Rivalry

Desde quando era uma simples criança correndo pelas ruas da muralha Maria enquanto tinha quase que se desdobrar em dois para conseguir realizar seus trabalhos usuais - como ajudar sua mãe com a lenha que seria usada no fogão naquela noite, ou ir até as vendinhas conseguir pão e alguns alimentos mais imprescindíveis - e conseguir ao mesmo tempo viver a vida de sonhos e esperanças que uma criança deveria ter, Takemichi sempre soube que força, ironicamente, não era seu ponto forte.

Ele não conseguia dar um soco nem se sua vida dependesse daquilo, e seus braços eram tão molengos e frágeis que pareciam ter sido até mesmo feitos de gelatina. A verdade era que a situação era quase desesperadora de tão patética, tanto que quando ele se envolvia em brigas por seja qual fosse o motivo com outros meninos na rua, era Hinata, sua melhor amiga, quem tinha que vir em seu salvamento.

Mas, se havia algo que Takemichi realmente se orgulhava em si, algo que ele podia bater a mão no peito e dizer "isso eu também posso fazer", era sua extrema resistência. Independente do que acontecesse, ele nunca desistia, ele nunca se deixava cair, ele levantava com a cabeça e o queixo erguidos conforme sua determinação apenas crescia mais e mais a cada golpe que ele pudesse levar.

Era por aquele motivo, e por uma agilidade quase invejável, então, que após a queda da muralha Maria, e extensos meses de treinamento sem fim, Takemichi acabou sendo nomeado como um capitão da tropa de exploração pouquíssimo tempo depois de ter oficialmente entregue seu coração para a humanidade.

Takemichi sorriu com felicidade, haviam tantos motivos pelos quais seu esquadrão poderia crucifica-lo - não apenas pelo motivo de suas únicas vantagens serem uma resistência fora do comum e uma agilidade apenas um pouco mais alta do que a média, mas também pelo fato dele tecnicamente ser mais novo do que praticamente todos os membros de seu esquadrão - e mesmo assim não o faziam, que ele quase podia sentir fisicamente seu desejo ardente e quase egoísta de manter cada um deles a salvos, seguros e bem.

Talvez fosse apenas por coincidência do destino, afinal, Hinata Tachibana, Chifuyu Matsuno, Takashi Mitsuya, Souya e Nahoya Kawata, Hakkai Shiba, Keisuke Baji, Kazutora Hanemiya, Kakucho Hitto, Haruki Hayashida, Izana Kurokawa, Manjirou Sano, Ken Ryuguji, Kokonoi Hajime, Seishu Inui, além de Ran e Rindou Haitani, eram os nomes nos quais ele tomava conta, todos os quais que haviam passado pelos mesmos tempos infernais na academia ao lado dele, e que já tinham total e completa consciência não apenas de seus defeitos, mas também de suas qualidades.

Eles viram o momento em que Takemichi foi o único de todos os novos recrutas, que impulsionados pela queda de Maria provavelmente eram mais de 100 pessoas variando entre garotos e garotas de 12 a 19 anos, a não conseguir passar pelo teste do dispositivo de manobra tridimensional. Mas, todos eles também viram cada um dos tombos e machucados que Takemichi levou durante os próximos dias, cada um deixando-o apenas mais e mais determinado até que ele finalmente conseguiu dominar aqueles malditos cabos.

Então não, ele não podia dizer que tinha problemas com insubordinação, seu esquadrão o respeitava da mesma forma que ele os respeitava, e eles seguiam bem assim, com sua amizade apenas se fortalecendo cada dia mais por baixo de toda aquela fachada profissional.

Não, os problemas de verdade apenas começaram algumas semanas depois de sua nomeação como capitão, pouco menos de um dia depois da formação de mais um grupo de novos soldados da tropa de exploração, quando novamente a paz das muralhas restantes foi destruída novamente pelo ataque ao Distrito de Trost pelo Titã Colossal, e pelo Titã Blindado, os mesmos que haviam causado a queda de Maria.

Aquela situação deixou duas coisas bem claras para a humanidade: a primeira, era que era apenas questão de tempo antes do que restava da humanidade ser dizimada com a muito provável futura queda de Rose e Sina. E a segunda, bem, a segunda era que haviam titãs que matavam outros titãs.