Capitulo Único

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Eu realmente apreciaria ler suas opiniões.
Esse não é o tipo de coisa que eu costumo escrever. Acho que estou mais emocional do que o normal. Realmente não faço ideia se fiz isso corretamente então espero que gostem.
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“Regina, hoje é um daqueles dias em que parece que a dor vai sobrepassar tudo. Você está feliz e eu estou feliz por você. Mas não posso evitar essa dor insuportável por sua felicidade não ser eu.
Tive esperanças. Eu me permiti e me odeio por isso. Em algum momento entre você parar de me odiar e até me achar digna para ser chamada de mãe do seu filho. Do nosso filho. E então eu tive que ir e quando voltamos, quando Henry e eu voltamos já tinha outra pessoa em sua vida.

Alguém que eu não achei digno desde a primeira vez que vi. Mas você o ama. Como eu poderia lutar contra isso?

Nem sei se quero. Não se você estiver feliz. E... inferno... você parece estar. Desde que voltamos eu posso te ver sorrir mais. De um jeito que não sorria antes. Você parece mais leve e até mais jovem assim.

Não sei onde colocar todo esse amor. Tenho vontade de correr. Tenho medo do dia em que você vai aparecer com uma aliança no dedo e me convidar para seu casamento. Todo meu corpo dói só de pensar.

Confesso, já considerei deixar Henry aqui com você e fugir. Mas sei que ele não poderia me perdoar dessa vez.
Eu vou aprender a enterrar esse amor no fundo do peito. Não sei como ainda tenho esperanças de poder, depois de tanto tempo te amando em silêncio. Sabendo que a cada dia isso só cresceu em mim.”





Emma tinha lágrimas nos olhos quando escreveu aquilo. Mais uma carta dentre as várias que ela escreveu para a outra mãe de seu filho.

Tinha dois outros cadernos cheios delas. Não podia evitar. Não depois da primeira vez que encontrou Regina. Ela pensou que quando a morena deixou de odiá-la tudo isso seria menos doloroso, mas foi o completo oposto.

Agora a rainha era até mesmo amigável e estava sempre sorrindo. Algo que a loira imediatamente associou à Robin Hood. Devia estar muito feliz com ele.


Henry não ia muito melhor. Sentiu-se excluído. Sua mãe estava sempre com Robin e Roland, se fosse admitir, não parecia mais ter espaço para ele e Emma em sua vida.

Ele foi outro que se permitiu sonhar. Pensando que os três poderiam ser uma família. Sua pequena família perfeita.

Até aquele homem aparecer. Henry tentou com todas as forças, por sua mãe, não ser tão crítico com ele. Mas algo em seu interior lhe dizia que não era boa coisa.
Amava Regina mas não podia suportar vê-la substituindo ele e sua mãe por aqueles dois.

E também não podia suportar ver Emma definhando de tristeza.
Não era mais um menino ingênuo. Podia ver muito bem que ela amava sua outra mãe. Na verdade ele desconfiava que sempre amou.


Então pensou que talvez pudessem voltar para Nova York.
Tudo bem, sua família estava toda ali. Mas conhecia sua mãe para saber que estava custando toda sua força de vontade para não fugir e o único motivo pelo qual ela não o fez foi porque o amava. E ele não fazia mais questão de estar ali. Regina parecia perfeitamente bem sem os dois.



A xerife estava na delegacia quando o filho entrou. Ela parecia perdida em seus próprios pensamentos e demorou um pouco para notar sua presença. Henry estava ainda mais certo do que foi fazer ali.

- Oi, mãe. – ele chamou sua atenção e ela o olhou lentamente como se ainda estivesse descendo de seus devaneios.
- Oi, garoto. Tudo bem? Aconteceu alguma coisa? Você nunca vem aqui. – perguntou preocupada.
- Tudo bem. Eu só queria conversar um pouco.

Emma assentiu.

- Claro. – apontou a cadeira e o menino sentou depois de deixar sua mochila no assento ao lado.
- Eu estava pensando. Sei que vai parecer estranho. Mas me escuta primeiro ok?
- Tudo bem, garoto. Pode dizer. – falou se ajeitando na cadeira. Parecia algo realmente sério.
- Eu sinto falta de Nova York. – mentiu. – E o colégio lá era melhor. Quero dizer o ensino era melhor, sinto que estava aprendendo mais do que aqui.
- O que você quer dizer, Hen? – perguntou desconfiada.

O menino suspirou pesadamente.

- Eu quero voltar para lá, mãe. – falou tentando parecer sincero. Na verdade ele queria que Regina escolhesse os dois mas sabia que não teria isso.
- Você não pode estar falando sério. E sua mãe? 
- Eu ainda poderia visitá-la. E nós dois sabemos que ela está muito ocupada com sua nova família agora para se importar. – sorriu triste.

