a menina e o raposo

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Era só mais um dia normal, flores se desabrocharam, pássaros cantavam, as abelhas


coletavam pólen das flores e o que eu estava fazendo, bem... estava me divertindo com os

humanos. Roubando suas galinhas, comendo os cachos de uvas. Minha vida era plena, mas

seria bom ter alguém por perto para fazer isso, alguém para compartilhar a diversão, mas

como diria o meu velho avô, não confie em ninguém, somos raposas, nós passamos a perna,

não caímos nela.

Ninguém confiava em mim, bem... acho que isso quer dizer trabalho bem feito.

Eu vivia debaixo de uma árvore, um Figueiro para ser mais exato. Não era lá essas coisas,

mas era o meu lar. A única pessoa que conversava era um pássaro idiota chamado Carlos.

Mas dependendo da época do ano ele some por uns tempos, então eu ficava sozinho a maior

parte do ano.

Certo dia, eu tinha saído em direção ao riacho. E quando eu voltei tinha uma garota de vestido amarelo, com botas vermelhas, pulando nas folhas caídas e rindo perto da minha casa, fiquei atrás das moitas esperando ela ir embora, ela ficou lá por muito tempo que eu até dormi de tanto esperar, e quando eu abri os olhos, ela estava me encarando. Eu logo falei...

- ta me olhando porque nunca viu um raposo que nem eu?

Ela, espantada por eu falar, responde.

- Você fala? Meu cachorro nunca falou comigo.

- Talvez ele não tenha cérebro o suficiente para poder falar com você?

- Não seja tão mal, ele é um ótimo amigo e é leal a mim.

- Ah é? Então quando ele estiver comendo, coloque a sua mão perto da comida dele.

Vamos ver se ele é mesmo leal?

Ela ficou injuriada pelo o que eu disse e fechou a cara.

- Pois bem, você está na minha casa, então por favor suma daqui.

- Tá bom, amanhã a gente se vê, mas qual é seu nome?

- Epil. - nos meus pensamentos. "Nossa que garota chata, se ela voltar aqui de novo,

vou meter lhe a mordida."

- Ah, meu nome é Lili.

No outro dia, de manhã cedo acordo com gotas d'água no meu rosto, era aquela menina de novo. Ela tinha um cacho de uvas em suas mãos e quando ela se distraiu, eu comi todas em uma só bocada. Ela ficou lá o dia inteiro brincando com as folhas e me fazendo perguntas irritantes.

- Senhor Epil, me conta uma história.

- Tá bom, era uma vez uma porca, a porca morreu acabou a história.

- Nossa essa história é horrível.

- Fazer o que, eu só sei dessa história.

E foi assim, dia após dia, semana após semana, ano após ano. Eu não esperava ficar amigo

de uma humana, mas ela é diferente. Eu ria quando ela fazia alguma bobagem, ela sorria

quando eu contava uma história sem graça, ou quando nos metia em encrenca na fazenda

do seu pai. eu não sei o que eu tinha, mas eu gostava daquela humana.

Certo dia ela veio toda triste, e perguntei o porquê ela estava triste.

- Por que essa carinha triste?
- Eu vou embora Epil. - ela falou

- Porque você vai embora? - perguntei
- Preciso sair daqui, começar a viver de verdade e não ficar perambulando pela floresta

como uma criança. Espero que você entenda. - Nesse momento ela começou a

chorar.

- Eu entendo, espero que você seja feliz, seja qual for a sua decisão.

- Tchau Epil, meu velho amigo.

Eu vi ela partir, a única amiga que eu tive, foi embora.

- Isso é sério Epil. Carlos tinha voltado.

- O que foi Carlos?

- Cara eu vi como vocês dois conversavam. corre atrás dela, fique com ela pelo resto

da sua vida.

- Não!

- Por que não?

- isso ela tem que fazer sozinha, ela precisa se descobrir.Eu nunca pensei que teria

uma amizade assim, eu nunca pensei que alguém ia acreditar em um raposo. Além

do mais, amizade vem e vai sempre na minha vida, lembra eu sou um raposo, não

exalo muita confiança. Por mais que eu queira ajudá-la a passar por isso, por mais

que eu a amo, tenho que deixar ela ir. Eu vou lembrar dela cada dia da minha vida.

Dos dias em que sorrimos juntos. E quando ela se descobrir e quiser voltar, vou estar

esperando por ela, bem aqui debaixo desse Figueiro.
E esperei por ela até que um dia eu fui dormir e não acordei mais...

Fim...

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