II - Solidão

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- Vazio, perverso e obscuro, foi o que gritaram a mim. Me negaram meu único desejo. Desejo de vida, de amor, de liberdade. Me negaram luz.

- Eles negaram... ou você não se permitiu aceitar?

- Me negaram tudo.

- Então aceite que estará sempre sozinho, pois terei que ir também.

- Se você for... quem serei daqui para frente? Não posso sem você!

A sombra se desprende de seu eterno companheiro, o lança um olhar vazio, se levanta e sai. Sai para nunca mais retornar. O homem sem sombra preso na própria solidão inventada, permaneceu imóvel até o último suspiro, esperando que um dia, a sombra voltasse para lhe proteger. Mas ela apenas o assistiu com frieza. O corpo do homem continuava a ouvir depois de sua partida. Ouvindo conversas pretensiosas e maldosas sobre sua pessoa, mentiras o condenavam em vida e em morte. Até sua alma se encontrou sozinha, acorrentada na escuridão pela eternidade, pois nenhuma prece foi feita para ela.

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