Emma sentiu seu coração se apertar por saber que seu filho se sentia tão rejeitado quanto ela.

- Eu não sei, filho. Acho que Regina não vai permitir. Ela só te deixou ir da última vez porque não tinha uma escolha real.
- Nós poderíamos tentar. Você também não está feliz aqui não é, mãe?! Vendo ela com aquele cara. – falou sem disfarçar o nojo.
- Henry eu não tenho nada a ver com a vida da sua mãe.
- Eu sei que você a ama. Eu sei faz algum tempo mas não quis te pressionar para falar sobre isso. Eu quis tanto que nós fossemos uma família. Nós três. Mas parece que ela fez sua própria escolha.

Emma respirou fundo tentando afastar as lágrimas que se acumularam em seus olhos.

- Tem certeza que é isso que você quer?
- Eu tenho. – respondeu firme.
- Então tudo bem. Vamos ver isso.
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Regina estava em sua casa sozinha por mais uma noite. Henry preferiu ficar com sua outra mãe e ela pensou que esse distanciamento dos dois foi porque estavam melhor sem ela. Eles tiveram um tempo juntos como mãe e filho e agora não havia espaço. Ela estava sobrando.

Tinha acabado de terminar com Robin Hood. Depois de descobrir a segunda traição. Ela perdoou a primeira porque realmente não se achava digna de ter um amor verdadeiro e pensou que teria que se contentar com o que viesse.

Ela queria Emma. Sempre quis. Talvez desde o primeiro dia. Mesmo quando tentava odiá-la. Sabia que estava perdidamente apaixonada. Mas que chance ela poderia ter?

Já estava na segunda taça de cidra quando a campainha tocou. Esperava que não fosse Robin ou seu filho mal educado.

Caminhou até a porta e abriu vendo Henry e Emma parados. Ela estranhou porque seu filho sabia que não precisava bater para entrar em casa. E seu sorriso automático por vê-los foi logo substituído por preocupação porque eles tinham um semblante incomodo.

- Podemos conversar? – Emma perguntou e Regina assentiu dando passagem a ambos.

Seu coração estava disparado. Talvez eles finalmente quisessem ela por perto outra vez.


Os três se sentaram na mesa de jantar.

- Mãe, Emma e eu temos algo para contar. – Regina assentiu cautelosa.
- Tudo bem, podem dizer. – falou tensa.
- Nós queremos voltar para Nova York. – Emma despejou sem rodeios.

Regina sentiu seu estômago se agitar. Ela sentia que poderia colocar a cidra de maçã que bebeu para fora a qualquer momento se não tivesse cuidado.

- O-o quê? – perguntou num fio de voz.
- Olha, mãe, a escola lá era melhor. Eu sinto saudade dos meus amigos. – mentiu.
- Mas você não tem amigos aqui? – perguntou já tentando conter o choro.
- Sim, mas é diferente. Eu pedi a Emma e ela disse que tudo bem se você concordar. É claro que vou vir te visitar e passar as férias, se você permitir. – ele tentou sorrir mas não conseguiu.

Regina colocou sua melhor máscara de indiferença. Se eles estavam tão ansiosos a abandoná-la, não estaria se humilhando.

- É isso mesmo que querem? Vocês dois? – perguntou séria.
- Sim. – responderam em uníssono mesmo que nenhum dos dois estivesse sequer um pouco seguro disso.
- Tudo bem então. – ela simplesmente concordou. Já estava se sentindo rejeitada demais para discutir. Se eles não a queriam em sua vida ela não ia lutar.

Os dois se olharam tristes. Ainda mais magoados porque ela sequer tentou impedi-los.

- Tudo bem. Nós vamos amanhã então. – Emma falou sem pensar e se levantou com raiva.

Henry não parecia muito melhor e apenas imitou sua mãe loira.


- Eu vou ficar para arrumar minhas coisas. – o garoto falou e Emma concordou antes de sair da casa.



Regina foi para seu quarto e desabou em lágrimas sabendo que estava perdendo sua família mas também se sentindo rejeitada por ambos.

Henry arrumou suas coisas enquanto as lágrimas fluíam por seu rosto. Ele também possuía um porção de cartas que escrevia sem destinatário. Era mais como um diário. Lá ele contava como estava frustrado por sua mãe tê-lo substituído por um pirralho mal educado. E ter substituído sua mãe Emma, uma verdadeira princesa por aquele ladrão ridículo da floresta. Essas foram as exatas palavras que ele usou.


