𝐌𝐔𝐑𝐌𝐔𝐑𝐈𝐎𝐒 𝐃𝐄 𝐏𝐑𝐎𝐅𝐄𝐂𝐈𝐀𝐒 mal contadas a séculos passados ainda se faziam presente em histórias para fazerem crianças dormirem. Batalhas entre o sobrenatural continuava a atormentar inocentes. Tudo pelo poder. Tudo por um líder. Tra...
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EU TENTAVA me concentrar em "O Apanhador no Campo de Centeio" quando ouvi passos leves no corredor. Sabia que era ele antes mesmo de vê-lo. Henry entrou na sala com aquele sorriso debochado e energia de quem estava prestes a me provocar.
— Ei, Gwen! Esse vestido é vintage ou foi doado diretamente pelo museu da nossa avó? — provocou ele, com uma risada enquanto se jogava no sofá ao meu lado. O impacto foi suficiente para quase me fazer perder a página.
Desviei os olhos do meu livro, pretendendo fazer uma careta para Henry, mas na metade do caminho perdi as forças e a expressão acabou se tornando algo entre o desgosto e o desdém. Depois de um dia daqueles, não tinha sobrado qualquer impulso homicida em mim.
— Vou fingir que nem ouvi essa, Henry. — Voltei a atenção para o livro, ignorando-o.
Ele se aproximou, espiando a capa do meu livro.
— Sério? "O Apanhador no Campo de Centeio"? Você acha que é a reencarnação do J.D. Salinger agora? — continuou ele, com o tom sarcástico.
— Estou lendo porque gosto, não que você entenda algo além dos seus videogames. — retruquei, finalmente dando-lhe um olhar de canto.
Henry deu um risinho e se recostou no sofá, mas seu olhar caiu sobre Josh, que estava no canto da sala, vidrado no celular, um sorriso bobo estampado no rosto.
Quando estou segurando um livro, todos deveriam ter a bola de cristal em mãos para imaginarem que odeio qualquer interação comigo.
— Ei, o que aconteceu com o Senhor Sério? Ele... ele está sorrindo? Depois do desastre de hoje? — Henry perguntou, franzindo o cenho.
Eu olhei para Josh, surpresa. De fato, ele estava sorrindo. Aquele sorriso calmo, quase raro. Normalmente, Josh era o tipo que andava com a expressão fechada, sempre imerso nos próprios pensamentos. Mas ali estava ele, digitando no celular e parecendo... leve.
— Sabe, talvez seja alguma garota. Finalmente uma que chamou a atenção dele. — Henry me cutucou, divertido.
— Duvido. Ele é muito esnobe para isso. — murmurei, sem querer dar o braço a torcer. — As garotas vivem tentando, e ele age como se fossem invisíveis.
Henry gargalhou, mas depois olhou para mim de maneira mais séria.
— A propósito, Gwen... por que você empurrou ele daquele jeito hoje? Todo mundo viu! — Ele me encarava, o rosto agora sem o habitual sorriso zombeteiro.
Eu congelei. O que ele tinha escutado? Engoli em seco, lembrando do que Josh sussurrou antes de perdermos um para o outro na disputa. A lembrança me deixou desconfortável.
— O que você acha que ouviu? — perguntei, hesitante.
— Não sei... mas você anda estranha, Gwen. Parece que está escondendo alguma coisa. Tem algum cara envolvido nessa história? — Ele me olhou com uma mistura de curiosidade e preocupação.
