I Want You ☆ Bang Chan

01| Cadeiras Viradas

O botão, por favor, apenas aperte-o!

Nunca cantei Heart Attack da Demi Lovato com tanta paixão em toda a minha vida, e olha que essa tem sido a minha música preferida desde 2013, quando eu era só uma estudante meio problemática do ensino médio.

Meu nervosismo aumenta à medida que a música passa e não vejo nenhuma das cadeiras virarem para mim. Pelo menos parece que escolhi a música certa, o título combina perfeitamente com o que estou sentindo agora, já que estou à beira de ter um ataque cardíaco.

Seguro meu microfone com as duas mãos e faço o melhor que posso. Tudo bem que nunca estudei canto, mas tenho motivos suficientes para acreditar que posso conseguir entrar nesse programa. Não é possível que todas as pessoas que já elogiaram a minha voz estivessem mentindo para mim o tempo todo, isso seria muito insensível da parte delas.

Meus olhos iam da plateia, que cantava algumas partes da canção comigo, para as quatro cadeiras em minha frente. Não me importo se os outros não virarem, eu quero ela: Ivete Sangalo. E o motivo é simples, amo mulheres fortes. Elas me inspiram, me motivam e me fazem acreditar que realmente posso ser o que quiser.

E posso mesmo.

Inclusive, é por isso que estou aqui.

Por que mais uma estudante de gastronomia estaria no The Voice Brasil? Parece aleatório e, na verdade, é. Mas é assim que a minha vida tem sido desde que me lembro. Uma grande viagem aleatória.

Canto o último refrão. É agora ou nunca. Coloco toda potência que posso em minha voz e a música explode acompanhando meu high note. Três, dois, um...

BAM!

O som do botão sendo pressionado me pega de surpresa e eu olho assustada, finalmente percebendo a única, porém brilhante, cadeira virada para mim.

Eu quero você. É o que diz nela.

Levo as mãos à boca, sem acreditar que consegui mesmo entrar no programa.

Dois segundos depois, todos os jurados já olhavam para mim, aplaudindo minha apresentação. Me curvo brevemente agradecendo os aplausos.

— Espetacular! Que voz incrível você tem! — a cadeira que se virou para mim iluminada de branco ainda me deslumbrava — Conta pra gente, como é seu nome?

— Oi, gente! - aceno com a mão para eles, sorrindo de orelha à orelha — Meu nome é Maya.

— Maya, essa força que você traz através do seu canto reflete justamente o que você é e o que quer passar pras outras pessoas... — era exatamente isso que eu imaginava que Carlinhos Brown diria. — Parabéns, você está no The Voice Brasil!

Agradeço mais uma vez, sem conseguir esconder meu sorriso. Minhas pernas que antes estavam bambas de nervosismo, agora só queriam pular de tanta alegria.

— Mais do que a força da sua voz, Maya, você tem um timbre lindo que encanta — foi a vez de Lulu dizer. — Mas agora, tô curioso pra saber, conta pra gente um pouquinho da sua história com a música.

— Obrigada, Lulu — coloco uma mecha de cabelo teimosa para trás. — Na verdade, a música tem sido uma amiga que tá comigo nos momentos tristes e felizes, mas essa foi a primeira vez que eu resolvi ser amiga dela, pra ser sincera, eu nunca nem tinha cantado num palco antes.

— Maya — a voz dela finalmente ecoou pelo estúdio —, se essa foi sua primeira vez no palco, não consigo nem imaginar como é que serão as próximas, não é, meninos? — Ivete perguntou sorridente, olhando para as cadeiras ao lado — Parabéns, você foi maravilhosa!

— E o melhor é que é do meu Time e não vou precisar disputar com ninguém! — a fala animada de Teló invadiu meus ouvidos — Maya, a gente vai fazer história juntos! Bem-vinda ao Time Teló, bem-vinda ao The Voice Brasil!

Não sei dizer o quão grata me senti por ele ter me escolhido. Não é a Ivete Sangalo, claro, mas é a pessoa que acreditou no meu potencial e me deu a chance de mostrar quem eu realmente sou através da música.

Corro para abraçar Maria, que estava ao lado de ninguém mais ninguém menos que Tiago Leitfer, torcendo por mim enquanto eu me apresentava. Passo meus braços por seu pescoço enquanto dou pulinhos de alegria e ela faz o mesmo. Ouço uma piada vinda de Tiago, sobre minha irmã e eu estarmos abraçando um espelho e solto uma risada nasal, me afastando do abraço.

Realmente, não importa onde você esteja, se você tem uma irmã gêmea idêntica, sempre vai ter algum tiozão pronto para fazer piada com isso.

Respiro fundo, esquecendo tudo ao meu redor por alguns segundos.

É, eu consegui.