Pegou suas coisas, roupas e livros principalmente. Apenas os que ele gostava mais. Ainda deixaria a maioria para quando voltasse para visitar Regina. Isso se ela realmente permitisse. Porque ele pensou que ela provavelmente daria seu quarto à Roland em breve.

Pegou seu diário e guardou na mochila.


Emma voltou dirigindo lentamente com a visão turva de lágrimas. E quando chegou no loft ela piscou várias vezes e tratou de disfarçar o choro antes de entrar.
Conversou com seus pais e não foi algo fácil. Mas no fim eles entenderam que não podiam prendê-la. E ela disse que eram bem vindos para visitá-los sempre que quisessem.

A mulher desconfiava da paixão de sua filha por Regina mas achou melhor não comentar.
Snow ainda estava chateada porque a rainha escolheu Robin Hood e não sua filha. Mas não tinha o direito de opinar na vida de nenhuma das duas então apenas se calou.


Emma arrumou suas poucas coisas.

Charming deixou uma caixa no meio da sala. Ele estava juntando algumas coisas que precisaria queimar e Emma aproveitou para colocar junto seus cadernos com as cartas para Regina. Cartas que ela nunca leria. A loira sabia que seu pai fazia isso de tempos em tempos e não conferia nada antes de queimar já que era muito cuidadoso com o que colocava ali. Então seu segredo estaria seguro.
__



No dia seguinte Henry se despediu de Regina antes de sair. Ele tinha um nó na garganta mas não deixou transparecer sua tristeza. A morena fez o mesmo.

Eles tomaram café em silêncio antes do menino ir se despedir dos avós.


Deram um abraço apertado que quase fez Regina desabar.


Ela o levou de carro junto com suas coisas e não entrou. Não suportaria ver Emma ir também. Já bastava ter que se despedir de Henry. Já era uma dor grande demais.


O menino entrou e se despediu dos avós e jogou seu diário na caixa também.


Os dois saíram com o coração apertado imaginando se estavam mesmo fazendo o certo mas cada vez que pensavam em Regina com sua nova família eles sabiam que não havia mais nada para se fazer ali.


Mãe e filho saíram do loft e Henry pediu para passar no Granny’s para pegarem um lanche para viagem. O garoto não conseguiria comer por horas, talvez nenhuma refeição decente em dias, não com seu estômago enjoado como estava. Mas queria uma desculpa para ir lá uma última vez. Ele se lembrava de bons momentos no local então quis se despedir. Emma concordou. Ela queria dizer adeus à Ruby que considerava uma boa amiga.


Snow ficou chorando encolhida na cama enquanto Charming tentava parecer durão e foi pegar sua caixa de lixo para queimar.
Eles haviam separado coisas para doar então aquilo devia mesmo ser só as coisas inúteis. Mas ele viu Emma e Henry colocando cadernos lá. Não queria ser intrometido mas ficou curioso e talvez tivesse algo que pudesse guardar de lembrança de sua filha e neto.


Ele vasculhou e achou os cadernos de Emma e o pequeno de Henry.

Sentou-se no chão da sala com o de Emma primeiro e ficou impressionado com o que leu.

Snow repetiu tantas vezes que sua filha estava apaixonada pela rainha mas ele simplesmente não podia acreditar. E agora estava se achando bem idiota por não ter dado ouvidos à ela antes.

- Snow. – ele chamou. – Querida, você precisa ver isso.

A mulher se levantou mesmo a contra gosto porque reconheceu a urgência no tom do marido.
Ele mostrou o que tinha lido para ela. E pegou o diário de Henry e leu.

A última coisa de ambos havia sido escrita na noite anterior.

Sobre como eles se sentiam rejeitados por Regina e estavam saindo da cidade porque não podiam suportar vê-la com outra família.


Snow não hesitou quando pegou o telefone e chamou o número já conhecido.

- Alô. – a voz chorosa respondeu do outro lado.
- Regina, você precisa vir aqui nesse minuto.

Ela mal terminou de falar e a morena estava em sua frente com a aparência devastada. Tinha o rosto vermelho e os olhos irritados pelas lágrimas que ainda podiam ser vistas.


Regina nem pensou antes de ir. Imaginando que havia algo errado e talvez Emma ou Henry precisassem de sua ajuda.

Mas seu coração apertou quando viu que só os Charmings estavam lá. Ela ainda olhou em volta esperançosa mas tudo parecia vazio e silencioso. Assim como era em sua casa.

- O que foi? – perguntou quase irritada.


Snow pegou o que havia acabado de ler e entregou para a morena.

Regina desabou no sofá enquanto lia. Primeiro as coisas mais recentes. Mas de Emma tinha cartas desde o primeiro dia em que ela chegou a Storybrooke. Dizendo o quanto Regina era linda, mas logo isso se tornou mais do que admiração por sua beleza. Emma notou o quanto ela era forte e admirável. Mesmo por trás da maldade, a loira conseguiu ver a essência da rainha.

