Ray arrumava seu smoking em frente ao espelho, já tinha arrumado seu cabelo, passando um gel e o pente, o deixando para trás. Com exceção de sua franja, que ele manteve caída sobre o lado direito do rosto.
A aliança estava em seu dedo, e ele a encarava.
Sorriu em meio a um suspiro e a levou até seus lábios, depositando ali um pequeno beijo.
E então pegou as chaves do carro e saiu de casa, rumo ao salão.
Quando entrou no carro se olhou no retrovisor, as olheiras das noites em claro - onde ele passava chorando e mentindo para si mesmo, dizendo estar bem - estavam bem ali.
O caminho até o local fora calmo e sem imprevistos, e em pouco tempo ele estava a frente da construção.
Saiu do automóvel e andou até a porta do local. Mas antes de girar a chave na fechadura ele olhou para o céu.
Afinal, talvez apenas o céu soubesse onde ele estaria.
Assim que abriu as portas e entrou, imediatamente procurou a caixa de energia e ascendeu todas as luzes.
O local estava arrumado. As mesas espalhadas, cada uma com um vaso contendo lírios brancos a decorando.
Do outro lado estava a mesa dos noivos. Era pequena, apenas com duas cadeiras, mas estava decorada de maneira delicada, também.
Todo aquele salão estava decorado do jeito que eles imaginaram e desejaram.
Mas estava vazio.
Ray andou devagar até a mesa dos noivos, e, sobre ela, estava um porta retrato com a foto de seu noivo, Norman.
Ele pegou a moldura e sorriu. Passou os dedos pelo vidro e o levou até seu rosto, dando um beijo sobre a foto.
- Eu sei que você está aqui comigo, Norman. Mesmo sendo mais difícil de ver do que a maioria das outras pessoas - ele falou para a imagem.
Ainda com o porta retrato ele se dirigiu ao meio do salão, tirou um pequeno controle do bolso de sua calça e apertou o botão. Feito isso uma música começou a tocar.
Dancing with your ghost.
Era a música que eles sempre dançavam, mesmo que Ray sempre falasse que era uma música triste e angustiante, ainda assim, aquela música se tornou a favorita dos dois.
E agora eles dançavam novamente naquele salão vazio.
Naquele momento Ray fechou os olhos e se imaginou com Norman.
Mesmo que, se ele estivesse realmente lá, seria apenas um fantasma.
Mas, para Ray, ainda seria o Norman.
Aquela música dizia o que Ray falava em silêncio naquele momento para seu amado.
Ele sabe que deveria tentar seguir em frente, mas só de pensar na possibilidade ele já sentia dor.
Porque ele sabia que não haveria como amar alguém novamente. Pelo menos não dá forma que ele amou Norman.
Ele se culpa por nunca ter tido a chance de dizer um último adeus. Um último 'eu te amo'. Antes que pudesse ter feito isso, Norman já tinha sido dado como morto a tiros em um beco.
E então a música parou, e Ray abraçou o porta retrato.
- Eu te amo, Norman, por favor, volta para mim.
E, mesmo não vendo e nem sentindo, naquele momento Norman o abraçava também.
- Eu estarei sempre com você, meu amor.
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A nossa dança
Roman d'amourAquele era um dia especial para Ray e Norman. Era o dia pelo qual eles esperaram tanto. Era o momento que eles planejaram com muito esforço e dedicação. Pois é, era...