Prólogo

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31 de outubro 2010

O aeroporto estava um caos. Tinham pessoas demais, umas estavam dormindo no chão, outras nos bancos e o resto estava em pé. Desde a notícia de um suposto vírus que estava enlouquecendo as pessoas e que estava se espalhando rápido, o governo declarou que entraríamos em quarentena e os imigrantes tiveram que voltar pro seu país de origem, seria mais fácil se eles não cancelassem a maioria dos vôos.

—MJ… MJ. – A voz de meu irmão mais novo me tira dos pensamentos.

—O que?

— A mamãe tá demorando muito, será que aconteceu alguma coisa com ela?

— Não precisa ficar preocupado ela só deve ter se perdido, tem muita gente no caminho. – Tento relaxar o menino mas não funciona. — Olha toma aqui. – Tiro o coelhinho azul da mochila e entrego para Pedro que pega confuso.

— Mas a mamãe disse que não era pra eu ficar com ele pq eu já era grande.

— Eu sei, mas a mamãe não tá aqui e vai ser só por enquanto. Tem que prometer que não vai conta à ela.

— Eu prometo.

— De dedinho?

— De dedinho. – O menino diz e com um grande sorriso nós entrelaçamos nosso dedos.

Eu me encosto na cadeira e respiro fundo, espero que ela não demore.

•••

Eu estava lendo um dos livros da minha mãe quando um grito foi ouvido. Levanto da cadeira rapidamente e olho na direção do grito mas não vejo nada.

— MJ? – Pedro me chama e segura meu braço e instintivamente eu coloco ele atrás de mim.

As pessoas começam a se levantar tentando entender o que estava acontecendo, derrepente uma mulher entra coberta com sangue e cai no chão causando um alvoroço nas pessoas que tentaram ajudar. Rapidamente pego nossas malas e seguro a mão de Pedro indo em direção ao portão de embarque tendo que desviar de pessoas no caminho.

— MJ e a mamãe? – Pedro pergunta.

——A gente acha ela no caminho. – Ouço outro grito e olho para trás vendo que a mulher, antes caida agora estava mordendo o pescoço de um cara e logo em seguida outras pessoas entraram e atacaram quem viam pela frente.

Solto as malas ficando apenas com uma mochila nas costas e agarro Pedro,que estava chorando, no colo e corro até o portão que estava sendo fechado. Quando estava chegando, uma daquelas pessoas doente me agarra me fazendo largar Pedro.

— Maria!

Coloco meu braço em seu pescoço mantendo a coisa longe de mim. Sinto uma coisa na minha mão e rapidamente bato na cabeça do doente sentindo o sangue espirrar em meu rosto, mas ignoro isso a bato denovo e denovo. Assim que paro olho para Pedro, que me olhava assustado.

— Você matou ele.

— Vem comigo. – tento pegar ele mas ele se afasta.

— Você matou ele!

— Pedro a gente não tem tempo. – Olho pra ele que me olha assutado mas logo estende os braços pra mim.

— Vem, a gente tem que ir. – Pego ele no colo e volto a correr tão abalada quanto ele. Assim que a gente chega do lado de fora vejo que o avião estava saindo, me deixando desesperada, olho pra trás vendo diversas pessoas correndo em nossa direção juntamente daqueles doentes. Corro em direção a um dos carros que estava ridiculamente longe.

Eu não quero morrer.

Eu não quero morrer.

EU NAO QUERO MORRER.

Assim que jogo Pedro dentro do carro outro daqueles doentes me ataca, eu o empurro pra longe e entro no carro, rapidamente começo a procurar uma chave e quando não acho tento fazer uma ligação direta, o choro de Pedro e o barulho daquela coisa batendo na janela eram desesperadores, felizmente ouço o barulho do motor e dirijo pra longe dali. O carro da uns solavancos por causa dos corpos, mas eu não tinha tempo pra sentir culpa, tinha que manter Pedro a salvo.