E também havia o diário de seu filho. Dizendo quão frustrado estava porque ele e Emma não pareciam mais importar para Regina e ela chorou porque sabia que aquilo nem chegava perto da verdade.

Ela amava a ambos e os queria com ela mais do que qualquer coisa. Mas passou a vida sendo egoísta demais, principalmente com relação a Henry para prendê-los.


Ela leu um pouco de cada coisa. E se encantou com as palavras da xerife.

“Regina, eu te amo. Como foi difícil admitir isso, até para mim mesma. Mas hoje eu não consegui mais negar. Depois de tirar Henry daquela mina, mesmo que você não me quisesse perto eu me senti feliz porque você estava feliz. E porque nosso filho estava bem. Eu não sei como isso aconteceu tão rápido. Nunca acreditei nessa coisa de amor a primeira vista, mas você me fez repensar. Depois do seu olhar tão profundo, depois de te ver tão frágil e admitindo que precisava da minha ajuda, meu coração se encheu e eu não consigo mais negar para mim esse amor que transborda a cada vez que te vejo.”


Regina olhou para os Charmings assustada.

- Você sente o mesmo? – Snow perguntou. – Você sente o mesmo pela minha filha, Regina, ou acha que aquele idiota da floresta é melhor do que ela? – perguntou com um tom de voz elevado e irritado.
- Eu a amo. Apenas nunca pensei que ela me amasse também. Eu amo sua filha e quero estar com ela.

- Então vá atrás dela. – Mary falou suavizando a voz. - Emma ia passar no Granny’s, agora deve estar saindo da cidade. Duvido que Ruby tenha conseguido segurá-la por muito tempo. Os dois pareciam desolados quando saíram daqui.

Regina respirou fundo e assentiu. Em seguida ela desapareceu numa nuvem de fumaça roxa e reapareceu no meio da estrada, nos limites de Storybrooke. Bem na hora que Emma estava se aproximando.

A loira freou bruscamente e olhou seu filho para ver se estava bem antes de sair do carro exasperada, pronta para brigar com Regina.

- Você está louca? Quer matar nós três? – perguntou com os olhos arregalados enquanto se aproximava da morena.

Regina apenas sorriu com seus olhos ainda marejados e correu se jogando nos braços da loira e dando-lhe um beijo muito inesperado.

Emma ficou chocada mas nem cogitou afastá-la.
Enlaçou a cintura da outra e a beijou de volta com seu coração disparado.
Regina a segurava e puxava com força enquanto provocou os lábios finos com sua língua e quando a loira deu passagem ambas suspiraram e sentiram seus corpos reagirem.



Henry olhava de dentro do carro, confuso e muito feliz ao mesmo tempo.


Ele saiu lentamente e ficou um pouco afastado, sem querer atrapalhar.


As duas se separaram ofegantes depois de um tempo, apenas o suficiente para olhar Henry.

- Regina, o que foi isso? – Emma perguntou com um sorriso mas ainda totalmente confusa.
- Eu te amo, Emma. Sempre amei. Não posso deixar vocês dois irem embora.

Henry tinha um sorriso de orelha a orelha.

- Mas e o Robin? – ele perguntou.
- Rompi nosso relacionamento ontem. Ele me traía. – falou e sentiu a loira tensionar de raiva em seus braços. – Mas, mesmo que não o fizesse, eu teria terminado. São vocês que eu quero. Eu os amo. Vocês são meu final feliz. – falou estendendo a mão para seu filho, ainda sem soltar a Xerife.

Logo eles estavam juntos num abraço apertado e necessário.

- Eu também te amo, Regina. Nós só estávamos indo embora porque era insuportável ver você com outra família.

Henry concordou.

- Sim, mãe. Eu sempre quis que fossemos só nós três, que fossemos uma família.
- Nós somos. Me desculpem por eu não ter percebido isso antes. Quase os perdi outra vez. Mas agora não vou deixar vocês irem a lugar nenhum.  Nunca mais vou perdê-los de novo. – falou emocionada e beijou Emma novamente enquanto acariciava os cabelos do filho.


Henry se sentia o garoto mais feliz e sortudo do mundo por ter as duas melhores mães.
Regina nunca sentiu seu coração tão cheio de amor e felicidade. Pela primeira vez sentia-se completa.

E Emma estava radiante por finalmente encontrar seu lar, sua família.


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E é o fim. Isso vai mesmo ser apenas uma one-shot. Deixem seus comentários e espero que tenham gostado.
Bom fim de semana à todos!

Letters to ReginaOnde histórias criam vida. Descubra agora