Chapter Two

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"Olhos que olham são comuns, olhos que veem são raros.
J. Oswald Sanders.

TW: Ataque de ansiedade.

Eu nunca quis sair de Doncaster, ou ter uma vida nova, uma escola nova, uma casa nova, conhecer pessoas, eu não gosto disso, mas às vezes devemos fazer pequenos sacrifícios para as pessoas que amamos, pois eu sei que se eu dissesse para a minha mãe que não queria ir para Londres eu tenho certeza que ela daria meia volta com o carro e voltaríamos agora que estamos a duas horas de londres, mas, eu estou fazendo isso por que é o melhor que meus irmãos e eu podemos fazer por ela, depois de tudo que ela fez por nós.

Meus últimos dias em Doncaster foram inesquecíveis, eu passei muito tempo com minha família o que ocasionou de ficarmos cada vez mais próximos, peguei a polaroid da minha irmã e comecei a fotografar cada coisa importante que acontecia. Nessas férias eu dancei, brinquei, pulei, joguei Futebol, fui em uma festa, gritei, entrei de penetra em um bar, bebi pela primeira vez, fiz coisas que nunca havia feito antes, olhei filmes, olhei séries, li livros, fui em um parque de diversões, tomei banho de chuva, fiquei gripado, fui parar no hospital, fui voluntário no Hospital, ouvi novas músicas, aprendi francês, dormi muito, fumei, aprendi a dirigir, gritei com um policial, fui preso, aprendi a tocar piano. Nessas férias eu vivi o que eu não fazia a muito tempo, acho que eu me permitir ser feliz porque sentia que alguém estava ali cuidando de mim, mesmo sem estar.

Mas nada é para sempre e eu voltei para a minha realidade moribunda.

Não me arrependo de nada, nada mesmo, tudo ficará guardado em minha cabeça para sempre, a melhor ferias de todas, mas, agora a realidade vinha a tona, eu estava me mudando para Londres, amanhã já será meu primeiro dia de aula, ire ter uma casa nova, vizinhos novos, e se as pessoas não gostarem de mim? e se eu não for bem na escola? e se os vizinhos forem velhos rabugentos? e se o bairro for perigoso? e se eu não for legal? Eu não sou uma pessoa que tem muitos assuntos para conversar, não sou interessante, ninguém vai gostar de mim, eu sou continuar sendo o irmão da Fizzy.

As vezes meus pensamentos eram demais até para mim. Sinto uma mão em minha perna, fazendo eu parar de balançar-lá.

- Vai ficar tudo bem. - Minha mãe disse e sorri, um sorriso reconfortante e eu acreditei, acreditei mesmo, porque oras, minha mãe não mente.

Tento me distrair, meus irmãos estão todos adormecidos no banco de trás do carro, Lottie, Doris e Fizzy nos primeiros bancos e Daisy, Phoebe e Ernest nos últimos bancos, seria uma boa mudança para essas crianças, Mark, meu padrasto - que eu considerava mais como pai - faleceu a pouco mais de um ano, foi uma grande perda para todos nós, ainda mais do jeito que foi.

- Vem filhão, a mamãe quer que a gente vá no mercado. - Mark me chamou da porta do meu quarto, eu sorri em resposta, amava quando ele me chamava de filhão.

- Claro, papai. - Nós descemos juntos as escadas e fomos em direção a porta que ficava de frente para as escadas.

- Mark, não esqueça dos ovos, você sempre esquece - Mamãe grita da cozinha.

- Tua mãe, meu filho, que nunca me diz pra comprar ovos e depois a culpa é minha - Papai reclama indo comigo em direção a nossa Range Rover preta.

- Olha que ela escura e vem aqui com uma colher da pau.

- Nem brinca com isso, Lou. - O mais velho se acomodou no banco dele e eu no meu.

- Papai, põe o cinto de segurança - Pedi enquanto botava o meu. Pai sempre teve um sério problema com cinto de segurança, era aquela legítima frase não vai acontecer comigo até acontecer.

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