Yundriya era uma nação que contava com vegetações únicas e animais místicos que não existiam em nenhum outro lugar em Yednist, planeta onde a nação havia sido criada. Essa nação surgiu devido à uma guerra entre dois Deuses, Niru e Benki, sendo esse lugar maravilhoso que uma certa quantidade de pessoas chamava de lar.
Eu, Aki Yugiri, tive a sorte de nascer nessa nação. Desde que obtive consciência de quem era e de onde estava, amava correr por entre os bosques cheios de cores e vida e desenhá-los como se fossem obras perfeitas.
Por causa da origem dessa nação e do povo que aqui habitava, a maior parte de nós nascia com poderes de água e fogo, também com o poder de controles sobre a mente e sobre o corpo. E eu faço parte da maioria que nasceram com poderes.
O nosso povo era chamado de Sentys pelos viajantes. Ao que parece, esse era o nome da nossa "raça". Nunca achei necessária essa coisa de "Senty", afinal, nós não éramos os mesmos que eles? Nós fomos, somos e continuamos a ser humanos que nem eles. A gente não seria muito bem aceito por eles por muito tempo, pelo que eles deixavam bem claro.
Na escola, o nosso povo aprendia a ler, escrever, a identificar os animais e plantas de Yundriya, e quando nossos anciões tinham tempo livre o suficiente para nos visitar, eles nos ensinavam como usar nossos poderes para nos proteger e também quando necessário para caçar. Éramos famosos por caçar sem causar dor aos animais, pois prezávamos pelo bem estar tanto nosso como da natureza.
Eu gostava que em Yundriya durante a noite, quando não havia os rituais e festas de celebração, os animais e alguns de nós se reuniam num campo florido e deitavam todos juntos para apreciar as duas luas e as estrelas. Era como se sentir em casa, mesmo estando no exterior... E essa era a beleza de Yundriya, apreciar as mínimas coisas nos mínimos detalhes.
Nos dias em que as crianças e adolescentes tinham um tempo livre, era costume andar por todo o nosso território redescobrindo locais escondidos e brincando com os animais. Foi num desses dias que me encontrei com o amor da minha vida, Marjorie... Ela era uma garota graciosa, cabelos dourados, olhos azuis que pareciam uma lagoa cristalina que hipnotizava todos que a encaravam por um tempo, uma pele tão branca, tão delicada, que dava até medo de tocá-la e ela se desmanchar... Ela era perfeita..., mas nunca tive coragem de dizer ao menos um "Olá!", ela me deixava desconcertado e minha timidez não ajudava em nada. Mas eu já havia decidido escrever uma carta e me declarar para ela, por algum motivo, sentia que ela me olhava na mesma intensidade em que eu a olhava de longe, mas podia ter sido paranoia da minha cabeça.
Eu gastei 5 dias para escrever essa carta. Eu tentei reproduzir o máximo meus sentimentos naquelas... 17 páginas? É, eu sou emocionado demais, mas eu queria ter a certeza de que meus sentimentos fossem bem compreendidos. Mesmo que ela não sentisse a mesma coisa, saber que pelo menos ela leu a maioria das coisas que eu escrevi já era um alívio. Podem considerar isso uma bobagem, mas eu cheguei a compor uma música pra ela. Como eu amava tocar harpa, achei uma boa ideia tentar encantar ela com melodia, já que 17 páginas talvez cansaria a visão e a mente dela, e eu não queria que ela ficasse cansada de mim sem ao menos me dar uma resposta.
Antes do dia em que eu iria entregar a carta pra ela, fiquei a noite em claro, olhando pela janela e desenhando pra passar o tempo. Eu sentia algo em meu peito, e não era amor, era algo... mórbido... Não conseguia pegar no sono, muito menos me sentia à vontade em até mesmo a olhar para o horizonte.
Foi enquanto olhava para esse horizonte que eu vi... A morte havia chegado.
Três Deuses vinham com uma velocidade absurda, trazendo consigo uma onda de devastação.
Eu tinha que fazer algo...
Peguei meu diário e coloquei entre a roupa íntima para não perder e tentei acordar meus pais, não obtendo resultado. Por último, tentei acordar minha irmã, mas nem ela dava sinal de vida. Era como se todos estivessem em um tipo de sono que nem mesmo um berro os acordaria.
Quando me dei por conta, já estava a correr para bem longe. Se não pudesse salvar minha família, não conseguiria salvar ninguém. Com sorte levaria o futuro da nossa nação para outro lugar.
Mas nem isso consegui.
Enquanto corria, eu sentia minhas forças se esvaindo, aos poucos fui parando de correr, parando de andar e por fim, acabei caindo de joelhos no chão.
Com o pouco de força que tinha, olhei para a direção do povoado e vi os Deuses destruindo tudo. As casas pegavam fogo e eram destruídas por uma ventania avassaladora, uma chuva de sal grosso caia sem parar, chegando até a machucar quando tocava na pele. Ali eu vi o fim de uma nação, o fim de um povo... o meu fim. Não tive nem a chance de poder me arriscar no amor, de me formar, de ser um adulto... Os Deuses impediram meu povo e eu de serem pessoas...
A última coisa que vi antes de cair desacordado no chão, foi o sal que caía por todo o local, cobrindo toda a nação, matando tudo o que tinha vida, e me cobrindo. Mas de alguma maneira, eu não sentia dor.
Eu só sentia...
A solidão.
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A Queda
FantasyYundriya, a nação criada pela guerra entre dois deuses. As pessoas que moram nessa nação a consideram um paraíso, mas as que a veem de longe considera o inferno em Yednist. Talvez o paraíso prevaleça, talvez o inferno tenha seu fim... Só os Deuses p...