— MARIA CUIDADO!!

3 anos depois

Acordo num pulo sentindo meu coração a mil. Respiro fundo e lentamente me acalmo, levanto da cama improvisada pego minha mochila e coloco o arco nas costas e saío da pequena caverna que dormi indo procurar um café da manhã.

Depois de uns minutos andando na floresta eu avisto um pequeno coelho. Lentamente vou me aproximando do coelho distraido, e quando chego perto o suficiente o agarro com força. Observo o coelho se debater numa tentativa inútil de fugir.

— Calma, calma. – Acaricio o pequeno até que ele se acalme, quando ele finalmente para de se debater o trago pra perto da boca e arranco parte de seu pescoço numa mordida, o bixo volta a se debater mas logo para e eu dou outra mordida.

Estava apreciando meu café da manhã quando percebo um zumbi me olhando.

— O que é? – Pergunto e o zumbi rosna. — Esse é meu, vai procurar o seu. – Digo e volto a comer. O zumbi continua olhando me fazendo revirar os olhos, então levanto e jogo um pedaço do coelho pra ele. — De nada, bom eu adoraria continuar aqui mas eu tenho que seguir caminho. Boa vida seu zumbi, ou seria morte? – Dou de ombros e caminho em direção a estrada, sinto que hoje vai ser um bom dia.

•••

Eu já estava a algumas horas na estrada e sinceramente de saco cheio. Não tem nada de interessante num apocalipse? Eu continuei a andar até sentir a presença de uma horda, não parecia muito grande, tinha uns doze no máximo, eu ignoraria mas escutei sons de luta. Tinham pessoas ali.

— Esquece isso Mj, isso não é da sua conta. – Digo pra mim mesma, mas por alguma razão isso tinha me chamado atenção. — Não, nem pensar você sabe o que aconteceu a última vez. – Depois de uns cinco passos bem decididos eu paro novamente, Droga eu vou me arrepender disso.

— Foda-se. – Tiro o arco das costas e vou na direção em que senti a horda. Chegando lá eu vi dois homens, um mais velho, parecia cansado e estava bem sujo o outro mais novo, estava limpo, usava uma bandagem tapando um olho e o outro olho tinha uma cor azul hipnotizante.

Os dois estavam lutando contra a horda e definitivamente não parecia muito fácil, vejo o mais novo caindo com um zumbi em cima dele então sem pensar coloco uma flecha no arco e atiro na cabeça do morto que estava prestes a morde-lo, e depois atiro em outro e mais outro até acabar com a horda. Quando todos os zumbis estavam no chão os homens se aproximaram uma do outro e levantaram suas armas.

— Quem está aí? – O garoto de olho azul perguntou e por um segundo eu quis aparecer. — Nós não vamos fazer mal.

A eu vou ter que pegar as flechas de volta, que mal vai fazer se eu aparecer, e não é como se eles fossem me matar.

Lentamente saio de onde estava escondida aparecendo na frente deles.

— Oi, obrigada por salvar a gente. – O menino com o tapa olho falou. — Você pode me dizer o seu nome?

Ignoro a pergunta dele e vou pegar uma flecha que estava num zumbi próximo.

— Meu nome é Carl e esse é o Siddiq. – Ignorado novamente. — Tem uma comunidade. – Eu travo com a fala dele. Existem mais pessoas? Tinha uma comunidade delas? — Você pode vir com a gente, só tem que responder algumas perguntas.  – Eu olho pra ele depois para o homem que estava observando a situação e denovo pra ele.

— Muito obrigada, Carl da comunidade mas eu passo. – Pego a última flecha e vou em direção a estrada pra seguir caminho.

— Espera! – Ele diz me fazendo parar. — Posso pelo menos saber o nome da minha salvadora?

— Pode me chamar de MJ. – Volto para o meu caminho, pensando no Garoto bonito, Carl da comunidade.

Esse dia não foi de todo ruim.




VARIANT || Carl Grimes || - HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora