Prólogo

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               Alguns anos atrás.

- Jisoo! - Minha mãe gritou da cozinha. - Atenda a mesa sete, filha. Seu pai está ocupado colocando as mercadorias para dentro.

Eu aceno em resposta e fecho o livro que estava lendo. É um romance coreano longe da nossa realidade. Foi escrito por um antigo estudante da nossa escola, ele escreveu tão bem que o bibliotecário adora se gabar; e a obra nem é dele.

Mas devo admitir, a história é ótima, e os personagens interessantes. Espero que esse aluno, tenha conseguido tornar-se um escritor. Eu adoraria ler mais de seus trabalhos.

- Boa tarde, o senhor já escolheu? - Perguntei assim que cheguei à mesa. Esperei sua resposta enquanto pegava meu caderninho. O homem ainda permanecia de cabeça baixa e usava um boné preto. Seus dedos tamborilavam na mesa e tenho certeza de que ele lia atentamente o cardápio.

- Eu vou querer um café. - Soltei um riso frustrado. Ele especionou minuciosamente nosso cardapio para pedir apenas um café? Eu esperava, no máximo, uns três pratos de tteokbokki.

O homem deve ter escutado minha reação, a qual, eu jurei guardar apenas para mim.

Ele levantou o rosto, e Deus... Eu perdi a fala, sinto até minhas pernas ficarem bambas por um minuto. O cara era lindo, e digo, lindo mesmo. Ele não era apenas um rostinho normal, parecia mais um Deus grego. Foi difícil não me sentir assim, mas eu estava apaixonada.

E fazendo papel de boba, estática há uns... sei lá quantos minutos.

- Certo. Um café.

Eu apenas saí e andei rapidamente para cozinha. Enquanto preparava seu café, não pude deixar de notar seu olhar focado no notebook em sua frente.

O café ficou pronto, e eu agarrei meu pequeno caderno e me dirigi até ele.

- Aqui está.

- Obrigado. - Ele olhou-me rapidamente ao agradecer. E então, quando eu estava prestes a sair, ele me chamou. Seus olhos presos no caderno em minhas mãos.

- Onde você conseguiu isso?

Olhei para onde seu queixo apontou e vi que não peguei meu caderninho de anotações, mas sim, o livro do escritor estudante.

- Este livro?

- Sim.

- Ah, isso... eu encontrei na biblioteca da escola onde estudo.

Ele assentiu e continuou encarando o pequeno livro.

- Você já o leu? - perguntei e isso o fez olhar diretamente para mim. Buda misericordioso, ele não poderia ser mais bonito.

- Eu já o fiz.

- Sério? Eu adoro este livro! É a segunda vez que o empresto para ler.

O rosto dele se iluminou em um pequeno sorriso.

- Você gosta tanto assim?

Eu assenti veementemente.

- Sim, estou falando sério.  A história é perfeita, e os protagonistas são um máximo.

- Uau. É a primeira vez que vejo alguém falar assim desse livro.

- Certamente, o senhor frequenta os lugares errados. Na minha escola, todos os alunos gostam e brigam para consegui-lo. - sorri vitoriosa. - Dessa vez, eu levei a melhor.

- Não sou tão velho para ser chamado de senhor. - retrucou.

- Bom, isso é respeito.

- Certo, mas você pode me chamar pelo meu nome.

Ele estendeu a mão:

- Eu me chamo, Hae in. Jung Hae in.

- Ah, eu me chamo Ji... espera um pouco. - o mesmo nome grafado na capa do livro. - Você escreveu este livro?

Ele assentiu meio envergonhado por sua mão ainda estar pairando no ar.

- Ah, certo. - retribui o ato. - Meu nome é Jisoo.

- Jisoo. - Jung Hae in repetiu e borboletas voaram em meu estômago pelo fato de meu autor favorito dizê-las.

- Nem acredito. Você o escreveu? Daebaak. É como estar conhecendo uma celebridade.

- Eu me sinto assim. Nunca conheci ninguém que gostasse do meu livro. Até você.

- Isso é piada, né? Seu livro é incrível.

- Obrigado. Suas palavras me deixaram muito feliz. - Haein olhou para mim e então para cadeira vazia na frente. - Sente-se. Claro, se isso não for atrapalhá-la. Eu realmente quero sentir a sensação de conversar com alguém que gosta do meu trabalho.

Sorri com o convite e fitei o nosso pequeno restaurante. Não tinha muita gente e todas as pessoas ali presentes já haviam sido atendidas. Eu aceitei seu pedido e conversamos por alguns minutos sobre seu projeto, até minha mãe me chamar novamente.

Meses depois, a presença de Haein tornou-se habitual em nosso restaurante. Todos os dias ele aparecia, e todos os dias conversávamos. Ele me pedia conselhos para a história na qual estava trabalhando e me dava alguns conselhos também. Aos poucos, nos tornamos melhores amigos, e eu, me tornei a primeira fã do meu melhor amigo.

Caindo no amorOnde histórias criam vida. Descubra agora