1. You.

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Alyson Parker

Atlanta, Geórgia. 01:44AM


O barulho alto dos homens no andar de baixo ecoavam por todo o meu quarto, me virei na cama na tentativa de pegar no sono mas não obtive sucesso. Eu já estava nessa situação por mais de uma hora, rolando na cama sem conseguir pregar os olhos. Encarei o teto do cômodo tediosamente e bufei. Meu pai tinha uma cassino clandestino que funcionava no porão da nossa casa, todas as noites a casa ficava lotada de homens sedentos por uma grana fácil e nos fins de semana o movimento parecia triplicar. Meu pai sabia do risco que estava correndo em manter um negócio ilegal e parecia não dar a mínima. Isso me deixa extremamente irritada, ele sabe muito bem o que eu penso sobre o assunto mas insiste em dizer que é a nossa única forma de sobreviver. Ele está desempregado e sustenta esse cassino para tentar nos manter. Minha mãe nos abandonou quando eu tinha somente 4 anos, desde então não tivemos nenhum sinal dela. Eu sentia sua falta e não entendia o porquê dela ter feito isso. 

Com o passar do tempo somente a renda do meu pai não dava para pagar as contas, comprar comida e pagar meus estudos, então faz dois anos que eu larguei  a faculdade para começar a trabalhar em uma lanchonete como garçonete. No começo não foi fácil abrir mão de tudo isso, a faculdade de enfermagem era o meu sonho, ser enfermeira era a profissão dos meus sonhos mas infelizmente eu tive que deixá-la para segundo plano mas ainda tenho esperança de que um dia eu volte a estudar, possa concluir o curso e ajudar as pessoas.

— Alyson! -meu pai invadiu o quarto um tanto eufórico, desconectando-me dos meus pensamentos.

— Sim? -o olhei curiosa e me ajeitei na cama encostando minhas costas na cabeceira.

—Eu...-sua voz embargada pelo choro me fez levantar da cama preocupada e ir até ele rapidamente. —Eu sinto muito meu amor, me perdoa, eu não queria fazer isso mas eu não tive escolha. -ele falava desesperadamente começando a me assustar.

—Pai o que está acontecendo? Perdoá-lo? Pelo que? -o puxei pela mão para dentro do quarto e fechei a porta atrás de si.

—Nós perdemos tudo filha, eu apostei tudo, nosso dinheiro, nossa casa, tudo que eu tinha. -pude notar algumas lágrimas começando a se acumular no canto de seus olhos. Ainda tentando processar suas palavras o abracei sem pensar duas vezes. Ele retribuiu o abraço e então desabou. Meu pai estava ali, diante de mim, abraçado a mim, chorando como um bebê e eu não podia fazer nada para ajudá-lo. Me senti completamente inútil.

—Pai por favor, não chore. -pude sentir um bolo se formar em minha garganta, eu estava prestes a chorar também. —Eu posso trabalhar em dois turnos, eu tenho algumas economias guardadas, podemos procurar algum lugar para morar temporariamente. -me desvencilhei de seus braços e falava rapidamente enquanto o encarava com lágrimas nos olhos.

Estúpido cassino!

—Filha você não entende. -me interrompeu. —Eu fui um covarde, eu apostei algo que eu nunca deveria ter apostado, eu espero que um dia você me perdoe, Alyson. -dizia entre soluços enquanto derramava mais lágrimas. A este ponto eu não estava entendendo mais nada do que ele falava.

—Pai, eu preciso que o senhor se acalme e me explique o que está acontecendo. -ele negou com a cabeça em um ato desesperado me fazendo suspirar ainda mais preocupada. —Eu te perdoo por ter apostado nossa casa, já disse que vamos dar um jeito. -segurei suas mãos e dei um beijo rápido no dorso de uma delas.

—Céus Alyson, antes fosse somente a casa, você nunca irá me perdoar por isso. -soltei suas mãos e franzi o cenho completamente confusa.

—Então o que mais foi apostado que é tão imperdoável? Não consigo pensar em nada.0 -ele enxugou algumas de suas lágrimas na sua camiseta surrada, ergueu o rosto e sussurrou olhando nos meus olhos.

—Você.

Decisive game. |J.B|Onde histórias criam vida. Descubra agora