CAPÍTULO 1

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Dominique Ventura

Vitória só podia estar ficando louca, realmente... Desde quando ela pensa que meus pais decidem algo por mim?

Tudo bem que sou bem estranha para alguém da minha idade. Aos 23 anos, tudo que queria era terminar minha faculdade e graças a Deus isso aconteceria no próximo ano. Seria uma advogada e tanto! Desde que comecei a faculdade minha reputação era minha prioridade, não fazia nada que pudesse manchar minha carreira que nem havia começado.

Mas Vitória, que sempre foi meu oposto, nunca colaborou comigo. Ela fazia Fisioterapia, amava a faculdade, mas não precisava se importar com a imagem assim como eu. Nós nos conhecemos por acaso, no refeitório da faculdade e desde lá não desgrudamos mais. Ela sempre queria me arrastar para suas festinhas, mas isso não era minha praia, ela sempre estava em festas e eu em casa, assistindo um filme ou estudando, enquanto em um ano ela havia tido três namorados, eu beijava uns dois e depois nem queria ver mais, o dedo sempre foi bem podre.

Voltando para minha indignação, ela pediu para minha mãe me convencer a viajar no carnaval com ela, em Salvador. 

Estava me sentindo com cinco anos, quando a amiguinha pede algo pra nossa mãe por que assim sabe que ela vai deixar.

Escuto uma batida na porta:

- Entra.

Olho para a porta e vejo Domênica - vulgo, minha mãe - desvio os olhos para uma mala de mão vermelha, que ela coloca em cima da cama, depois retorno os olhos para ela.

- Eu não vou a lugar nenhum.

- Domi, filha, você precisa se distrair um pouco. - Faz um olhar de piedade, que até parece que é ela que vai. 

- Eu me distraio, mãe. Estudando, lendo um livro, um filme. A Vitória é completamente sem noção de achar que vou!

- Tudo bem. Você sabe o que faz da sua vida. Mas tanto eu, quanto seu pai, concordamos que você deveria ir. São só cinco dias, vai passar voando.

- Só cinco dias? Só? Para mim isso é uma eternidade.

- Ok Dominique. No seu lugar eu aproveitaria, ano que vem você se forma, e aí eu quero ver quando é que você vai poder fazer uma loucura assim. É carnaval, e em Salvador, ninguém te conhece. Pensa nisso?

- Você sabe convencer alguém quando quer né? 

- Isso significa que você vai?

- Significa que vou pensar.

- Já é um começo. Qualquer coisa me chama. - Logo saiu do quarto.

Minha avó sempre me disse que se eu pudesse só estudar, então que eu só fizesse isso. Ela faleceu dois anos antes de eu entrar na faculdade. Antes disso, festa era meu nome e sobrenome, mas tudo mudou… 

No espelho em minha penteadeira, no canto, tem uma foto da minha avozinha e um post-it, escrito "Se puder estudar, estude. Ninguém nunca vai te tirar seu estudo." eu segui seu conselho.

Tinha medo de ir nessa viagem e trazer de volta aquela Dominique de antes, eu não sentia falta de nada daquela época, mas talvez eu precisasse dessa "despedida".

Vitória e minha mãe conseguiram, eu iria pro carnaval, em Salvador. Mas claro, elas só saberiam daqui uns dias.

[DEGUSTAÇÃO] Dominique: Um carnaval inesquecível Onde histórias criam vida. Descubra agora