- Confesso que nunca na minha vida comi algo tão bom , minha nossa - Digo , me referindo ao nosso jantar .
Entramos no carro e quando ele começa a andar vai pro lado contrário da minha casa , sem entender me viro para perguntar , mas , ele responde antes de eu ter essa oportunidade .
- Calma . Não vou te raptar - Rio , lembrando do que minha irmã falou mais cedo hoje - Só quero te levar a um lugar que é especial para mim .
Sorrio novamente . Depois de mais alguns minutos no carro ele diz que chegamos , mas , fico ainda mais confusa quando vejo que não é um lugar em si , é só um breu . Ele abaixa meu banco me dando um susto e antes de eu reclamar ele diz :
- Vamos ficar por aqui mesmo . Minha mãe me trazia muito aqui quando eu era criança , se você ficar olhando para cima dá pra ver muitas estrelas cadentes , e assim aproveitar para fazer um pedido - Ele acaricia meu rosto com o dorso da mão e depois me beija , e permanece assim por minutos .
Quando ele enfim me solta , deita o seu banco e entrelaça seus dedos nos meus .
- AH MEU DEUS EU VI , EU VI - Digo , animada , pois realmente não estava esperando por isso - EU VI !
- Faça um pedido , rápido , rápido !
Obedeço . E faço o único pedido que me vem à cabeça .
por favor , por favor , não deixe isso acabar !Não de novo !
- E , aí ? O que você pediu ? - Ele fala com um brilho nos olhos .
- Se eu contar não se cumpre . Posso nunca ter visto uma estrela cadente na vida , mas sei quais são as regras - E sei mesmo , uma das poucas memórias da minha mãe é dela dizendo que foi assim que ela conseguiu o meu pai .
Meu celular toca no bolso , e como estou concentrada , levo um susto . Vejo que é minha irmã . Minha irmã nunca me ligaria no meio de um encontro . Então atendo .
Antes que eu possa dizer "alô" , ela fala do outro lado da linha - Tem algo errado comig......
- Karen ? KAREN ? O que foi ? Fala comigo . KAREN ? - Começo a me desesperar - Dirija para minha casa o mais rápido que puder por favor , por favor - Imploro a Martin , com uma lágrima já escorrendo pelo meu rosto . Chamo ajuda mesmo antes de chegar em casa .
Ele dirije , com pressa , e nos minutos que ficamos dentro do carro minha cabeça não para . A única vez que eu ouvi esse tom de voz na minha irmã foi quando ela quebrou o braço no 4° ano . Então sei que tem algo errado .
Entro pela porta da minha casa e encontro minha irmã deitada sobre uma poça de sangue . E em dois segundos tenho tantas lembranças ..... Percebo que o sangue está vindo da sua parte íntima . Minha irmã se contorce e urra de dor . Fico sem saber o que fazer , eu sou médica , mas , quando se trata da minha irmã .... Não consigo , não consigo nem olhar para ela assim .
- Calma , calma . Eu estou aqui . A ajuda já está chegando . Você vai ficar bem . Eu tô aqui - Lágrimas escorrem pelo meu rosto . Lembrando da última vez que eu tive que dizer isso .
- Está doendo - Ela sussurra - Está doendo !
- Eu sei , Eu sei , meu amor . Vai passar , eu prometo pra você , ok ? - Nesse momento a ambulância chega me fazendo ficar um pouco aliviada
- Vai passar - Repito , na esperança de acalmar minha irmã .
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Estou sentada na cadeira do hospital ao lado de Martin , que se recusou a ir embora enquanto não soubesse que ela tinha ficado bem , se fosse em outra ocasião eu acharia isso fofo , mas , não consigo sentir nada a mais que preocupação , minha irmã ainda está sedada por causa da cirurgia de emergência que teve que fazer . Cirurgia essa que demorou 3h , me fazendo enlouquecer nessas horas .
- Sofia ? - Minha irmã sussurra , acordando da anestesia .
- Oi , maninha - Digo , indo de encontro à cadeira dela - Está tudo bem , você está no hospital , teve que fazer uma cirurgia , mas está tudo bem agora .
- Não dói mais .
- E não vai doer mais . Você está com morfina , que é um medicamento para dor forte , então está tudo bem... - Os médicos entram no quarto me interrompendo .
- Olá ! Boa noite . Nós viemos informar sobre a cirurgia ! - Aceno com a cabeça , indicando que eles continuem - Quando a abrimos , descobrimos a causa do sangramento e da dor . Um tumor que fez o colo do seu útero se desfazer , causando os sintomas . A notícia boa é que conseguimos remover todo o tumor , mas , ele estava avançado , então tivemos que remover o útero junto . Eu sinto muito .
Minha irmã olha para mim com a mesma cara que fez quando eu tive que contar sobre a morte da mamãe , e pergunta - Ele quer dizer que eu não posso mais ter filhos , é isso que ele quer dizer ?
- Eles tiraram o tumor , isso é bom , manin....
- É isso que ele quer dizer ? - Não respondo , pois , não consigo - É ISSO ?
- É . É isso - Respondo com lágrimas escorrendo pelo meu rosto .
- Ai meu Deus . AI MEU DEUS - Minha irmã grita em prantos - AI MEU DEUS .
Martin massageia minhas costas para me acalmar , mas ninguém pode fazer nada agora . Nada
Ela desmorona no meu abraço e chora como eu nunca a vi chorar .
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
