do homem que dirigia até então em silêncio. O olhei pelo espelho retrovisor e acenei fracamente.

— Não precisa mais se preocupar, estará segura no acampamento.

— Essa segurança me custou caro, custou a vida da minha mãe e do meu melhor amigo.– murmurei.

Ele tornou a desviar os olhos para estrada, ficando em silêncio. Enxuguei as lágrimas que insistiam em cair.

— Estamos quase chegando em Long Island.– ele informou depois de um tempo.— Talvez daqui a duas horas, se o trânsito melhorar.– informou.

— Você é um deles? Quer dizer.. um de nós?

Seus olhos vieram rápidos até mim pelo espelho retrovisor, para logo desvia-los para a estrada.

— Mais o menos.– respondeu. Franzi o cenho.

— É um pouco complicado.– tentou explicar.

— Tudo isso é complicado.– suspirei.

— Eu sou um legado.– disse ele depois de alguns minutos em silêncio. Não fazia ideia do aquilo significativa, mas o homem dirigindo parecia ter muito orgulho disso, seja lá o que isso signifique.— Meu pai era filho de Baco, Deus do vinho, mas você o ira conhecer pelo nome de Dionisio.

— Por quê?

— Não cabe a mim explicar isso, com um tempo você saberá, ou então pergunte a Quíron quando chegar ao acampamento, mas duvido que ele dirá.

— Por que uma simples troca de nomes precisa de todos esse mistério? Não faz o menor sentindo!

— Muitas coisas não fazem sentindo no nosso mundo, criança.

— Então você não é um semideus?

— Não exatamente.– disse ele.

— Como conheceu minha mãe.– resolvi mudar de assunto. Ele pareceu surpreso com a mudança repentina.

— Em São Francisco, eu precisei de ajuda e ela me ajudou, então fiquei devendo-a um favor.

— Que tipo de ajuda?

— Você faz muitas perguntas.

— Preciso manter minha mente ocupada ou então vou sucumbir a tudo isso.– afundei no banco sentindo um aperto no peito.

Ele assentiu.

— Foram apenas negócios, sua mãe me conseguiu um emprego.

— Então você trabalha para ela? – evitei falar no passado. Talvez lá no fundo, ainda houvesse esperanças que ela e Simon tivesse sobrevivido e iria me segurar a isso.

Ele assentiu.

— A propósito, meu nome é Carl.

— Sou Sina.

Caos no Olimpo | SiyoonOnde histórias criam vida. Descubra agora