WILLAND - Parte II

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WILLAND – Parte II

Uma frota de doze embarcações fortemente equipadas repletas de homens altamente capacitados zarpou confiante rumo à Dark-Island, mas os temores do capitão Ralphy foram logo justificados. Apesar de resistir ao forte sacolejo, que ondas de um mar em forte agitação castigavam as embarcações, os homens tiveram que lutar bravamente para evitar as gigantescas podarcis que de surpresa emergiam das águas em proximidade da costa para desestabilizar as embarcações, deixando os homens cair em mar para depois devorá-los impiedosamente.

Apesar da heroica resistência oferecida, a frota acabou se esfacelando contra os rochedos afundando de consequência. Poucos homens conseguiram alcançar as areias da praia para serem abocanhados pelas vorazes podarcis. Somente um punhado de marinheiros conseguiu a nado alcançar outras embarcações ancoradas pouco distante e encontrar assim a salvação.

A notícia da desastrosa incursão deixou Wilfred atônito, desesperado pelas graves perdas subidas.

− Qual celerada façanha ousou promover durante a minha ausência? – sentenciou Wiki.

− Nada que um soberano em sã consciência pudesse fazer! – respondeu Wilfred.

− Está ficando arrogante Wilfred. Não é este o rei que conheço.

− Então diga logo o que posso fazer antes de sucumbir miseravelmente.

Wiki aproximou-se de Wilfred e sentou aos pés do soberano.

− Não vamos fazer nada! Vamos só esperar.

− Ah! Esta é boa. Eu não estou lhe pagando para ouvir isso, não!

− Cale a boca Wilfred!

Quinze minutos de surreal silêncio e a porta do quarto se abriu. Um imberbe, franzino, loiro, sem nenhum pelo no rosto, entrou na sala do trono despretensiosamente.

− Ele! ... É ele! – apontou Wiki.

− Perdão majestade, pensei não ter ninguém por aqui! – referiu o garoto.

− É ele majestade, o único que pode resolver o seu problema – sentenciou Wiki.

− O que está falando bruxa envenenada. É somente um garoto apenas desfraldado!

− Se não aceita o meu conselho, não vejo por que tenho que ficar por aqui ainda.

− Pare, aonde vai! Explique-se danada!

Wiki explicou o seu plano ao pé do ouvido de um rei atônito.

− E vai dar certo? – inquiriu Wilfred.

Wiki anuiu segurando o garoto pelos ombros aproximando-o mais de Wilfred.

− Qual é o seu nome jovem? – inquiriu Wilfred.

− Keefe ... Keefe é o meu nome – gaguejou o garoto.

− Que os deuses me perdoem jovem, mas o seu rei necessita das suas habilidades!

− Habilidades? Não, não, não! Sou apenas um criado para a limpeza dos quartos ...

− Venha meu jovem, vou lhe dizer tudo tintim por tintim. − comentou Wiki.

Dez dias se passaram e o garoto estava pronto para a sua primeira missão, enquanto Wilfred contorcendo-se de dor estava perdendo a sua lucidez. Inspirado pelos conselhos e o constante adestramento de Wiki, o garoto apresentou-se ao rei para receber a missão. Debilitado, o rei teve apenas a força de promover uma investidura a cavaleiro antes de dobrar os joelhos e rolar no chão.

− Cadê a sua espada meu jovem? – perguntou tremulante Wilfred.

− Nunca a tive majestade!

− Então pegue a minha, leve-a com orgulho e a traga de volta com honra!

− Majestade eu não sou o mais indicado para este tipo de missão ...

Wilfred despachou o garoto com simples movimentos da mão direita, tossindo.

Keefe entendeu a gravidade da situação e decidiu partir imediatamente, após ter recebido da Wiki uma capa cor de areia e uma luva de aço para a sua mão direita, juntamente com instruções bem precisas.

− Vai conseguir? – perguntou Wilfred enfraquecido.

− Somente a pureza de um jovem pode contrastar a maldade de Heike. Confie majestade e a cabeça daquela amaldiçoada vai balançar no mastro mais alto!

A bordo de uma potente embarcação, Keefe alcançou as águas perversas de Dark-Island.

− Daqui para frente estará sozinho, jovem! Desejo-te fortuna! – expressou-se o capitão da embarcação, saudando-o batendo a própria mão a punho no seu peito.

− Capitão, sou apenas um garoto! Não poderia mandar um outro no meu lugar?

− Você é um cavaleiro do rei agora, faça honra à espada que carrega!

Keefe largado a bordo de uma pequena embarcação de pescadores, auxiliado por remos, dirigiu-se sozinho rumo à ilha, estremecendo de medo.

O mar em tempestade sacudia fortemente o pequeno barco e as ondas o castigavam perigosamente, coração na garganta, seguia em frente driblando as ondas mais perigosas. Batendo com o remo a cabeça das podarcis à pelo d'água, tentava afugentá-las sem sucesso. Acabou desistindo e voltando para trás.

− Não seja covarde garoto! Vá em frente! – ordenou o capitão do navio.

− Piedade, estou com medo, capitão! – suplicou Keefe.

Incentivado pelos gritos de todos os marinheiros e pela força de uma potente onda acabou sendo arremessado nas areias da ilha. Ainda com tontura, apavorou-se quando a boca de uma gigantesca podarcis estava prestes a abocanhá-lo. Keefe brandiu a espada e transpassou a cabeça daquele monstro que acabou caindo de peso sobre ele. Desesperado pelo feito inédito encontrou a coragem de se livrar daquele peso e para evitar que outras feras fizessem dele o almoço do dia, acobertou-se com a capa que o deixou invisível aos olhos dos monstros. 

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