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DIA 1 DE PLANTÃO
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4 ° andar, Ala Psiquiátrica e Oncologia Adulta
— Sabe eu costumava a brincar comigo mesma, sobre como eu iria seguir minha vida – a mulher falava enquanto passava um pano no corpo em cima daquela cama, com todo cuidado para não alterar nenhum tubo ligado ao corpo. — Minha mãe sempre brigava comigo por eu querer seguir a profissão do meu pai – ela molhou o pano na tigela — Eu brincava sozinha em casa que eu era a "Doutora Clara", brincava de medicar as bonecas, eu era sozinha naquela época, não tinha amigos vivia trancada em casa, meu pai trabalhava de enfermeiro nesse mesmo hospital — Você não cansa? – pela primeira vez era ouvida a voz do rapaz — Canso? – ela olhou para ele sem entender, pela primeira vez desde que entrou no quarto os olhos do jovem a encararam — Não estou muito afim de escutar suas histórias de quando era criança – ele voltou a olhar para o teto como se fosse algo mais precioso no momento — Porque não desiste igual os outros enfermeiros? Porque todos não me deixam sozinho já que são meus últimos dias de vida, pelo menos deveriam acatar esse meu último desejo — Não diga bobagens você vai sair daqui – ele sorriu em escárnio — Claro que sairei – voltou a olhar para a mulher que passava um pano em seu braço — Dentro de um caixão, ou eles irão cremar e jogar as cinzas em algum lixo, pouco importa depois que cai aqui não tenho mais ambição de nada – ele virou se olhando pela janela — sou um caso sem esperança.
Enquanto isso em outra ala:
— Hora do óbito 21:50 – olhar para o relógio contar a hora em que mais uma vida se foi perdida por uma doença que ainda era causa de muita dor nesse mundo, o sentimento de impotência para um médico com especialidade nesta área, tudo isso deixava Roberto em um nível de frustração enorme, após a reunião que teve com a enfermeira chefe Jurema apresentando todos os novatos, atendeu um pouco dos pacientes no limbo, mas foi por pouco tempo, até o enfermeiro que lembrava se chamar Josh assumiu seu posto, só nessas duas horas que estava no setor de oncologia e mais de três mortes, as vezes se perguntava se estava fazendo seu trabalho correto, mas aí ele lembrava que nem tudo dependia de suas forças, o universo teria que ajudar nessa parte.
Frustrado, cansado, seguiu para mais um novo caso em suas mãos, dessa vez o paciente do quarto C14, Diego Rodrigues, 20 anos, (1)LMA avançado — Vamos lá Roberto mais um desafio – ele se encaminhou em direção ao elevador para ir a ala dos quartos — Qual o próximo doutor? – Uma enfermeira que estava o acompanhando no elevador perguntou para puxar assunto — Diego Rodrigues, conhece? – ele estava lendo os dados do paciente, ouvindo um suspiro vindo da enfermeira, o que chamou sua atenção — O caso sem esperança – ele olhou sem entender para ela — Caso sem esperança? – perguntou sem entender — Veja com seus próprios olhos doutor, você entenderá assim que seus olhos caírem no paciente – a voz da moça esboçava um tom de pena, junto a tristeza — Pobre rapaz tão jovem.
As portas do elevador se abriram anunciando a chegada a ala desejada, caminhando silenciosamente ele foi em direção ao quarto, que por alguma razão após as palavras da jovem enfermeira ele estava curioso sobre esse caso, chegando a porta do quarto a surpresa foi grande ao colocar a mão na maçaneta a porta se abriu abruptamente saindo pela mesma uma senhora com o uniforme do hospital trazendo consigo um carrinho que tinha instrumentos de banho — Oh doutor? – ela estava surpresa, olhando para o jaleco do médico em busca de seu nome — Roberto – Ficando vermelha pela falta de conhecimento do médico a sua frente se encolheu um pouco.
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PLANTÃO NOTURNO
FanfictionUma grande confusão se instala no grandioso hospital Bartolomeu Lenov quando seus amados plantonistas envolvem amor e ódio durante seus trabalhos. O que pode acontecer quando Josh uns dos melhores enfermeiros do pronto atendimento sentisse afeto por...