Capítulo 3

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Bruna narrando - 1 semana depois

Peguei meu celular que não parava de tocar e recusei a ligação do Dirley, que estava aparentemente desesperado.

Depois daquela briga que tivemos por causa do que aconteceu com a Maju, eu e ele nos resolvemos, porém, ficou extremamente chata a nossa convivência, o tempo inteiro ele falando para eu me afastar da Maju porque ela não presta e tudo mais.

Diz ele que se pegar eu andando com ela novamente, o bagulho vai ficar feio para o meu lado, mas eu não estou nem aí. Segundo ele, como que pode a primeira dama da favela andar do lado da piranha mais rodada.

Cara, eu penso assim, o que ela faz ou deixa de fazer, é do particular dela, sabe? Eu não tenho nada haver com isso, e, eu posso andar junto, comer junto, sair junto e tudo mais, a diferença é que eu não me igualo. Já sou bem grandinha para saber o que é certo e o que é errado, e para saber que sou casada com um bandido dono de uma favela, e que em primeiro lugar de tudo, devo manter a postura.

O tempo inteiro o Dirley está me enchendo o saco, dizendo que eu devo parar de andar com a Maju, e tudo mais, e isso ja estava ficando insuportável, por isso parei de atender e falar com ele já tem dois dias.

Notícias minhas, eu tenho certeza que ele tem, mas não vou atender a chamada dele, e nem falar com ele, até chegar o dia da visita, eu hein.

Não consigo entender o Dirley, de verdade... Ele conhece a Maria Júlia desde pequeno, ela nasceu aqui na favela, assim como ele, e se eu não me engano, eles até eram amigos, antes de ele ter sido preso agora, pela segunda vez.

A Maju, por sinal, nem fala mal dele, fala bem demais, até, que eu às vezes até estranho, mas fico na minha.

Não sei como vai ser quando ele sair da cadeia, o que está cada vez mais perto... Não quero perder a amizade dela, assim como não quero perder o meu marido.

Maju pode ser cabeça quente, ingrata às vezes, mas é minha única amiga. Claro que eu tenho a Grazi também, mas com a Grazi é diferente, ela por ser mais velha é tipo uma mãezona para mim, corre mais pelo lado da razão e querendo ou não, ela tem a vida dela, o filho dela, o marido dela, a família dela, e vive para eles.

Escutei meu celular tocar pela décima vez, e decidi atender extremamente put* da vida.

Bruna: Alô?

Dirley: Eai vida, porra, maior neurose para falar contigo, o que tá pegando? Tá bolada por que?

Bruna: Nada Sombra, nada.

Dirley: Sombra não, para tu é Dirley, agora fala, qual foi?

Bruna: Tá me ligando por que?

Dirley: Pô amor, maior saudade de você... Caralho, fiquei como, achando que tu tava bolada com algum bagulho, já.

Bruna: Tá devendo Dirley?

Dirley: Ih, pronto...

Bruna: Quem não deve não teme, hein.

Dirley: Tô devendo um beijo nessa sua boca gostosa, única coisa que eu tô devendo no momento.

Bruna: Uhum, sei...

Dirley: Mas passa a visão, como anda as coisas? Tá precisando de grana, tá querendo algum bagulho?

Bruna: Não, amor.

Dirley: Pode falar meu amor, tu sabe que comigo não tem que ter vergonha, se quiser algum bagulho pede que eu te dou.

Bruna: Quero você aqui comigo, não aguento mais essa saudade.

Refém da vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora