1 | Uma longa estrada sinuosa

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Harry não consegue identificar o momento exato em que tudo mudou, mas depois que a Batalha de Hogwarts termina, ele continua voltando àquele dia em Godric's Hollow, quando visitou seus pais.

Com Hermione.

A guerra acabou, Voldemort foi derrotado e Harry cumpriu seu papel em salvar o Mundo Mágico, mas por que ele não consegue ser feliz? Há um entorpecimento de cansaço, uma sensação de vazio que se instala profundamente em seus ossos e tudo em que ele consegue pensar é no quanto perdeu.

Ele pensa em ficar diante do túmulo de seus pais e tentar não desmoronar diante da perspectiva da família que poderia ter tido. Querendo saber por quê. Por que tinham que ser seus pais? Ele estava condenado a tropeçar na vida com todos que ele amava morrendo e deixando-o, sem nenhum lugar e ninguém a quem pertencer?

Hermione pegou a mão dele e ele quase engasgou com as lágrimas de alívio, com a força estabilizadora que a presença dela lhe deu.

Ela sempre teve um jeito de centralizá-lo.

.

Harry se junta aos Aurores.

Todos estão emocionados – até mesmo exultantes – que o Menino-Que-Sobreviveu estará pessoalmente envolvido na caça aos Comensais da Morte perdidos e às forças remanescentes de Voldemort que permanecem escondidas.

É justo, seus sussurros chegam aos seus ouvidos, que ele termine o trabalho. É a vocação dele.

Todo mundo está emocionado. Todos menos Hermione.

— Você não precisa fazer isso, Harry. — Ela disse a ele uma noite enquanto visitava Grimmauld Place.

Harry não sabe por que voltou para cá, para este lugar antigo e sombrio onde as memórias de Sirius permanecem nas sombras. Mas Monstro está aqui e aquele elfo mal-humorado provavelmente se sentiria sozinho e - e ele não tinha outro lugar para ir, na verdade.

— Não sei mais o que fazer — Harry diz a ela honestamente.

Ele se lembra do olhar surpreso que Ron lhe lançou quando expressou dúvidas sobre sua carreira.

"Caramba, Harry. Isso é mesmo uma pergunta? O que mais você faria? Você é o Homem-Que-Conquistou agora, as coisas vão correr bem para você lá!"

Ron também sofreu com a guerra, com seus próprios momentos de silêncio sombrio sempre que Fred é mencionado, mas ele parece determinado a seguir em frente. Para seguir em frente e voltar a ser alegre, aproveitando a fama para entrar nesta nova etapa da vida com desenvoltura. Harry não consegue sentir o mesmo.

Ele se lembra de Ginny se aproximando dele e querendo reacender o que eles tinham antes de partir para a Caçada. Mas ela olhou para ele com aqueles mesmos olhos – aqueles olhos de adoração, de adoração, com os quais ele tem se confrontado em todos os lugares ultimamente, e seu coração congelou. Ele tentou desesperadamente recuperar um pouco da paixão que sentiu no sexto ano, aquela alegria casual da normalidade que a presença dela lhe dera, mas não sentiu nada. Ela esperava que ele também seguisse em frente, que tudo voltasse a ser como era, e ele não entende como ela pode esperar que ele seja o mesmo de antes, depois de tudo que sofreu e de tudo que perdeu.

Ele não sente nada.

— Harry? — Hermione pergunta, sua voz preocupada tirando-o de seus pensamentos.

— Estou cansado desse vazio na minha vida agora. Eu só quero fazer alguma coisa — ele olha para ela, implorando para que ela entenda com os olhos. Ele não precisa dizer isso em voz alta; ele só quer sentir novamente.

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