04. Leave us.

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Alyson Parker

Atlanta, Geórgia. 09:26PM

 A loira havia dito que seu nome é Clarice e passou praticamente o dia inteiro cuidando das minhas unhas, cabelo, maquiagem e roupas. Qualquer garota adoraria ter um dia de "princesa" como esse, a menos que ela estivesse sendo preparada para se prostituir, como eu. A vontade de chorar me invadia a todo momento, mas Clarice havia ameaçado chamar Eric caso eu chorasse mais uma vez. Eu estava a mercê dele. 

Tentava a todo momento não pensar que em pouco tempo eu teria a minha virgindade arrancada de mim por um desconhecido, eu teria alguém me tocando sem a minha permissão e eu não poderia fazer nada se não quisesse apanhar. Era assim que as coisas funcionavam aqui. Eu tinha medo de tudo que podia acontecer comigo daqui pra frente. Clarice foi clara ao dizer que se eu não agradasse os clientes, me recusasse a fazer o programa ou tentasse aprontar algo eu seria torturada por Eric e seus homens, e garantiu que todas as garotas que foram torturadas por ele não saíram vivas. 

Eu ainda estava no "camarim" porém tinha companhia. Dezenas de garotas entravam no local e começavam a se produzir para o "trabalho". Algumas me olhavam curiosas, com olhar de pena, outros de deboche e algumas simplesmente ignoravam como se já estivessem acostumadas com isso. Eram garotas lindas e aparentavam ter entre 18 e 25 anos. Me pergunto como elas vieram parar aqui, se seus pais tinham as apostado em um jogo ou se somente eu possuía essa desgraça na minha vida. 

Clarice mandou que eu ficasse aqui até que ela voltasse para me dizer o que fazer, então permaneci sentada no canto do camarim envolvendo meu corpo com meus próprios braços enquanto encarava o chão. Eu estava envergonhada de estar naquela situação. Clarice havia pedido para que eu vestisse um cropped preto com algumas lantejoulas e um decote que deixava quase os meus seios a mostra, usava também uma saia de couro vermelha, era de cintura alta e colada em meu corpo, minha roupa íntima era extremamente desconfortável, já que a peça era minúscula. Nos pés eu usava um salto alto preto com alguns detalhes em vermelho. Eu não me vestia assim, nunca usaria uma roupa como essa, é tão...vulgar. 

—Você deve ser a novata. -uma voz próxima me despertou dos meus pensamentos. Ergui meu rosto e encarei a garota loira que estava parada na minha frente com um pequeno sorriso de canto. —Sei que está assustada mas não se preocupe, não irei lhe fazer nada. -estendeu a mão. —Me chamo Cecilia. -receosa apertei sua mão e seu sorriso se alargou. Ela sentou em uma cadeira em frente a minha e pude notar o quanto ela era bonita. Seus fios loiros iam até a altura dos seus seios e seus olhos eram azuis. 

—Sou Alyson. Você trabalha aqui? -disse e ela assentiu soltando uma breve risada. 

—Se é que podemos chamar isso de trabalho, mas sim, estou aqui a 7 meses. -suspirou parecendo ficar triste mas logo voltou a sorrir para mim. —Sei que isso tudo é muito assustador pra você, eu já passei por isso e sei o quanto é chocante mas infelizmente uma vez dentro não tem saída. -assenti e pousei as mãos em minhas coxas.

—Como veio parar  aqui? -perguntei. 

—Eu sou da França. -arregalei os olhos, um pouco surpresa já que seu sotaque mostrava que esse não era seu idioma. —Fui chamada para fazer parte de um casting de modelos e fui enganada, quando vi já estava amarrada em um jatinho a caminho de Atlanta e sendo obrigada a trabalhar aqui. -riu sem humor. 

Decisive game. |J.B|Onde histórias criam vida. Descubra agora