4.

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A lua luzia fracamente pelas frestas da janela, iluminando sua figura em repouso embaixo das cobertas cor de rosa.

Lentamente, você despertou de seu sono profundo, as memórias do sonho se esvaindo como fumaça. Você gemeu de cansaço, suas pálpebras lutavam para permanecerem fechadas.

Erguendo-se em uma posição sentada, você arqueou as costas e levantou os braços pro teto. Seus ossos estralaram satisfatoriamente.

A sua esquerda, sobre a escrivaninha, você notou seu celular tocando, a origem de seu despertar precoce. Suas sobrancelhas se franziram de raiva, quem seria o filha da puta que te acordaria numa madrugada de domingo, você pensou para si mesma enquanto pegava o celular e atendia sem olhar o nome da chamada, pronta para berrar com alguém de madrugada.

"Ô seu filho da puta-"

"S/n!" Uma voz familiar gritou em seu ouvido, instantaneamente você identificou o interlocutor da ligação e isso só fez sua irritação aumentar ainda mais.

"Mikey, é bom que você tenha um bom motivo para me chamar às-" Você olhou de relance o horário exato para frisar bem o quanto você estava irritada.
"00 e 13 da noite de um domingo?! Já não basta eu ter ido dormir tarde ontem por sua causa."

A linha ficou em silêncio por uns segundos, otimistamente você pensou que talvez Mikey tivesse ganhado algum juízo, mas quanto mais os segundos iam se prolongado, mais tempo dava para sua consciência se sentir culpada. Talvez eu tenha sido um pouco grossa, você pensou culpada olhando pro telefone.

"S/n!!!" Abruptamente, Mikey exclamou manhosamente e toda culpa que você nutriu evaporou-se. Você conseguia imaginar o beicinho que ele estava fazendo mesmo sem ver. "Mas a gente se divertiu muito ontem a noite, você não parecia reclamar enquanto me chamava de amor e querido e docin-"

Você gritou alto para impedi-lo de continuar falando, seu rosto fervia de vergonha e um vermelhão se espalhava rapidamente pelas suas bochechas até suas orelhas.

"Tá, tá, cala boca, eu entendi." Você cortou ele com a voz trêmula de constrangimento.
"O que você quer?" Você perguntou depois de se recompor.

"Preciso que você venha aqui. Agora." A voz de Mikey havia adotado um tom exigente, típico do garoto mimado, que sempre exigia toda sua atenção. Você olhou para seu telefone entre os dedos, perplexa.

Mikey. Você suspirou. Não havia o que fazer.

"É literalmente de madrugada, meia noite. Você quer que eu saia sozinha, na rua, agora?"

Enquanto você reclamava sem parar, ao mesmo tempo já ia saindo da cama. Apoiando o telefone em uma orelha, você vagou em direção ao armário, procurando uma roupa decente. As coisas que eu lido por esse idiota, você pensou exasperada.

"Não seja boba, S/n-chan." Mikey riu baixinho no telefone, sua voz rouca de sono fazia arrepios subirem pelos seus braços, parece que não era só você com sono, você pensou. "Estou aqui na frente."

Você fez uma pausa enquanto vestia a camiseta e correu rapidamente em direção a janela, abrindo-a apressadamente. Lá estava, a ruína de sua existência e o causador de suas olheiras. Mikey olhou diretamente para você de onde estava apoiado na moto em frente a sua casa, com um grande sorriso nos lábios e alegremente acenando com os braços. Você apertou com força seu telefone, sua fúria voltou a mil por hora.

Ele parece muito feliz pra alguém prestes a ser assassinado, você murmurou sombriamente enquanto desligava o telefone.

Com pressa, terminou de vestir uma roupa quente e desceu as escadas de sua casa, abrindo a porta da frente, passando pelo jardim e indo de encontro à rua.

Recheio de Amor - Sano ManjiroOnde histórias criam vida. Descubra agora