Consegue entender o valor das pessoas? dos momentos? ou de como eles fazem você se sentir?
Não se sinta mal por não ter essas respostas, nem mesmo eu as tenho. Mas pra contar essa história precisamos retroceder alguns anos.
Tinha acabado de mudar de colégio (de novo), por ter repetido o 6º ano pela segunda vez (é isso aí, me julguem); com uma música aleatória estrondando em meus fones, a mochila tão leve que parecia estar vazia. Passei pelo portão daquele lugar minúsculo e por incrível que pareça todos já se conheciam mesmo estando no 1º dia do ano letivo.
Observei os quatro cantos daquele grande retângulo, coletando o máximo de informações sem fazer contato com ninguém. Não tinha muitas salas apenas o suficiente para ensino fundamental 1 e 2, graças a isso não foi difícil encontrar minha cela onde cumpriria minha sentença pelos próximos meses.
Os dias passavam e parece que ninguém interagia diretamente com os novatos, o que pra mim não foi um problema. Não foi complicado "ler" aquelas pessoas cujo as principais preocupações eram quem ainda ia chegar depois do carnaval e saber as fofocas das férias (vamos lá até eu queria saber o que de tão interessante poderia ter acontecido para estarem tão ansiosos). Os destaques era um grupinho de garotas: a ruiva fofa, a morena de franjinha que tinha um rolo com um garoto do 9º ano, a padrãozinho e a garota dos cachos perfeitos (sei que foi uma avaliação superficial mas no momento era tudo que eu precisava saber para me adaptar), tudo que acontecia naquele lugar ou elas estavam presentes ou envolvidas (não que fosse muito difícil, confesso que foi reconfortante não precisar de tanto esforço pra saber de tudo que acontecia lá).
Já tinha me acostumado a viver com aquela dinâmica; quando tudo parecia normal e uma rotina parecia ter se estabelecido, ela chegou com aquele sorriso de lado, um sotaque vindo diretamente do RJ, escondendo a timidez com uma enorme simpatia e pela primeira vez desde que entrei naquele colégio, eu quis criar laços com alguém.
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Uma história de verdade sobre um amor de mentira
RomanceQualquer semelhança é mera coincidência... Ou talvez não